# O livro em poucas palavras Em "A Geração Ansiosa", [[Jonathan Haidt]] argumenta que a epidemia de transtornos mentais entre adolescentes, especialmente a partir do início dos anos 2010, é resultado de uma "[[Grande Reconfiguração da Infância]]". Essa reconfiguração é impulsionada por duas tendências principais: a [[Superproteção no Mundo Real]] das crianças, que as priva de experiências essenciais para o desenvolvimento de [[Antifragilidade]] e um [[Sistema imune psicológico]] robusto, e a [[Subproteção no Mundo Virtual]], que as expõe a um ambiente digital para o qual não estão preparadas. A transição de uma [[Infância Baseada em Brincadeiras]] para uma [[Infância baseada em telefones]] resultou na perda da [[Brincadeira Livre]], crucial para o desenvolvimento social e emocional. A exposição precoce e irrestrita a smartphones e ao [[Metaverso Social]] (mídias sociais) deslocou as [[Conexões do mundo real]] e a [[Sintonia]] (interações face a face) por interações assíncronas e desencarnadas. Isso prejudica o [[Aprendizado social]] e a capacidade dos adolescentes de navegar em relacionamentos complexos, levando a um aumento significativo de [[Transtornos Internalizantes]] como [[Ansiedade]], [[Depressão]] e [[Automutilação Não Suicida]], especialmente entre as meninas. As plataformas de mídia social são projetadas para serem viciantes, explorando mecanismos psicológicos como o [[Viés de conformidade]] e o [[Viés de Prestígio]], e utilizando o [[Modelo Hooked (Design Comportamental)]] para capturar a [[Atenção (cognitiva)]] e manipular os circuitos de [[Dopamina]]. Isso gera um alto [[Custo de oportunidade]], desviando tempo de atividades benéficas como sono e interação social presencial. Para as meninas, a comparação social visual e a agressão relacional são amplificadas, e o contagio social de transtornos é facilitada. Para os meninos, o problema se manifesta mais na retirada do mundo real, levando a fenômenos como [[Hikikomori]] e de pessoas [[Nem em Educação, Emprego ou Formação]], com o tempo sendo consumido por videogames e pornografia. Para reverter essa crise, Haidt propõe [[Quatro Reformas Fundamentais para Combater a Grande Reconfiguração]]: atrasar o acesso a smartphones até o ensino médio, proibir mídias sociais antes dos 16 anos, implementar escolas sem telefones e promover muito mais [[Brincadeira Livre]] e independência na infância. Ele enfatiza a necessidade de superar os [[Problemas de Ação Coletiva]] através de coordenação parental, mudanças nas normas sociais e regulamentações governamentais, como o [[Código de Design Apropriado para a Idade]] e o fortalecimento da [[Lei de Proteção à Privacidade Online das Crianças]], para criar um ambiente digital mais seguro e uma infância mais saudável. # Como esse livro me marcou Li este livro devido ao meu interesse crescente em compreender melhor o impacto das redes sociais na vidas das pessoas. É interessante perceber como [Jonathan Haidt](obsidian://open?file=01%20-%20Notas%20de%20refer%C3%AAncia%2FPessoas%2FJonathan%20Haidt.md) apresenta a ideia da [Grande Reconfiguração da Infância](obsidian://open?file=Sementes%2FGrande%20Reconfigura%C3%A7%C3%A3o%20da%20Inf%C3%A2ncia.md), na qual mudanças significativas na forma como interagimos uns com os outros foi profundamente alterada pela dinâmica das redes sociais. Acredito que as redes sociais trouxeram um grande paradoxo a tona: de um lado maior liberdade de comunicação e interação entre as pessoas e de outro um maior isolamento, comparação desproporcional e polarização. Neste sentido, é interessante ver a proposta de [Jonathan Haidt](obsidian://open?file=01%20-%20Notas%20de%20refer%C3%AAncia%2FPessoas%2FJonathan%20Haidt.md) para mitigar problemas advindos do modelo de negócios das redes sociais, sendo eles: atrasar o acesso a smartphones até o ensino médio, proibir mídias sociais antes dos 16 anos, implementar escolas sem telefones e promover muito mais [Brincadeira Livre](obsidian://open?file=Sementes%2FBrincadeira%20Livre.md) e independência na infância. Um outro ponto fundamental é entender que as [Conexões do mundo real](obsidian://open?file=Sementes%2FConex%C3%B5es%20do%20mundo%20real.md) são muito mais saudáveis, em geral claro, do que as [Conexões no mundo virtual](obsidian://open?file=Sementes%2FConex%C3%B5es%20no%20mundo%20virtual.md). Além disso, precisamos diminuir a nossa visão de que o mundo real deve ser superprotegido enquanto deixamos livre o mundo virtual. Por fim, um ponto de destaque é o [Modelo Hooked (Design Comportamental)](obsidian://open?file=Sementes%2FModelo%20Hooked%20\(Design%20Comportamental\).md), no qual temos um ciclo de design comportamental que visa criar hábitos nos usuários, composto por quatro passos: Gatilho; Ação; Recompensa Variável; e Investimento. Esse ciclo faz com que as redes sociais sejam altamente viciantes e ao mesmo tempo é o que estrutura a base do modelo de negócios das redes. Precisamos quebrar este ciclo o quanto antes. # Notas - [[Grande Reconfiguração da Infância]] - [[Conexões do mundo real]] - [[Conexões no mundo virtual]] - [[Superproteção no Mundo Real]] - [[Subproteção no Mundo Virtual]] - [[Quatro Reformas Fundamentais para Combater a Grande Reconfiguração]] - [[Transtornos Internalizantes]] - [[Transtornos Externalizantes]] - [[Ansiedade]] - [[Depressão]] - [[Automutilação Não Suicida]] - [[Metaverso Social]] - [[Infância Baseada em Brincadeiras]] - [[Infância baseada em telefones]] - [[Brincadeira Livre]] - [[Sintonia]] - [[Aprendizado social]] - [[Viés de conformidade]] - [[Viés de Prestígio]] - [[Desenvolvimento expectante de experiência]] - [[Períodos Sensíveis]] - [[Sistema de Ativação Comportamental]] - [[Sistema de Inibição Comportamental]] - [[Antifragilidade]] - [[Sistema imune psicológico]] - [[Segurançismo]] - [[Sistema de apego]] - [[Mielinização]] - [[Estresse crônico]] - [[Estresse agudo]] - [[Ritos de passagem]] - [[Caracteristicas de redes sociais]] - [[Custo de oportunidade]] - [[Atenção (cognitiva)]] - [[Dopamina]] - [[Modelo Hooked (Design Comportamental)]] - [[Nem em Educação, Emprego ou Formação]] - [[Hikikomori]] - [[Anomia]] - [[Rede de modo padrão]] - [[Seleção multinível]] - [[Problemas de Ação Coletiva]] - [[Código de Design Apropriado para a Idade]] - [[Lei de Proteção à Privacidade Online das Crianças]] - [[Divisão Digital]] # Meus 3 destaques favoritos - As plataformas de mídia social baseadas em prestígio hackearam um dos mecanismos de aprendizado mais importantes para adolescentes, desviando seu tempo, atenção e comportamento de cópia de uma variedade de modelos com os quais poderiam desenvolver um relacionamento de mentoria que os ajudaria a ter sucesso em suas comunidades do mundo real. _Página: 61_ - Não existe uma maneira certa de ser pai; não existe um projeto para construir um filho perfeito. No entanto, é útil ter em mente algumas características gerais da infância humana: As crianças são antifrágeis e, portanto, se beneficiam de brincadeiras arriscadas, juntamente com uma base segura, que as ajuda a mudar para o modo de descoberta. Uma infância baseada em brincadeiras é mais provável de fazer isso do que uma infância baseada em telefones. _Página: 93 - Precisamos desenvolver um mapa mental mais nuançado do cenário digital. Mídias sociais não são sinônimo de internet, smartphones não são equivalentes a computadores de mesa ou laptops, PacMan não é World of Warcraft, e a versão de 2006 do Facebook não é a versão de 2024 do TikTok. _Página: 138_ # Todos os Destaques ## Introdução: Crescendo em Marte - Nenhuma empresa poderia tirar nossos filhos e colocá-los em perigo sem o nosso consentimento, ou enfrentariam enormes responsabilidades. Certo? _Página: 2_ - A declaração inicial sobre uma empresa que quer enviar nossos filhos para Marte é interessante e reveladora. _Página: 2_ - Muitos pais ficaram aliviados ao descobrir que um smartphone ou tablet poderia manter uma criança felizmente engajada e quieta por horas. Isso era seguro? Ninguém sabia, mas como todo mundo estava fazendo, todos simplesmente presumiram que deveria estar tudo bem. _Página: 3_ - Quando confrontados com crescentes evidências de que seus produtos estavam prejudicando jovens, eles se engajaram principalmente em negação, ofuscação e campanhas de relações públicas. _Página: 3_ - Ao projetar uma enxurrada de conteúdo viciante que entrava pelos olhos e ouvidos das crianças, e ao deslocar a brincadeira física e a socialização presencial, essas empresas reconfiguraram a infância e mudaram o desenvolvimento humano em uma escala quase inimaginável. _Página: 3_ - Lei de Proteção à Privacidade Online das Crianças (COPPA), promulgada em 1998. Ela exige que crianças menores de 13 anos obtenham consentimento dos pais antes de poderem assinar um contrato com uma empresa (os termos de serviço) para ceder seus dados e alguns de seus direitos ao abrir uma conta. _Página: 4_ - Mas a redação da lei não exige que as empresas verifiquem as idades; desde que uma criança marque uma caixa para afirmar que tem idade suficiente (ou coloque a data de nascimento falsa correta), ela pode ir a quase qualquer lugar na internet sem o conhecimento ou consentimento dos pais. _Página: 4_ - A maioria de nós ficaria feliz em viver em um mundo sem tabaco, mas as mídias sociais são muito mais valiosas, úteis e até amadas por muitos adultos. Alguns adultos têm problemas com vício em mídias sociais e outras atividades online, mas, assim como com tabaco, álcool ou jogos de azar, geralmente deixamos que eles tomem suas próprias decisões. _Página: 5_ - A Geração Z se tornou a primeira geração na história a passar pela puberdade com um portal nos bolsos que os chamava para longe das pessoas próximas e para um universo alternativo que era emocionante, viciante, instável e — como mostrarei — inadequado para crianças e adolescentes. _Página: 6_ - Os membros da Geração Z são, portanto, os sujeitos de teste para uma nova e radical forma de crescer, longe das interações do mundo real de pequenas comunidades nas quais os humanos evoluíram. Chame isso de Grande Reconfiguração da Infância. É como se eles se tornassem a primeira geração a crescer em Marte. _Página: 6_ - Há uma segunda linha de enredo aqui: a mudança bem-intencionada e desastrosa em direção à superproteção das crianças e à restrição de sua autonomia no mundo real. _Página: 7_ - Crianças: 0 a 12 anos. Adolescentes: 10 a 20 anos. Jovens: 13 a 19 anos. Menores: Todos com menos de 18 anos. Também usarei a palavra "crianças" às vezes, porque soa menos formal e técnica do que "menores". _Página: 8_ - Assim, mesmo enquanto os pais trabalhavam para eliminar riscos e liberdade no mundo real, eles geralmente, e muitas vezes sem saber, concediam total independência no mundo virtual, em parte porque a maioria achava difícil entender o que estava acontecendo lá, muito menos saber o que restringir ou como restringir. _Página: 8_ - Minha afirmação central neste livro é que essas duas tendências — superproteção no mundo real e subproteção no mundo virtual — são as principais razões pelas quais as crianças nascidas depois de 1995 se tornaram a geração ansiosa. _Página: 9_ - Algumas notas sobre terminologia. Quando falo sobre o "mundo real", refiro-me a relacionamentos e interações sociais caracterizados por quatro características que têm sido típicas por milhões de anos: São corporificados, o que significa que usamos nossos corpos para nos comunicar, estamos conscientes dos corpos dos outros e respondemos aos corpos dos outros tanto consciente quanto inconscientemente. São síncronos, o que significa que estão acontecendo ao mesmo tempo, com sutis sinais de tempo e revezamento. Envolvem principalmente comunicação um-para-um ou um-para-vários, com apenas uma interação acontecendo em um dado momento. Ocorrem dentro de comunidades que têm uma alta barreira para entrada e saída, então as pessoas são fortemente motivadas a investir em relacionamentos e reparar rupturas quando elas acontecem. _Página: 9_ - Em contraste, quando falo sobre o "mundo virtual", refiro-me a relacionamentos e interações caracterizados por quatro características que têm sido típicas por apenas algumas décadas: São desencarnados, o que significa que nenhum corpo é necessário, apenas a linguagem. Os parceiros poderiam ser (e já são) inteligências artificiais (IAs). São fortemente assíncronos, acontecendo por meio de postagens e comentários baseados em texto. (Uma videochamada é diferente; é síncrona.) Envolvem um número substancial de comunicações um-para-muitos, transmitindo para uma audiência potencialmente vasta. Múltiplas interações podem estar acontecendo em paralelo. Ocorrem dentro de comunidades que têm uma baixa barreira para entrada e saída, então as pessoas podem bloquear outras ou simplesmente sair quando não estão satisfeitas. As comunidades tendem a ser de curta duração, e os relacionamentos são frequentemente descartáveis. _Página: 9_ - Quando as pessoas são criadas em uma comunidade da qual não podem escapar facilmente, elas fazem o que nossos ancestrais fizeram por milhões de anos: aprendem a gerenciar relacionamentos e a gerenciar a si mesmas e suas emoções para manter esses relacionamentos preciosos. _Página: 10_ - Os próprios estudantes começaram a exigir que as faculdades os protegessem de livros e palestrantes que os faziam sentir "inseguros". Greg pensou que as universidades estavam de alguma forma ensinando os estudantes a se engajarem em distorções cognitivas como catastrofização, pensamento preto e branco e raciocínio emocional, e que isso poderia realmente estar fazendo com que os estudantes se tornassem deprimidos e ansiosos. Em agosto de 2015, apresentamos essa ideia em um ensaio no Atlantic intitulado "The Coddling of the American Mind". _Página: 13_ - Agora, enquanto escrevo em 2023, há muito mais pesquisas — experimentais e correlacionais — mostrando que as mídias sociais prejudicam os adolescentes, especialmente as meninas que estão passando pela puberdade.[ 16] _Página: 14_ - Ao longo de muitas décadas, encontramos maneiras de proteger as crianças, permitindo que os adultos fizessem o que quisessem. Então, de repente, criamos um mundo virtual onde os adultos podiam satisfazer qualquer capricho momentâneo, mas as crianças eram deixadas quase indefesas. _Página: 14_ - Oferecerei muitas ideias para reformas na parte 4, todas visando reverter os dois grandes erros que cometemos: superproteger as crianças no mundo real (onde elas precisam aprender com vastas quantidades de experiência direta) e subprotegê-las online (onde são particularmente vulneráveis durante a puberdade). _Página: 15_ - há quatro reformas que são tão importantes, e nas quais tenho um grau de confiança tão alto, que as chamarei de fundamentais. _Página: 15_ - Nada de smartphones antes do ensino médio. Os pais devem atrasar a entrada das crianças no acesso ininterrupto à internet, dando apenas telefones básicos (telefones com aplicativos limitados e sem navegador de internet) antes do nono ano (aproximadamente 14 anos). Nada de mídias sociais antes dos 16 anos. Deixe as crianças passarem pelo período mais vulnerável do desenvolvimento cerebral antes de conectá-las a uma enxurrada de comparação social e influenciadores escolhidos por algoritmos. Escolas sem telefone. Em todas as escolas, do ensino fundamental ao médio, os alunos devem guardar seus telefones, smartwatches e quaisquer outros dispositivos pessoais que possam enviar ou receber mensagens de texto em armários de telefone ou bolsas trancadas durante o dia escolar. Essa é a única maneira de liberar a atenção deles uns para os outros e para seus professores. Muito mais brincadeiras sem supervisão e independência na infância. Essa é a maneira como as crianças desenvolvem naturalmente habilidades sociais, superam a ansiedade e se tornam jovens adultos autônomos. _Página: 15_ - Este livro não é apenas para pais, professores e outros que cuidam ou se preocupam com crianças. É para qualquer pessoa que queira entender como a mais rápida reconfiguração das relações humanas e da consciência na história da humanidade tornou mais difícil para todos nós pensar, focar, esquecer-nos o suficiente para nos preocuparmos com os outros e construir relacionamentos próximos. _Página: 17_ ## Parte 1: Uma Onda Gigante - Uma é a história do "conflito constante": os pais tentam estabelecer regras e impor limites, mas há tantos dispositivos, tantas discussões sobre por que uma regra precisa ser flexibilizada e tantas maneiras de contornar as regras, que a vida familiar passou a ser dominada por desentendimentos sobre tecnologia. _Página: 21_ - Não importa o padrão ou a gravidade de sua história, o que é comum entre os pais é a sensação de estarem presos e impotentes. A maioria dos pais não quer que seus filhos tenham uma infância baseada em telefones, mas de alguma forma o mundo se reconfigurou de modo que qualquer pai que resista está condenando seus filhos ao isolamento social. _Página: 23_ - assim, em termos relativos (a porcentagem de mudança desde 2010, que sempre usarei como linha de base), os aumentos foram semelhantes para ambos os sexos — aproximadamente 150%. Em outras palavras, a depressão tornou-se aproximadamente duas vezes e meia mais prevalente. _Página: 24_ - O que diabos aconteceu com os adolescentes no início dos anos 2010? Precisamos descobrir quem está sofrendo com o quê, começando quando. _Página: 25_ - A primeira pista é que o aumento está concentrado em transtornos relacionados à ansiedade e depressão, que são classificados juntos na categoria psiquiátrica conhecida como transtornos internalizantes. São transtornos em que uma pessoa sente forte angústia e experimenta os sintomas internamente. _Página: 25_ - Em contraste, os transtornos externalizantes são aqueles em que uma pessoa sente angústia e volta os sintomas e respostas para fora, direcionados a outras pessoas. _Página: 25_ - A ansiedade está relacionada ao medo, mas não é a mesma coisa. O manual diagnóstico de psiquiatria (DSM-5-TR) define medo como "a resposta emocional a uma ameaça iminente real ou percebida, enquanto a ansiedade é a antecipação de uma ameaça futura". _Página: 26_ - O medo é uma campainha de alarme conectada a um sistema de resposta rápida. Uma vez que a ameaça passa, o alarme para de tocar, os hormônios do estresse param de fluir e a sensação de medo diminui. _Página: 28_ - Enquanto o medo aciona o sistema de resposta completo no momento do perigo, a ansiedade aciona partes do mesmo sistema quando uma ameaça é meramente percebida como possível. _Página: 28_ - É também importante notar que nossa campainha de alarme não evoluiu apenas como uma resposta a ameaças físicas. Nossa vantagem evolutiva veio de nossos cérebros maiores e de nossa capacidade de formar grupos sociais fortes, tornando-nos, assim, particularmente sintonizados com ameaças sociais, como ser rejeitado ou envergonhado. _Página: 28_ - A ansiedade afeta a mente e o corpo de várias maneiras. Para muitos, a ansiedade é sentida no corpo como tensão ou aperto e como desconforto no abdômen e na cavidade torácica. _Página: 28_ - O segundo transtorno psicológico mais comum entre os jovens hoje é a depressão, como você pode ver na figura 1.2. _Página: 28_ - A principal categoria psiquiátrica aqui é chamada de transtorno depressivo maior (TDM). Seus dois sintomas-chave são humor deprimido (sentir-se triste, vazio, sem esperança) e perda de interesse ou prazer na maioria ou em todas as atividades. _Página: 28_ - Uma característica importante da depressão para este livro é sua ligação com os relacionamentos sociais. As pessoas são mais propensas a ficarem deprimidas quando se tornam (ou se sentem) mais socialmente desconectadas, e a depressão então as torna menos interessadas e capazes de buscar conexão social. _Página: 29_ - Uma boa maneira de fazer isso é observar as mudanças nas medidas não autorrelatadas pelos adolescentes. Por exemplo, muitos estudos mapeiam as mudanças no número de adolescentes levados para atendimento psiquiátrico de emergência, ou internados em hospitais a cada ano porque se automutilaram deliberadamente. Isso pode ser em uma tentativa de suicídio, comumente feita por overdose de medicamentos, ou no que é chamado de automutilação não suicida (NSSI), frequentemente feita por cortes sem a intenção de morrer. _Página: 30_ - Para o suicídio, as taxas são quase sempre mais altas para meninos do que para meninas nas nações ocidentais, enquanto as tentativas de suicídio e a automutilação não suicida são mais altas para meninas, como vimos acima. _Página: 32_ - Mas o emparelhamento do sofrimento autorrelatado com as mudanças comportamentais nos diz que algo grande mudou na vida dos adolescentes no início dos anos 2010, talvez começando no final dos anos 2000. _Página: 32_ - Smartphones são muito diferentes. Eles conectam você à internet 24 horas por dia, 7 dias por semana, podem executar milhões de aplicativos e rapidamente se tornaram o lar de plataformas de mídia social, que podem te enviar notificações continuamente ao longo do dia, instigando você a verificar o que todos estão dizendo e fazendo. Esse tipo de conectividade oferece poucos dos benefícios de conversar diretamente com amigos. Na verdade, para muitos jovens, é venenoso. _Página: 33_ - Essas taxas extraordinariamente altas sugerem que, mesmo quando os membros da Geração Z não estão em seus dispositivos e parecem estar fazendo algo no mundo real, como sentados em sala de aula, comendo uma refeição ou conversando com você, uma parte substancial de sua atenção está monitorando ou se preocupando (ficando ansiosa) com eventos no metaverso social. _Página: 34_ - Em 2012, muitas adolescentes teriam sentido que "todo mundo" estava ganhando um smartphone e uma conta no Instagram, e todo mundo estava se comparando com todo mundo. _Página: 35_ - Simplesmente não há como atribuir o aumento da ansiedade e depressão adolescente a qualquer evento ou tendência econômica que eu possa encontrar. Além disso, é difícil ver por que uma crise econômica teria prejudicado mais as meninas do que os meninos, e as meninas pré-adolescentes mais do que todos os outros. _Página: 37_ - Isso faz sentido, mas não é uma simples correlação que explica uma coisa. A internet e as mídias sociais são um evento/ponto no tempo, enquanto os fatores econômicos são uma série temporal. _Página: 37_ - Quando os jovens se unem em torno de uma causa política, desde a oposição à Guerra do Vietnã na década de 1960 até os períodos de pico do ativismo climático anterior nas décadas de 1970 e 1990, eles se energizam, não se desanimam ou deprimem. _Página: 37_ - As pessoas não ficam deprimidas quando enfrentam ameaças coletivamente; elas ficam deprimidas quando se sentem isoladas, solitárias ou inúteis. _Página: 38_ - Se os eventos mundiais desempenharam um papel na atual crise de saúde mental, não é porque os eventos mundiais de repente pioraram por volta de 2012; é porque os eventos mundiais estavam sendo subitamente bombeados para os cérebros dos adolescentes através de seus telefones, não como notícias, mas como postagens em mídias sociais nas quais outros jovens expressavam suas emoções sobre um mundo em colapso, emoções que são contagiosas nas mídias sociais. _Página: 38_ - Como demonstro, todos eles mostram um padrão e um momento semelhantes: algo mudou no início dos anos 2010. _Página: 39_ - A única teoria plausível que encontrei que pode explicar o declínio internacional na saúde mental dos adolescentes é a mudança súbita e massiva na tecnologia que os adolescentes estavam usando para se conectar uns com os outros. _Página: 44_ - As crianças nascidas no final dos anos 1990 foram a primeira geração na história a passar pela puberdade no mundo virtual. É como se tivéssemos enviado a Geração Z para crescer em Marte quando lhes demos smartphones no início dos anos 2010, no maior experimento não controlado que a humanidade já realizou em seus próprios filhos. _Página: 44_ ## Parte 2: O Contexto - Após a Grande Reconfiguração, no entanto, tornou-se comum que os adolescentes passassem a maior parte de suas horas acordados interagindo com um smartphone, consumindo conteúdo de estranhos e amigos, jogando jogos para celular, assistindo a vídeos e postando em mídias sociais. _Página: 50_ - isso não é verdade para todo mundo hoje em dia? _Página: 50_ - Mas as crianças humanas esperam. Elas crescem rapidamente nos primeiros dois anos, desaceleram nos sete a dez anos seguintes e, em seguida, passam por um rápido surto de crescimento durante a puberdade antes de parar alguns anos depois. Curiosamente, o cérebro de uma criança já atinge 90% de seu tamanho total por volta dos 5 anos de idade. _Página: 50_ - A infância humana se estendeu para dar tempo às crianças para aprender. _Página: 51_ - Em outras palavras, a evolução proporcionou aos humanos uma infância prolongada que permite um longo período de aprendizado do conhecimento acumulado de sua sociedade — uma espécie de aprendizado cultural, durante a adolescência, antes que se seja visto e tratado como adulto. _Página: 51_ - Mas a evolução não apenas alongou a infância para tornar o aprendizado possível. Ela também instalou três fortes motivações para fazer coisas que tornam o aprendizado fácil e provável: motivações para o brincar livre, a sintonia e o aprendizado social. Nos dias da infância baseada em brincadeiras, a norma era que, quando a escola terminava, as crianças saíam para brincar umas com as outras, sem supervisão, de maneiras que lhes permitiam satisfazer esses motivos. Mas na transição para a infância baseada em telefones, os designers de smartphones, sistemas de videogame, mídias sociais e outras tecnologias viciantes atraíram as crianças para o mundo virtual, onde elas não obtinham mais o benefício total de agir sobre essas três motivações. _Página: 51_ - Brincar é o trabalho da infância,[ 5] e todos os jovens mamíferos têm o mesmo trabalho: Conectar seu cérebro brincando vigorosa e frequentemente. Centenas de estudos em ratos jovens, macacos e humanos mostram que jovens mamíferos querem brincar, precisam brincar e ficam social, cognitiva e emocionalmente prejudicados quando são privados de brincar. _Página: 51_ - Gray define "brincadeira livre" como "atividade livremente escolhida e dirigida pelos participantes e realizada por si mesma, não conscientemente buscada para atingir fins distintos da própria atividade". _Página: 52_ - Quando pais, professores e treinadores se envolvem, torna-se menos livre, menos divertido e menos benéfico. Os adultos geralmente não conseguem se impedir de dirigir e proteger. _Página: 52_ - Uma característica fundamental da brincadeira livre é que os erros geralmente não são muito custosos. Todo mundo é desajeitado no início, e todo mundo comete erros todos os dias. _Página: 53_ - Uma infância baseada em brincadeiras é aquela em que as crianças passam a maior parte do tempo livre brincando com amigos no mundo real, como defini na introdução: corporificado, síncrono, um-para-um ou um-para-vários, e em grupos ou comunidades onde há algum custo para entrar ou sair, para que as pessoas invistam em relacionamentos. _Página: 53_ - Claro, um smartphone abre mundos de novas experiências possíveis, incluindo videogames (que são formas de brincadeira) e amizades virtuais de longa distância. Mas isso acontece ao custo de reduzir os tipos de experiências para as quais os humanos evoluíram e que eles devem ter em abundância para se tornarem adultos socialmente funcionais. _Página: 54_ - Smartphones podem atrapalhar essa interação essencial face a face. A Pew Research descobriu que 17% dos pais americanos relatam que são frequentemente distraídos por seus telefones ao passar tempo com seus filhos, com outros 52% dizendo que são às vezes distraídos. _Página: 56_ - A alternância de turnos e o bom timing são habilidades sociais essenciais, e elas começam a se desenvolver nessas interações simples: _Página: 56_ - Psicólogos do desenvolvimento referem-se a esses tipos de interações como "serve-and-return" (servir e retornar), transmitindo a ideia de que as interações sociais são frequentemente como um jogo de tênis ou pingue-pongue: você se reveza, é divertido, há imprevisibilidade e o timing é essencial. _Página: 56_ - A prática da sintonia é tão essencial para o desenvolvimento social quanto o movimento e o exercício são para o desenvolvimento físico. _Página: 56_ - Antropólogos há muito tempo notam que rituais coletivos são universalmente humanos. _Página: 57_ - Em 2014, quase um terço das adolescentes passava mais de 20 horas por semana em sites de mídia social. Isso é metade de um trabalho em tempo integral — criando conteúdo para a plataforma e consumindo conteúdo criado por outros. Esse é um tempo que não está mais disponível para interagir com amigos pessoalmente. O trabalho é muitas vezes sem alegria, mas muitos se sentem compelidos a fazê-lo, para não "perderem" algo ou serem excluídos. _Página: 58_ - Quais são esses dados agora, e para qual grupo isso é pior? _Página: 58_ - Uma vez que nossos ancestrais se tornaram criaturas culturais, surgiu uma nova pressão evolutiva que recompensava os melhores aprendizes. Isso não significa aqueles que aprendem melhor na escola com livros e palestras. Significa aquelas crianças que melhor ativaram seu desejo inato de aprender copiando e que então escolheram as pessoas certas para copiar. _Página: 58_ - O valor da conformidade é óbvio: fazer o que a maioria das pessoas está fazendo é a estratégia mais segura em uma ampla gama de ambientes. _Página: 59_ - As plataformas de mídia social são, portanto, os motores de conformidade mais eficientes já inventados. Elas podem moldar os modelos mentais de comportamento aceitável de um adolescente em questão de horas, enquanto os pais podem lutar sem sucesso por anos para fazer com que seus filhos se sentem eretos ou parem de choramingar. Os pais não conseguem usar o poder do viés de conformidade, então muitas vezes não são páreo para o poder socializador das mídias sociais.[ 24] _Página: 59_ - Mas há uma importante estratégia de aprendizado que vai além de copiar a maioria: Detectar prestígio e então copiar os prestigiados. _Página: 60_ - As pessoas podem perceber a excelência por si mesmas, mas é mais eficiente confiar nos julgamentos dos outros. _Página: 60_ - Os designers de plataformas no Vale do Silício visaram diretamente esse sistema psicológico quando quantificaram e exibiram o sucesso de cada postagem (curtidas, compartilhamentos, retweets, comentários) e de cada usuário, cujos seguidores são literalmente chamados de seguidores. _Página: 60_ - Quantificar interações sociais e prestígio é perigosamente não é? _Página: 60_ - As plataformas de mídia social baseadas em prestígio hackearam um dos mecanismos de aprendizado mais importantes para adolescentes, desviando seu tempo, atenção e comportamento de cópia de uma variedade de modelos com os quais poderiam desenvolver um relacionamento de mentoria que os ajudaria a ter sucesso em suas comunidades do mundo real. _Página: 61_ - Na verdade, o desenvolvimento cerebral em mamíferos e aves é às vezes chamado de "desenvolvimento expectante de experiência"[ 28] porque partes específicas do cérebro mostram maior maleabilidade durante períodos da vida em que o animal provavelmente terá um tipo específico de experiência. _Página: 62_ - Os humanos têm poucos "períodos críticos" verdadeiros com limites de tempo rígidos, mas parecemos ter vários "períodos sensíveis", que são definidos como períodos em que é muito fácil aprender algo ou adquirir uma habilidade, e fora dos quais é mais difícil. _Página: 63_ - O que é recompensado ou punido, quão profundas se tornam as amizades e, acima de tudo, o que é desejável — tudo isso será determinado pelas milhares de postagens, comentários e avaliações que a criança vê a cada semana. _Página: 64_ - À medida que a infância foi reconfigurada — especialmente entre 2010 e 2015 — os adolescentes tornaram-se mais ansiosos, deprimidos e frágeis. Nesta nova infância baseada em telefones, o brincar livre, a sintonia e os modelos locais para o aprendizado social são substituídos pelo tempo de tela, interação assíncrona e influenciadores escolhidos por algoritmos. As crianças são, em certo sentido, privadas da infância. _Página: 65_ - Nas últimas décadas, a América e muitas outras nações ocidentais fizeram duas escolhas contraditórias sobre a segurança das crianças, e ambas estavam erradas. Decidimos que o mundo real estava tão cheio de perigos que as crianças não deveriam ter permissão para explorá-lo sem supervisão adulta, embora os riscos para as crianças de crimes, violência, motoristas embriagados e a maioria das outras fontes tenham diminuído drasticamente desde os anos 1990.[ 1] Ao mesmo tempo, parecia muito incômodo projetar e exigir proteções adequadas à idade para crianças online, então deixamos as crianças livres para vagar pelo Velho Oeste do mundo virtual, onde as ameaças às crianças abundavam. _Página: 67_ - A brincadeira ao ar livre sem supervisão ensina as crianças a lidar com riscos e desafios de muitos tipos. Ao construir competência física, psicológica e social, ela dá às crianças confiança de que podem enfrentar novas situações, o que é uma inoculação contra a ansiedade. _Página: 68_ - O sistema de ativação comportamental (ou BAS) é ativado quando você detecta oportunidades, como encontrar de repente uma árvore cheia de cerejas maduras quando você e seu grupo estão com fome.[ 5] Você é inundado por emoções positivas e excitação compartilhada, sua boca pode começar a salivar, e todos estão prontos para ir! Darei ao BAS um nome mais intuitivo: modo de descoberta. _Página: 69_ - O sistema de inibição comportamental (BIS), em contraste, é ativado quando ameaças são detectadas, como ouvir um leopardo rugir por perto enquanto você está colhendo cerejas. Todos vocês param o que estão fazendo. O apetite é suprimido à medida que seus corpos são inundados com hormônios do estresse e seu pensamento se volta inteiramente para identificar a ameaça e encontrar maneiras de escapar dela. Referir-me-ei ao BIS como modo de defesa. _Página: 69_ - É óbvio que os alunos no modo de descoberta se beneficiarão e crescerão rapidamente com as abundantes oportunidades intelectuais e sociais de uma universidade. Os alunos que passam a maior parte do tempo no modo de defesa aprenderão menos e crescerão menos. _Página: 70_ - Quando o vento sopra, ele dobra a árvore, que puxa as raízes do lado do vento e comprime a madeira do outro lado. Em resposta, o sistema radicular se expande para fornecer uma ancoragem mais firme onde é necessário, e as células de madeira comprimidas mudam sua estrutura para se tornarem mais fortes e firmes. Essa estrutura celular alterada é chamada de madeira de reação, ou às vezes madeira de estresse. _Página: 72_ - Taleb cunhou a palavra "antifrágil" para descrever coisas que realmente precisam ser derrubadas de vez em quando para se tornarem fortes. _Página: 73_ - O sistema antifrágil definitivo é o sistema imunológico, que requer exposição precoce à sujeira, parasitas e bactérias para se estabelecer na infância. _Página: 73_ - É a mesma dinâmica para o que tem sido chamado de sistema imunológico psicológico[ 12] — a capacidade de uma criança de lidar, processar e superar frustrações, pequenos acidentes, provocações, exclusão, injustiças percebidas e conflitos normais sem cair em horas ou dias de turbulência interna. _Página: 73_ - Na verdade, o melhor livro sobre parentalidade[ 13] que minha esposa e eu lemos quando nossos filhos eram pequenos nos instigava a procurar oportunidades para frustrar nossos filhos todos os dias, estabelecendo e aplicando as contingências da vida: Se você quiser assistir Teletubbies, primeiro deve guardar seus brinquedos. Se você persistir em fazer isso, terá um tempo de castigo. Sim, sua irmã ganhou algo que você não ganhou, e isso acontece às vezes. _Página: 73_ - Precisamos lidar com nossas frustrações desde cedo na vida. _Página: 73_ - À medida que as crianças se tornam mais competentes, elas se tornam cada vez mais intrigadas por algumas das coisas que as haviam assustado. _Página: 75_ - Crianças e filhotes são caçadores de emoções. Eles anseiam por emoções, e devem obtê-las se quiserem superar seus medos de infância e conectar seus cérebros para que o modo de descoberta se torne o padrão. _Página: 76_ - Somos criaturas corporificadas; as crianças devem aprender a gerenciar seus corpos no mundo físico antes de começar a passar grandes quantidades de tempo no mundo virtual. _Página: 78_ - Nosso objetivo ao projetar os lugares onde as crianças brincam, diz ela, deve ser "mantê-los tão seguros quanto necessário, não tão seguros quanto possível".[ 27] _Página: 80_ - A infância evoluiu na Terra, e a antifragilidade das crianças está voltada para as características da Terra. _Página: 82_ - Claro, o mundo online não é tão perigoso quanto Marte, mas compartilha a propriedade de que pequenos erros podem trazer custos enormes. As crianças não evoluíram para lidar com a viralidade, o anonimato, a instabilidade e o potencial de vergonha pública em larga escala do mundo virtual. Até mesmo adultos têm problemas com isso. _Página: 82_ - A primeira filosofia, que ela chama de "cultivo concertado", era o modelo dominante usado por famílias de classe média e alta. Começa com a premissa de que as crianças exigem um grau extraordinário de cuidado e treinamento por parte dos adultos. _Página: 84_ - Entre a classe trabalhadora e os pobres, Lareau encontrou uma abordagem muito diferente, que ela chamou de "parentalidade de crescimento natural". Nesta filosofia, as crianças serão crianças, e se você apenas as deixar ser, elas se tornarão adultos competentes e responsáveis sem muita ajuda. _Página: 85_ - Este é o mundo em que a Geração Z foi criada. Era um mundo em que adultos, escolas e outras instituições trabalhavam juntos para ensinar às crianças que o mundo é perigoso e para impedi-las de experimentar os riscos, conflitos e emoções que seus cérebros, expectantes de experiência, precisavam para superar a ansiedade e definir seu estado mental padrão para o modo de descoberta.[ 47] _Página: 88_ - O psicólogo australiano Nick Haslam cunhou o termo "concept creep" (expansão de conceito),[48] que se refere à expansão de conceitos psicológicos nas últimas décadas em duas direções: para baixo (para se aplicar a casos menores ou mais triviais) e para fora (para abranger fenômenos novos e conceitualmente não relacionados). _Página: 88_ - Existe também um conceito importante chamado segurança psicológica, que se refere à crença compartilhada em um grupo de que os membros não serão punidos ou humilhados por se manifestarem, então as pessoas estão dispostas a correr riscos ao compartilhar ideias e debatê-las.[ 50] A segurança psicológica está entre os melhores indicadores de uma cultura de trabalho saudável. _Página: 88_ - O que emergiu no campus como segurança emocional, em contraste, era um conceito muito mais amplo que passou a significar o seguinte: Eu não deveria ter que experimentar emoções negativas por causa do que outra pessoa disse ou fez. Tenho o direito de não ser "acionado". _Página: 89_ - Usamos o termo "segurançismo" para nos referir a "uma cultura ou sistema de crenças em que a segurança se tornou um valor sagrado, o que significa que as pessoas se tornam relutantes em fazer as concessões exigidas por outras preocupações práticas e morais. 'Segurança' supera tudo o mais, não importa quão improvável ou trivial seja o perigo potencial".[ 52] _Página: 89_ - No início deste capítulo, descrevi o modo de descoberta e o modo de defesa como partes de um sistema dinâmico para se adaptar rapidamente às condições em mudança, como um termostato. Esse sistema está inserido em um sistema dinâmico maior chamado sistema de apego. _Página: 91_ - Uma criança com apego seguro geralmente se acalma em poucos segundos ou minutos, volta ao modo de descoberta e parte para mais aprendizado. Esse processo acontece dezenas de vezes por dia, centenas de vezes por mês, e em poucos anos as crianças se tornam menos medrosas e mais propensas a querer explorar por conta própria — talvez indo a pé para a escola ou para a casa de um amigo sem a ajuda de um adulto.[ 56] À medida que a criança se desenvolve, ela é capaz de internalizar a base segura. _Página: 92_ - Esbocei como as coisas funcionam em teoria. Na prática, tudo sobre a criação de filhos é confuso, difícil de controlar e mais difícil de prever. _Página: 93_ - Não existe uma maneira certa de ser pai; não existe um projeto para construir um filho perfeito. No entanto, é útil ter em mente algumas características gerais da infância humana: As crianças são antifrágeis e, portanto, se beneficiam de brincadeiras arriscadas, juntamente com uma base segura, que as ajuda a mudar para o modo de descoberta. Uma infância baseada em brincadeiras é mais provável de fazer isso do que uma infância baseada em telefones. _Página: 93_ - Pesquisadores do cérebro dizem: "Neurônios que disparam juntos, se conectam juntos",[ 1] o que significa que atividades que ativam repetidamente uma constelação de neurônios fazem com que esses neurônios se conectem mais intimamente. _Página: 96_ - Um segundo tipo de mudança cerebral que ocorre durante a infância é chamado de mielinização, que se refere ao revestimento dos axônios dos neurônios com uma bainha isolante de material gorduroso, o que torna a transmissão mais rápida através das conexões de longa distância nessas constelações de neurônios. _Página: 96_ - O cérebro da criança pequena tem um potencial enorme (pode se desenvolver de muitas maneiras), mas uma capacidade menor (não faz a maioria das coisas tão bem quanto um cérebro adulto). _Página: 96_ - o psicólogo do desenvolvimento Laurence Steinberg observa que a adolescência não é necessariamente um período especialmente estressante. Em vez disso, é um período em que o cérebro é mais vulnerável aos efeitos de estressores sustentados, que podem levar o adolescente a transtornos mentais como transtorno de ansiedade generalizada, depressão, transtornos alimentares e abuso de substâncias. _Página: 96_ - A puberdade é, portanto, um período em que devemos estar particularmente preocupados com o que nossos filhos estão experimentando. As condições físicas, incluindo nutrição, sono e exercício, importam durante toda a infância e adolescência. Mas como há um período sensível para o aprendizado cultural, e porque ele coincide com a reconfiguração acelerada do cérebro que começa no início da puberdade, esses primeiros anos da puberdade merecem atenção especial. _Página: 97_ - Da mesma forma, os humanos são criaturas social e culturalmente adaptáveis que precisam de uma ampla variedade de experiências sociais para se desenvolverem em adultos flexíveis e socialmente habilidosos. _Página: 97_ - Primeiro, ele observou que o "estresse crônico", ou seja, o estresse que dura dias, semanas ou até anos, é muito pior do que o "estresse agudo", que se refere ao estresse que surge rapidamente, mas não dura muito, como um conflito comum no parquinho. "Sob estresse crônico, é muito mais difícil se adaptar, recuperar e ficar mais forte diante do desafio", escreveu ele. Sua segunda qualificação foi que "há um padrão em forma de U invertido na relação entre estresse e bem-estar. Um pouco de estresse é benéfico para o desenvolvimento, mas muito estresse, agudo ou crônico, é prejudicial". _Página: 98_ - Na verdade, smartphones e outros dispositivos digitais trazem tantas experiências interessantes para crianças e adolescentes que causam um problema sério: reduzem o interesse em todas as formas de experiência não baseadas em tela. _Página: 99_ - É responsabilidade da comunidade conduzir esses ritos, que comumente cercam eventos da vida como o nascimento (para acolher um novo membro e uma nova mãe), o casamento (para declarar publicamente uma nova unidade social) e a morte (para reconhecer a partida de um membro e o luto de parentes próximos). A maioria das sociedades também tem ritos de passagem formais na época da puberdade. _Página: 100_ - Apesar da enorme variação nas culturas humanas e nos papéis de gênero, há uma estrutura comum nos ritos de puberdade porque todos eles tentam fazer a mesma coisa: Transformar uma menina em mulher ou um menino em homem que tenha o conhecimento, as habilidades, as virtudes e o status social para ser um membro eficaz da comunidade, em breve pronto para o casamento e a paternidade. _Página: 100_ - Primeiro, há uma fase de separação em que os jovens adolescentes são removidos de seus pais e de seus hábitos de infância. Em seguida, há uma fase de transição, liderada por adultos que não os pais, que guiam o adolescente através de desafios e, às vezes, provações. Finalmente, há uma fase de reincorporação que geralmente é uma celebração alegre da comunidade (incluindo os pais), acolhendo o adolescente como um novo membro da sociedade adulta, embora ele ou ela frequentemente receba anos de instrução e apoio adicionais. _Página: 100_ - O fato de que a maioria das sociedades costumava ter tais ritos sugere-me que nossas sociedades seculares extremamente novas podem estar perdendo algo importante ao abandonarmos os ritos de passagem públicos e marcados comunitariamente. Uma criança humana não se transforma em um adulto culturalmente funcional apenas através da maturação biológica. _Página: 102_ - Apesar da dor e humilhação exigidas para a entrada, muitos jovens estão dispostos a participar desses ritos pela oportunidade de se juntar a um grupo social coeso e de fazer a transição da dependência parental da infância para a jovem idade adulta orientada para os pares. _Página: 103_ - No mundo real, muitas vezes importa a sua idade. Mas à medida que a vida se moveu para o online, importou cada vez menos. O movimento em massa do mundo real para o mundo virtual começou com o aumento da parentalidade temerosa e a perda gradual da infância baseada em brincadeiras. _Página: 104_ - Assim que as crianças puderam usar um navegador da web, elas tiveram acesso praticamente ilimitado a tudo na web. E uma vez que os adolescentes passaram de telefones básicos para smartphones, no início dos anos 2010, eles puderam experimentar tudo o dia todo. Não há equivalente a classificações de filmes como PG-13, R e X no mundo online. _Página: 105_ - Uma vez que uma criança entra online, nunca há uma idade limite em que ela receba mais autonomia ou mais direitos. Na internet, todos têm a mesma idade, que é nenhuma idade em particular. _Página: 105_ - Uma vez que tínhamos uma nova geração viciada em smartphones (e outras telas) antes do início da puberdade, havia pouco espaço restante no fluxo de informações que entravam em seus olhos e ouvidos para a orientação de mentores em suas comunidades do mundo real durante a puberdade. Havia apenas um rio infinito de experiência digital, personalizado para cada criança para maximizar cliques e receita de anúncios, a ser consumido sozinho em seu quarto. _Página: 106_ - O Congresso dos EUA deveria desfazer o erro que cometeu em 1998, quando estabeleceu 13 anos como a idade em que as crianças podem assinar contratos com corporações para abrir contas e ceder seus dados sem o conhecimento ou consentimento de seus pais. _Página: 108_ - Todo país deveria fazer isso. _Página: 108_ ## Parte 3: A Grande Reconfiguração - Sempre houve uma curva de aprendizado. Nunca houve um momento de insight em que o gato "entendeu" e os tempos caíram de repente. _Página: 114_ - Ele disse que o aprendizado animal é "o suavizar de um caminho no cérebro, não as decisões de uma consciência racional".[ 1] Mantenha essa frase em mente sempre que vir alguém (incluindo você mesmo) fazendo movimentos repetitivos em uma tela sensível ao toque, como em transe: "o suavizar de um caminho no cérebro". _Página: 114_ - A abertura dos smartphones para aplicativos de terceiros levou a uma concorrência acirrada entre empresas grandes e pequenas para criar os aplicativos móveis mais envolventes. _Página: 115_ - Como seria o mundo se isso não tivesse acontecido? _Página: 115_ - No início dos anos 2010, nossos telefones haviam se transformado de canivetes suíços, que tirávamos quando precisávamos de uma ferramenta, em plataformas nas quais as empresas competiam para ver quem conseguia prender os olhos por mais tempo.[ 5] _Página: 115_ - As mídias sociais evoluíram ao longo do tempo,[ 7] mas há pelo menos quatro características principais comuns às plataformas que geralmente consideramos exemplos claros de mídias sociais: perfis de usuário (os usuários podem criar perfis individuais onde podem compartilhar informações pessoais e interesses); conteúdo gerado pelo usuário (os usuários criam e compartilham uma variedade de conteúdo para um público amplo, incluindo postagens de texto, fotos, vídeos e links); rede (os usuários podem se conectar com outros usuários seguindo seus perfis, tornando-se amigos ou ingressando nos mesmos grupos); e interatividade (os usuários interagem uns com os outros e com o conteúdo que compartilham; as interações podem incluir curtir, comentar, compartilhar ou enviar mensagens diretas). _Página: 116_ - Em primeiro lugar, em 2009, o Facebook introduziu o botão "curtir" e o Twitter introduziu o botão "retweetar". Ambas as inovações foram amplamente copiadas por outras plataformas, tornando possível a disseminação viral de conteúdo. _Página: 117_ - No início dos anos 2010, os sistemas de "rede" social que haviam sido estruturados (na maior parte) para conectar pessoas se transformaram em "plataformas" de mídia social redesenhadas (na maior parte) de tal forma que incentivavam performances públicas um-para-muitos em busca de validação, não apenas de amigos, mas de estranhos. Mesmo usuários que não postam ativamente são afetados pelas estruturas de incentivo que esses aplicativos projetaram.[ 10] _Página: 117_ - custo de oportunidade. Economistas definem esse termo como a perda de outros ganhos potenciais quando uma alternativa é escolhida. _Página: 118_ - Em Walden, sua reflexão de 1854 sobre a vida simples, Henry David Thoreau escreveu: "O custo de uma coisa é a quantidade de… vida que é exigida para ser trocada por ela, imediatamente ou a longo prazo".[ 16] _Página: 120_ - A queda acentuada no tempo com amigos na verdade subestima a privação social causada pela Grande Reconfiguração, porque mesmo quando os adolescentes estão a poucos metros de seus amigos, suas infâncias baseadas em telefones prejudicam a qualidade do tempo que passam juntos. _Página: 121_ - É doloroso ser ignorado, em qualquer idade. Imagine ser um adolescente tentando desenvolver um senso de quem você é e onde você se encaixa, enquanto todos que você encontra lhe dizem, indiretamente: Você não é tão importante quanto as pessoas no meu telefone. _Página: 122_ - Uma revisão de 36 estudos correlacionais encontrou associações significativas entre o alto uso de mídias sociais e a má qualidade do sono, e também entre o alto uso de mídias sociais e resultados ruins de saúde mental. _Página: 123_ - Em outras palavras, quando seu sono é truncado ou perturbado, você tem mais probabilidade de ficar deprimido e desenvolver problemas comportamentais. Os efeitos foram maiores para as meninas. _Página: 125_ - Somando tudo, o número médio de notificações nos telefones dos jovens dos principais aplicativos sociais e de comunicação chega a 192 alertas por dia, de acordo com um estudo. _Página: 126_ - Atenção é uma escolha que fazemos para permanecer em uma tarefa, uma linha de pensamento, um caminho mental, mesmo que atraentes saídas nos chamem. Quando falhamos em fazer essa escolha e nos permitimos ser frequentemente desviados, acabamos no "estado confuso, atordoado, disperso" que James disse ser o oposto da atenção. _Página: 127_ - The Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains, _Página: 127_ - E não importa o quão difícil seja para um adulto permanecer comprometido com um caminho mental, é muito mais difícil para um adolescente, que tem um córtex frontal imaturo e, portanto, capacidade limitada de dizer não às saídas. _Página: 127_ - E para os adultos está se tornando ainda mais difícil. _Página: 127_ - As pessoas não conseguem realmente fazer várias tarefas ao mesmo tempo; tudo o que podemos fazer é alternar a atenção entre as tarefas, desperdiçando muito tempo em cada mudança. _Página: 128_ - Uma das principais habilidades que se espera que os adolescentes desenvolvam à medida que avançam no ensino fundamental e médio é a "função executiva", que se refere à crescente capacidade da criança de fazer planos e, em seguida, fazer o que é necessário para executar esses planos. _Página: 129_ - Agora sabemos que, quando uma ação é seguida por um bom resultado (como obter comida, ou aliviar a dor, ou apenas atingir um objetivo), certos circuitos cerebrais envolvidos no aprendizado liberam um pouco de dopamina — o neurotransmissor mais centralmente envolvido nas sensações de prazer e dor. _Página: 129_ - Para ser claro, a grande maioria dos adolescentes que usam Instagram ou jogam Fortnite não são viciados, mas seus desejos estão sendo hackeados e suas ações manipuladas, no entanto. _Página: 130_ - Tecnologia Persuasiva: Usando Computadores para Mudar o que Pensamos e Fazemos. _Página: 130_ - O ciclo começa com um gatilho externo, como uma notificação de que alguém comentou em uma de suas postagens. Esse é o passo 1, a saída que a convida a deixar o caminho em que estava. Ela aparece em seu telefone e automaticamente aciona o desejo de realizar uma ação (passo 2) que havia sido previamente recompensada: tocar na notificação para abrir o aplicativo Instagram. A ação então leva a um evento prazeroso, mas apenas às vezes, e este é o passo 3: uma recompensa variável. Talvez ela encontre alguma expressão de elogio ou amizade, talvez não. _Página: 131_ - Não há saída em um aplicativo com um feed sem fim; não há sinal para parar. _Página: 132_ - Esses três primeiros passos são o behaviorismo clássico. Eles empregam o condicionamento operante como ensinado por B. F. Skinner na década de 1940. O que o modelo Hooked adiciona para humanos, que não era aplicável para aqueles que trabalhavam com ratos, foi o quarto passo: investimento. _Página: 132_ - Os humanos podem receber maneiras de colocar um pouco de si mesmos no aplicativo para que ele se torne mais importante para eles. _Página: 132_ - Neste ponto, após o investimento, o gatilho para a próxima rodada de comportamento pode se tornar interno. _Página: 132_ - Os adolescentes da geração Millennial nas décadas de 1990 e início de 2000 tinham acesso a todos os tipos de atividades viciantes em seus computadores domésticos, e alguns deles realmente se viciaram. Mas eles não podiam levar seus computadores para onde quer que fossem. Após a Grande Reconfiguração, a próxima geração de adolescentes podia, e o fez. _Página: 135_ - No entanto, ao contrário das extensas evidências de danos encontradas em estudos correlacionais, longitudinais e experimentais, há muito pouca evidência mostrando benefícios para a saúde mental de adolescentes decorrentes do uso prolongado ou intenso de mídias sociais. _Página: 137_ - Os adolescentes certamente estão certos quando dizem que as mídias sociais lhes dão uma conexão com seus amigos, mas, como vimos em seus relatos de crescente solidão e isolamento, essa conexão não parece ser tão boa quanto o que ela substituiu. _Página: 137_ - Precisamos desenvolver um mapa mental mais nuançado do cenário digital. Mídias sociais não são sinônimo de internet, smartphones não são equivalentes a computadores de mesa ou laptops, PacMan não é World of Warcraft, e a versão de 2006 do Facebook não é a versão de 2024 do TikTok. _Página: 138_ - Precisamos ter cuidado com quais crianças têm acesso a quais produtos, em quais idades e em quais dispositivos. O acesso irrestrito a tudo, em todo lugar, em qualquer idade tem sido um desastre, mesmo que haja alguns benefícios. _Página: 139_ - Há uma ligação clara, consistente e considerável[ 7] entre o uso intenso de mídias sociais e doenças mentais para meninas,[ 8] mas essa relação é obscurecida ou minimizada em estudos e revisões de literatura que analisam todas as atividades digitais para todos os adolescentes. _Página: 146_ - Para as meninas, há uma relação maior e mais consistente. Quanto mais tempo uma menina passa nas mídias sociais, maior a probabilidade de ela estar deprimida. Meninas que dizem passar cinco ou mais horas por dia de semana nas mídias sociais têm três vezes mais probabilidade de estarem deprimidas do que aquelas que relatam não ter tempo nas mídias sociais. _Página: 147_ - 5 horas por dia é muito, não é? Mas isso pode ser facilmente feito por adolescentes. _Página: 147_ - Poderia haver uma "correlação inversa", na qual a depressão leva as meninas a usar as mídias sociais, em vez do contrário. _Página: 147_ - Para estabelecer que uma coisa causou outra, a principal ferramenta que os cientistas usam é um experimento em que algumas pessoas são aleatoriamente designadas para receber um tratamento e outras pessoas são aleatoriamente designadas para estar no grupo de controle, que recebe um placebo (em estudos médicos) ou continua com o curso normal (em muitos experimentos de ciências sociais). Experimentos como este são às vezes referidos como RCTs (ensaios clínicos randomizados controlados). _Página: 147_ - No geral, as dezenas de experimentos que Jean Twenge, Zach Rausch e eu coletamos[ 15] confirmam e ampliam os padrões encontrados nos estudos correlacionais: o uso de mídias sociais é uma causa de ansiedade, depressão e outras doenças, não apenas um correlato. _Página: 148_ - Há uma grande limitação em todos esses experimentos: eles buscam os efeitos das mídias sociais em indivíduos isoladamente, como se estivéssemos estudando os efeitos na saúde do consumo de açúcar. Se 100 adolescentes forem aleatoriamente designados para reduzir a ingestão de açúcar por três meses, eles experimentarão algum benefício para a saúde, em comparação com um grupo de controle? Mas as mídias sociais não são como o açúcar. Elas não afetam apenas a pessoa que as consome. Quando foram levadas para as escolas no início dos anos 2010, em smartphones nos bolsos dos alunos, rapidamente mudaram a cultura para todos. (As redes de comunicação rapidamente se tornam mais poderosas à medida que crescem.[ 16]) _Página: 148_ - Isso é interessante. O que mais podemos ver uma mudança estruturada se adicionarmos ou removermos algo? _Página: 148_ - Se um experimentador designa alguns adolescentes para se absterem de mídias sociais por um mês enquanto todos os seus amigos ainda estão nelas, então os abstêmios ficarão mais socialmente isolados durante aquele mês. No entanto, mesmo assim, em vários estudos, sair das mídias sociais melhora sua saúde mental. _Página: 149_ - No início dos anos 2010, graças aos smartphones, meninos e meninas começaram a passar mais tempo online, mas eles passavam o tempo de forma diferente. Os meninos gravitavam para assistir a vídeos no YouTube, para usar plataformas baseadas em texto como o Reddit, e especialmente para jogar videogames multiplayer online. As meninas se tornaram usuárias muito mais assíduas das novas plataformas visualmente orientadas, principalmente Instagram, seguido por Snapchat, Pinterest e Tumblr. _Página: 150_ - As meninas passam mais tempo em plataformas de mídia social,[ 27] e as plataformas em que estão são as piores para a saúde mental. _Página: 151_ - Mas meninas e meninos não são psicologicamente idênticos. Há várias razões pelas quais as necessidades de desenvolvimento essenciais das meninas são mais facilmente exploradas e subvertidas pelas mídias sociais do que no caso dos meninos (cujas necessidades são mais facilmente exploradas por empresas de videogames). _Página: 152_ - Uma que é útil para entender os efeitos da mídia é a distinção entre agência e comunhão, que se referem a dois conjuntos de motivações ou objetivos encontrados em quase todos. Uma revisão recente os definiu da seguinte forma: A agência surge do esforço para individuar e expandir o eu e envolve qualidades como eficiência, competência e assertividade. A comunhão surge do esforço para integrar o eu em uma unidade social maior através do cuidado com os outros e envolve qualidades como benevolência, cooperação e empatia. _Página: 152_ - Os dois motivos se entrelaçam em padrões mutáveis ao longo da vida, e esse entrelaçamento é particularmente importante para adolescentes que estão desenvolvendo suas identidades. Parte da definição do eu vem da integração bem-sucedida em grupos; parte de ser atraente para grupos é demonstrar o valor de alguém como indivíduo com habilidades únicas. _Página: 152_ - O que importa é que as empresas de tecnologia conhecem essas diferenças e as usam para prender seu público principal. As mídias sociais oferecem novas e fáceis maneiras de "conectar". As mídias sociais parecem satisfazer as necessidades de comunhão, mas de muitas maneiras as frustram. _Página: 153_ - Existem pelo menos quatro maneiras pelas quais as empresas de mídia social exploram a maior necessidade de comunhão das meninas e suas outras preocupações sociais. _Página: 153_ - Razão #1: As meninas são mais afetadas pela comparação social visual e pelo perfeccionismo. _Página: 153_ - Mark Leary, outro psicólogo social, descreve a maquinaria em mais detalhes: É como se todos tivéssemos um "sociômetro" em nossos cérebros — um medidor que vai de 0 a 100, nos dizendo onde estamos nas classificações de prestígio locais, momento a momento. Quando a agulha cai, ela aciona um alarme — ansiedade — que nos motiva a mudar nosso comportamento e fazer a agulha subir novamente. _Página: 153_ - Já era ruim quando eu estava crescendo nas décadas de 1970 e 1980, quando as meninas eram expostas a modelos retocadas e, mais tarde, photoshopadas. Mas essas eram estranhas adultas; elas não eram a concorrência de uma menina. Então, o que aconteceu quando a maioria das meninas em uma escola conseguiu contas no Instagram e Snapchat e começou a postar vídeos cuidadosamente editados de suas vidas e a usar filtros e aplicativos de edição para melhorar sua beleza virtual e sua marca online? Os sociômetros de muitas meninas despencaram, porque a maioria estava agora abaixo do que lhes parecia ser a média. Em todo o mundo desenvolvido, um alarme de ansiedade disparou na mente das meninas, aproximadamente ao mesmo tempo. _Página: 154_ - As meninas são especialmente vulneráveis a danos causados pela comparação social constante porque sofrem de taxas mais altas de um tipo de perfeccionismo: o perfeccionismo socialmente prescrito, onde uma pessoa sente que deve corresponder a expectativas muito altas prescritas por outros, ou pela sociedade em geral. _Página: 156_ - Isso significa que os frequentes lembretes que as meninas dão umas às outras de que as mídias sociais não são a realidade provavelmente terão apenas um efeito limitado, porque a parte do cérebro que está fazendo as comparações não é governada pela parte do cérebro que sabe, conscientemente, que elas estão vendo apenas vídeos editados. _Página: 157_ - Razão #2: A agressão das meninas é mais relacional. _Página: 158_ - Mas como as meninas têm motivos de comunhão mais fortes, a maneira de realmente machucar outra menina é atingi-la em seus relacionamentos. Você espalha fofocas, vira os amigos dela contra ela e diminui o valor dela como amiga para outras meninas. _Página: 158_ - Embora a porcentagem de adolescentes que relataram ter sofrido cyberbullying a cada ano possa não ter aumentado durante os anos 2010, as maneiras pelas quais os alunos podiam perpetrar e experimentar a agressão relacional mudaram à medida que os adolescentes se juntaram a novas plataformas que ofereciam novas maneiras de espalhar rumores e montar ataques. _Página: 159_ - Estabilidade não significa inércia. Algumas coisas permanecem iguais enquanto outras mudam muito. _Página: 159_ - Razão #3: As meninas compartilham emoções e transtornos com mais facilidade. _Página: 160_ - Todos sabemos que nossos amigos próximos podem afetar nossos humores. Mas você sabia que os amigos de seus amigos também o afetam? _Página: 160_ - Em vez disso, quando uma pessoa ficava mais feliz, aumentava as chances de seus amigos existentes também ficarem mais felizes. Surpreendentemente, isso também tinha influência sobre os amigos de seus amigos, e às vezes até sobre os amigos dos amigos de seus amigos. A felicidade é contagiosa; ela se espalha pelas redes sociais. _Página: 161_ - Os autores supõem que a diferença se deve ao fato de que as mulheres são mais expressivas emocionalmente e mais eficazes na comunicação de estados de humor em pares de amizade. Quando os homens se reúnem, em contraste, eles são mais propensos a fazer coisas juntos do que a falar sobre o que estão sentindo. _Página: 161_ - Existe uma "variante de ansiedade" em que dor abdominal, dor de cabeça, tontura, desmaio, náusea e hiperventilação são os sintomas mais comuns, e existe uma "variante motora" em que os sintomas mais comuns são "dança histérica, convulsões, risos e pseudoconvulsões". _Página: 162_ - Grande parte da epidemia de doenças mentais na adolescência pode ser o resultado direto da variante da ansiedade se espalhando por dois processos psicológicos distintos. Primeiro, há o simples contágio emocional, conforme descrito por Fowler e Christakis. As pessoas absorvem emoções de outras, e o contágio emocional é especialmente forte entre as meninas. Segundo, há o "viés de prestígio", que é a regra de aprendizado social que descrevi no capítulo 2: Não copie qualquer um; primeiro descubra quem são as pessoas mais prestigiadas, depois copie-as. _Página: 162_ - Esse processo é às vezes conhecido como captura de audiência — um processo em que as pessoas são treinadas por suas audiências para se tornarem versões mais extremas do que a audiência quer ver.[ 59] E se alguém se encontra em uma rede em que a maioria dos outros adotou algum comportamento, então o outro processo de aprendizado social também entra em ação: o viés de conformidade. _Página: 163_ - Há evidências de que vários outros transtornos estão se espalhando sociogenicamente, especialmente por meio de sites que apresentam postagens de vídeo, como TikTok, YouTube e Instagram. _Página: 164_ - O transtorno dissociativo de identidade (TDI) é uma condição que costumava ser conhecida como transtorno de múltiplas personalidades. _Página: 164_ - Disforia de gênero refere-se ao sofrimento psicológico que uma pessoa experimenta quando sua identidade de gênero não se alinha com seu sexo biológico. _Página: 165_ - Razão #4: As meninas estão mais sujeitas à predação e ao assédio. _Página: 166_ - Em seu livro de 2016, American Girls, ela observou que a atenção de homens adultos online é frequente, porque os aplicativos fazem pouco ou nenhum esforço para restringir as interações entre adultos e menores. _Página: 166_ - As meninas em plataformas de mídia social como Instagram e Snapchat são expostas às mensagens diretas de homens adultos que as procuram, e também a culturas escolares em que fotos de seus corpos nus se tornam uma moeda de prestígio social entre os meninos, uma moeda que as meninas pagam com vergonha. A predação sexual e a sexualização desenfreada significam que meninas e jovens mulheres devem ser mais cautelosas, online, do que a maioria dos meninos e jovens homens. Elas são forçadas a passar mais de suas vidas virtuais em modo de defesa, o que pode ser parte da razão pela qual seus níveis de ansiedade aumentaram mais acentuadamente no início dos anos 2010. _Página: 167_ - A psicóloga clínica Lisa Damour diz que, em relação à amizade para meninas, "qualidade supera quantidade". As meninas mais felizes "não são as que têm mais amizades, mas as que têm amizades fortes e de apoio, mesmo que isso signifique ter uma única amiga excelente". _Página: 168_ - Esta é a grande ironia das mídias sociais: quanto mais você se imerge nelas, mais solitário e deprimido você se torna. Isso é verdade tanto no nível individual quanto no coletivo. Quando os adolescentes como um todo reduziram o tempo de convívio e de fazer coisas juntos no mundo real, sua cultura mudou. Suas necessidades de comunhão ficaram insatisfeitas — mesmo para aqueles poucos adolescentes que não estavam nas mídias sociais. _Página: 170_ - Para os meninos, em contraste, a história é mais difusa. Seu declínio no engajamento com o mundo real começa mais cedo, seus resultados de saúde mental são mais variados, e não consigo apontar uma única tecnologia como a causa principal de sua angústia. _Página: 175_ - O efeito líquido desse empurra-e-puxa é que os meninos se desconectaram cada vez mais do mundo real e investiram seu tempo e talentos no mundo virtual. Alguns meninos encontrarão sucesso profissional lá, porque seu domínio desse mundo pode levar a empregos lucrativos na indústria de tecnologia ou como influenciadores. Mas para muitos, embora possa ser uma fuga de um mundo cada vez mais inóspito, crescer no mundo virtual os torna menos propensos a se desenvolverem em homens com as habilidades sociais e competências para alcançar o sucesso no mundo real. _Página: 176_ - Não é apenas a conclusão da faculdade. Reeves mostra que em todos os níveis de educação, do jardim de infância ao doutorado, as meninas estão deixando os meninos para trás. Os meninos obtêm notas mais baixas, têm taxas mais altas de TDAH, são mais propensos a serem incapazes de ler e menos propensos a se formar no ensino médio, em parte porque têm três vezes mais chances do que as meninas de serem expulsos ou suspensos ao longo do caminho.[ 10] As disparidades de gênero são frequentemente pequenas na extremidade superior, entre as famílias mais ricas, mas crescem muito mais à medida que descemos na escala socioeconômica. _Página: 177_ - O livro de Reeves nos ajuda a ver os fatores estruturais que tornaram mais difícil para os meninos terem sucesso. Ele descreve fatores como uma economia que não recompensa mais a força física, um sistema educacional que valoriza a capacidade de ficar parado e ouvir, e um declínio na disponibilidade de modelos masculinos positivos, incluindo pais. _Página: 178_ - Uma vez que os meninos tinham vários dispositivos conectados à internet, muitos deles foram engolidos por completo, como o afilhado de Johann Hari. Muitos meninos se perderam no ciberespaço, o que os tornou mais frágeis, medrosos e avessos ao risco na Terra. _Página: 178_ - Os americanos há muito tempo usam o termo "falha no lançamento" para descrever qualquer pessoa que se desvia do caminho, não encontra emprego e acaba morando de volta com os pais por um período indefinido de tempo. Jovens homens na casa dos 20 anos são mais propensos a morar com os pais (27% deles, em 2018), em comparação com jovens mulheres (17%).[ 17] Um termo mais formal é NEET, criado por economistas no Reino Unido para se referir àqueles entre 16 e 24 anos que Não estão em Educação, Emprego ou Treinamento. _Página: 178_ - Esses jovens são chamados de hikikomori, um termo japonês que significa "recolher-se".[ 21] Eles vivem como eremitas, emergindo de suas cavernas principalmente em horários estranhos, quando são menos propensos a ver alguém, incluindo membros da família. Em algumas famílias, os pais deixam comida para eles em suas portas. Eles acalmam suas ansiedades ficando dentro de casa, mas quanto mais tempo ficam dentro, menos competentes se tornam no mundo exterior, alimentando sua ansiedade sobre o mundo exterior. Eles estão presos. _Página: 179_ - Um mundo com muita supervisão e pouco risco é ruim para todas as crianças, mas parece estar tendo um impacto maior nos meninos. _Página: 181_ - As meninas geralmente exibem taxas mais altas de transtornos internalizantes, como depressão e ansiedade, voltando suas emoções e sofrimento para dentro. Os meninos, por outro lado, tendem a exibir taxas mais altas de transtornos externalizantes, voltando suas emoções para fora e se envolvendo em comportamentos de alto risco ou antissociais que frequentemente afetam os outros, como dirigir embriagado, violência e abuso de drogas. _Página: 181_ - Mas como a taxa de mudança para tantos comportamentos de risco tem sido tão rápida, também vejo essas tendências com preocupação. E se essas mudanças ocorreram não porque a Geração Z está ficando mais sábia, mas porque eles estão se retirando do mundo físico? _Página: 181_ - Em 2019, os meninos adolescentes eram menos propensos a se machucar do que as meninas adolescentes em 2010. Na verdade, os meninos adolescentes agora não são muito diferentes das meninas adolescentes, ou de homens na casa dos 50 e 60 anos. _Página: 184_ - Esses consoles conectados à internet permitiram que os adolescentes se sentassem sozinhos em um quarto, jogando por horas a fio com um conjunto mutável de estranhos de todo o mundo. Antes disso, quando os meninos jogavam videogames multiplayer, os outros jogadores eram seus amigos ou irmãos, sentados ao lado deles e compartilhando emoções, piadas e comida. _Página: 185_ - O multiplayer online permitiu mais comunicação com estranhos. _Página: 185_ - Costuma-se dizer hoje em dia que "dados são o novo petróleo". Mas a atenção também é. _Página: 186_ - Espelhando a tendência observada entre as adolescentes, as negociações de status dos meninos, bem como suas vidas sociais e de entretenimento, cada vez mais se moveram para o online. Os meninos vagavam por um bazar de diferentes aplicativos, incluindo mídias sociais, comunidades online, plataformas de streaming, jogos, pornografia e, quando ficavam um pouco mais velhos, aplicativos de jogos de azar e namoro. Em 2015, muitos meninos se viram expostos a um nível de estimulação e extração de atenção que era inimaginável apenas 15 anos antes. _Página: 186_ - Uma vez que os meninos tiveram laptops e internet de alta velocidade, eles tiveram um suprimento infinito de vídeos de alta qualidade mostrando todos os atos, partes do corpo e fetiches concebíveis, que podiam assistir em particular, várias vezes ao dia. Um estudo sueco descobriu que 11% dos meninos eram consumidores diários em 2004 e que o número aumentou para 24% em 2014. _Página: 187_ - Usuários diários? _Página: 187_ - O problema não é apenas que a pornografia moderna amplifica o risco de vício em pornografia, mas que o uso intenso de pornografia pode levar os meninos a escolher a opção fácil para a satisfação sexual (assistindo pornografia) em vez de tentar se engajar no mundo do namoro, mais incerto e arriscado. _Página: 188_ - A pornografia separa o atrativo evoluído (prazer sexual) de sua recompensa no mundo real (um relacionamento sexual), potencialmente fazendo com que meninos que são usuários pesados se transformem em homens menos capazes de encontrar sexo, amor, intimidade e casamento no mundo real. _Página: 189_ - Não estou dizendo que toda pornografia é prejudicial; estou dizendo que imergir meninos em uma playlist infinita de vídeos pornográficos hardcore durante o período sensível em que os centros sexuais de seus cérebros estão sendo reconfigurados talvez não seja tão bom para seu desenvolvimento sexual e romântico, ou para seus futuros parceiros. _Página: 189_ - Ao contrário da pornografia online, pesquisadores descobriram que uma série de benefícios se acumulam para adolescentes que jogam videogames. Algumas pesquisas demonstraram que o uso de videogames está associado ao aumento do funcionamento cognitivo e intelectual, como melhora da memória de trabalho, inibição de resposta e até mesmo competência escolar. _Página: 190_ - No entanto, existem pelo menos dois grandes malefícios associados aos videogames. Primeiro, os videogames podem causar problemas graves para um subconjunto substancial de usuários pesados, como Chris, onde a chave não é apenas a quantidade de jogo; é o papel que os jogos passaram a desempenhar em suas vidas. _Página: 190_ - Usando a Escala de Vício em Jogos para Adolescentes de sete itens, pesquisadores descobriram que os jogadores podem ser divididos em quatro grupos: viciados, problemáticos, engajados e casuais. _Página: 190_ - Jogadores viciados incluem aqueles que admitem sofrer todos os quatro itens de um questionário que pergunta sobre sintomas de vício: recaída, abstinência, conflito e jogos causando problemas. _Página: 191_ - Usando a estrutura de quatro grupos, um "jogador problemático" endossa apenas dois ou três desses quatro critérios de vício. _Página: 191_ - Em contraste, os "jogadores engajados" jogam por muitas horas, mas não endossam nenhum dos itens viciantes. _Página: 191_ - O segundo grande malefício associado aos videogames é que eles impõem um grande custo de oportunidade; eles consomem uma quantidade enorme de tempo. _Página: 191_ - O jogo de videogame acontece em mundos virtuais projetados para maximizar o tempo gasto nas plataformas — assim como as mídias sociais. _Página: 192_ - Ao contrário da brincadeira livre no mundo real, a maioria dos videogames não oferece prática nas habilidades de autogoverno. _Página: 192_ - Um conceito central para Durkheim era a anomia, ou ausência de normas — uma ausência de normas e regras estáveis e amplamente compartilhadas. _Página: 194_ - Não era um sentimento de ter sido deixado de fora da sociedade no livro "A Máquina do Caos"? _Página: 194_ - Isso, acredito, é o que aconteceu com a Geração Z. Eles são menos capazes do que qualquer geração na história de criar raízes em comunidades do mundo real, povoadas por indivíduos conhecidos que ainda estarão lá um ano depois. _Página: 194_ - Posso transmitir melhor o que está acontecendo conosco usando uma palavra raramente usada nas ciências sociais: espiritualidade. A vida baseada no telefone produz degradação espiritual, não apenas em adolescentes, mas em todos nós. _Página: 199_ - Quer Deus exista ou não, as pessoas simplesmente percebem algumas pessoas, lugares, ações e objetos como sagrados, puros e elevadores; outras pessoas, lugares, ações e objetos são repugnantes, impuros e degradantes (significando, literalmente, "rebaixados um degrau"). _Página: 200_ - É assim que estou usando a palavra "espiritual". Significa que se esforça para viver mais da sua vida bem acima de zero no eixo z. _Página: 201_ - No restante deste capítulo, farei uso da sabedoria de tradições antigas e da psicologia moderna para tentar entender como a vida baseada no telefone afeta as pessoas espiritualmente, bloqueando ou neutralizando seis práticas espirituais: sacralidade compartilhada; corporificação; quietude, silêncio e foco; autotranscendência; ser lento para a raiva, rápido para perdoar; e encontrar admiração na natureza. _Página: 202_ - Embora os pesquisadores não tenham encontrado evidências de que a oração funcione para mudar resultados no mundo, como curar uma criança de câncer, DeSteno descobriu que há evidências abundantes de que manter certas práticas espirituais melhora o bem-estar. _Página: 202_ - Durkheim chamou esse estado de comunhão energizada de "efervescência coletiva". _Página: 203_ - Quando um grupo de pessoas se eleva junto. _Página: 203_ - Viver em um mundo de anomia sem estrutura torna os adolescentes mais vulneráveis ao recrutamento online para movimentos políticos radicais que oferecem clareza moral e uma comunidade moral, afastando-os ainda mais de suas comunidades presenciais. _Página: 204_ - Uma vez que o tempo e o espaço são estruturados para a sacralidade, os rituais podem prosseguir, e os rituais exigem corpos em movimento. A oração ou meditação podem ser silenciosas e imóveis, mas as religiões geralmente prescrevem algum tipo de movimento que marca a atividade como devocional e adiciona ao seu simbolismo. _Página: 204_ - Pessoas que "partem o pão" juntas têm um vínculo.[ 7] O simples ato de comer juntas, especialmente do mesmo prato ou travessa, fortalece esse vínculo e reduz a probabilidade de conflito. Essa é uma deficiência que o mundo virtual nunca poderá superar, não importa o quão boa a RV se torne. _Página: 205_ - O mundo virtual pode ter seus próprios rituais, mas eles não são corporificados. No entanto, é possível simular isso? _Página: 205_ - Os corpos nem sempre estão em movimento durante as práticas espirituais; algumas práticas usam a quietude, embora até mesmo ficar parado seja fisicamente intenso. As tradições de meditação prescrevem como sentar, respirar e visualizar o corpo. _Página: 206_ - A meditação ajuda a acalmar a mente inquieta. Com o tempo, a natureza da experiência consciente muda, mesmo quando não se está meditando. Estudos em monges budistas sugerem que suas intensas práticas de meditação alteram seus cérebros de maneiras duradouras, diminuindo a ativação em áreas cerebrais relacionadas ao medo e à emocionalidade negativa. _Página: 206_ - Se queremos experimentar quietude e silêncio, e se queremos desenvolver foco e um senso de consciência unificada, devemos reduzir o fluxo de estimulação em nossos olhos e ouvidos. _Página: 207_ - Existe um conjunto de estruturas interligadas no cérebro que são mais ativas sempre que estamos processando eventos de um ponto de vista egocêntrico — pensando no que eu quero, no que preciso fazer a seguir, ou no que outras pessoas pensam de mim. Essas estruturas cerebrais são tão frequentemente ativas juntas que são coletivamente chamadas de rede de modo padrão (DMN), o que significa que é o que o cérebro geralmente está fazendo, exceto nos momentos especiais em que não está. _Página: 208_ - Uma "plataforma" de mídia social é, quase por definição, um lugar que é todo sobre você. Você se posiciona na plataforma e posta conteúdo para influenciar como os outros o percebem. _Página: 208_ - Em meus 35 anos estudando psicologia moral, cheguei a ver isso como um dos maiores problemas da humanidade: somos muito rápidos para a raiva e muito lentos para perdoar. Também somos hipócritas que julgam os outros severamente enquanto justificam automaticamente nosso próprio mau comportamento. _Página: 209_ - As mídias sociais nos treinam para fazer o oposto. Elas nos encorajam a fazer julgamentos públicos rápidos com pouca preocupação pela humanidade daqueles que criticamos, sem conhecimento do contexto em que agiram e sem consciência de que muitas vezes fizemos a mesma coisa pela qual os estamos envergonhando publicamente. _Página: 210_ - Mas acredito que seu ponto era que a mente, deixada à sua própria sorte, avalia tudo imediatamente, o que molda o que pensamos em seguida, tornando mais difícil para nós encontrarmos a verdade. Essa percepção é a base do primeiro princípio da psicologia moral, que expus em The Righteous Mind: As intuições vêm primeiro, o raciocínio estratégico em segundo. _Página: 210_ - As mídias sociais treinam as pessoas para fazer o oposto: Julgar rápida e publicamente, para não serem julgadas por não julgar quem quer que seja que estamos todos condenando hoje. Não perdoar, ou sua equipe o atacará como um traidor. _Página: 211_ - Em 2003, Dacher Keltner e eu publicamos um artigo de revisão sobre a emoção de admiração, no qual argumentamos que a admiração é desencadeada por duas percepções simultâneas: primeiro, que o que você está olhando é vasto de alguma forma, e, segundo, que você não consegue encaixá-lo em suas estruturas mentais existentes. _Página: 212_ - Vários alunos escreveram que, antes de suas caminhadas de admiração, raramente dedicavam tempo para absorver a beleza do mundo ao seu redor. _Página: 213_ - Em um artigo de revisão de 2023, Dacher e um colega listaram cinco maneiras pelas quais a admiração melhora o bem-estar: A admiração causa "mudanças na neurofisiologia, um foco diminuído no eu, aumento da relacionalidade prossocial, maior integração social e um senso elevado de significado". _Página: 214_ - A humanidade passou por um longo período do que é conhecido como seleção multinível, em que grupos competiam com grupos, enquanto ao mesmo tempo indivíduos competiam com indivíduos dentro de cada grupo. Os grupos mais coesos venciam, e os humanos evoluíram — tanto por evolução biológica quanto cultural — uma adaptação que tornava seus grupos ainda mais coesos: a religiosidade (incluindo tanto o medo quanto o amor aos deuses). _Página: 215_ ## Parte 4: Ação Coletiva para uma Infância Mais Saudável - Cada um de nós, agindo sozinho, percebe que é muito difícil ou custoso fazer a coisa certa. Mas se pudermos agir juntos, os custos diminuem muito. _Página: 222_ - Recorrer a um coletivo pode ser mais fácil. _Página: 222_ - Cientistas sociais há muito estudam armadilhas em que cada indivíduo faz o que pensa ser melhor para si (como a pesca excessiva em um lago local), embora, quando todos fazem a mesma escolha, isso leve a um resultado ruim para todos (o lago para de produzir peixes). Se o grupo pudesse se coordenar (como estabelecendo um limite de quantos peixes cada residente pode pegar), o resultado a longo prazo seria muito mais peixe para todos. Essas armadilhas são chamadas de problemas de ação coletiva (ou às vezes dilemas sociais). _Página: 222_ - Coordenação voluntária. Assim como os pais exercem pressão adicional sobre os resistentes quando dão um smartphone a seus filhos de 11 anos, os pais podem se apoiar mutuamente quando permanecem unidos. O grupo Wait Until 8th é um exemplo maravilhoso de tal coordenação: os pais assinam um compromisso quando seus filhos estão no ensino fundamental de que não darão um smartphone a seus filhos até o oitavo ano. _Página: 223_ - Normas sociais e moralização. Uma comunidade pode passar a ver uma decisão pessoal em termos morais e expressar sua repulsa ou condenação, como aconteceu com a direção sob o efeito do álcool (felizmente) ou com uma mãe que deixa seu filho de 9 anos andar de metrô sem um acompanhante adulto (infelizmente). _Página: 224_ - Soluções tecnológicas. Um novo produto ou invenção pode mudar as opções e incentivos para todos em uma comunidade ao mesmo tempo, como a introdução de bolsas com trava para telefones, o desenvolvimento de métodos rápidos e fáceis de verificação de idade, ou a introdução de telefones básicos melhores, o que reduziria a pressão sobre os pais para dar a seus filhos smartphones e mídias sociais antes do ensino médio. _Página: 224_ - Leis e regras. Os governos podem criar leis, como exigir que todas as empresas de mídia social verifiquem a idade de novos usuários, ou esclarecer as leis de negligência para que dar independência a uma criança não seja evidência de negligência. As instituições podem estabelecer políticas, como uma escola exigindo que todos os alunos mantenham seus telefones em armários de telefone durante o dia escolar. _Página: 224_ - A maioria dos princípios psicológicos em que me baseio são universalmente aplicáveis, mas minhas sugestões sobre como implementá-los podem não ser as certas para você. Por todos os meios, inove, improvise e tente medir os resultados. _Página: 225_ - Por que alguém trataria seus clientes dessa forma? Porque os usuários não são realmente os clientes da maioria das empresas de mídia social. Quando as plataformas oferecem acesso a informações ou serviços gratuitamente, geralmente é porque os usuários são o produto. _Página: 227_ - Pense nas regulamentações de segurança alimentar na Era Progressista, ou nas regulamentações de segurança automotiva na década de 1960, ambas as quais contribuíram para o declínio de longa data nas taxas de mortalidade infantil. _Página: 228_ - Em algumas áreas, a regulamentação ajudou a criar um ambiente mais seguro. _Página: 228_ - O modelo de negócios impulsionado pela publicidade transforma os usuários em produto, a serem fisgados e puxados. A personalização torna as empresas de mídia social muito mais poderosas do que as empresas eram nas indústrias pré-digitais impulsionadas por anúncios, como jornais e TV aberta. Se nos concentrarmos nesse fato, podemos então começar a ver onde a legislação pode desempenhar um papel útil e direcionado, não apenas em relação às mídias sociais, mas também para videogames e sites de pornografia, que usam muitas das mesmas técnicas de captura de atenção e extração de dados em menores. _Página: 230_ - Para empresas que geram receita exibindo anúncios ao lado de conteúdo gerado pelo usuário, existem três imperativos básicos: (1) conseguir mais usuários, (2) fazer com que os usuários passem mais tempo usando o aplicativo e (3) fazer com que os usuários postem e interajam com mais conteúdo, o que atrai outros usuários para a plataforma. _Página: 230_ - E este é o modelo da maioria dos aplicativos gratuitos hoje. _Página: 230_ - Usuários mais jovens são particularmente valiosos porque os hábitos que eles formam cedo muitas vezes os acompanham por toda a vida, então as empresas precisam de usuários mais jovens para garantir um uso futuro robusto de seus produtos. _Página: 231_ - Quanto ao segundo imperativo, uma maneira pela qual as empresas fazem com que os usuários passem mais tempo em seus aplicativos é usando inteligência artificial para selecionar o que colocar no feed de um usuário. _Página: 231_ - Designers de tecnologia aprenderam há muito tempo que reduzir o atrito ou o esforço aumenta o tempo gasto, então recursos como reprodução automática e rolagem infinita incentivam o aumento do consumo de conteúdo de forma automática, quase zumbi. _Página: 231_ - Outro exemplo é definir as configurações de privacidade das pessoas como públicas por padrão, para que tudo o que elas postam se torne conteúdo para o maior número possível de usuários. _Página: 232_ - isso é um tópico mais fácil de resolver. Basta tornar o conteúdo privado. _Página: 232_ - Após muita consulta, ela desenvolveu uma lista de padrões de design que as empresas de tecnologia poderiam adotar para tornar o tempo online menos prejudicial para crianças e adolescentes. A lista passou a ser chamada de Código de Design Apropriado para a Idade (AADC), e foi promulgada no Reino Unido em junho de 2020. _Página: 232_ - Alguns críticos se preocupam que, se houver regulamentação governamental, isso significa que o governo estará dizendo às pessoas o que elas podem e não podem dizer na internet, e o governo pode muito bem censurar um lado do espectro político ou outro. Esse medo não é irracional.[ 14] Mas a maioria dos danos pelos quais as plataformas são responsáveis não se refere ao que outros usuários estão postando (o que é difícil para as plataformas monitorar e controlar[ 15]), mas sim a decisões de design que estão 100% sob o controle das plataformas e que incentivam ou amplificam experiências prejudiciais.[ 16] Leis recentes como a KOSA são escritas para focar no design, não no conteúdo. _Página: 233_ - Não está regulando o conteúdo, mas a distribuição. _Página: 234_ - Além de definir a idade muito baixa, o projeto de lei, conhecido como COPPA (Children’s Online Privacy Protection Act), não impôs nenhuma obrigação às empresas de verificar a idade de ninguém. Elas eram apenas obrigadas a evitar a coleta de dados de usuários quando tivessem evidências diretas de que o usuário tinha menos de 13 anos. _Página: 234_ - Uma barreira que parece uma linha simples. _Página: 235_ - Mas a prontidão para assistir a um filme é muito diferente da prontidão para exercer autocontrole e fazer escolhas sábias enquanto se é submetido às técnicas viciantes de extração de atenção usadas por empresas poderosas. _Página: 235_ - Sim. Uma segunda abordagem para a verificação de idade é fazer com que os sites terceirizem o trabalho para outra empresa que simplesmente reporte à plataforma: sim ou não. Idade suficiente, ou não idade suficiente. _Página: 237_ - A Clear, uma empresa conhecida pela rápida verificação de identidade em aeroportos, é agora usada como uma maneira rápida para seus clientes — que anteriormente verificaram sua idade — provarem que têm idade suficiente para comprar álcool em eventos de estádio. _Página: 237_ - Não existe, atualmente, nenhum método perfeito para implementar uma verificação universal de idade. Não há método que possa ser aplicado a todos que acessam um site de forma perfeitamente confiável e que não levante objeções de privacidade ou liberdades civis. _Página: 238_ - Os pais deveriam ter uma maneira de marcar os telefones, tablets e laptops de seus filhos como dispositivos pertencentes a um menor. Essa marca, que poderia ser gravada no hardware ou no software, agiria como um sinal que diz às empresas com restrições de idade: "Esta pessoa é menor de idade; não admita sem o consentimento dos pais". _Página: 238_ - Isso parece simples de fazer, não é? É o mesmo que compartilhar um dispositivo com várias pessoas. _Página: 238_ - Esse tipo de verificação baseada em dispositivo oferece uma maneira pela qual pais, empresas de tecnologia e plataformas podem compartilhar a responsabilidade pela verificação de idade. _Página: 239_ - No próximo capítulo — sobre o que as escolas podem fazer — defenderei que todas as escolas, do ensino fundamental ao médio, deveriam ser livres de telefones para melhorar não apenas a saúde mental, mas também os resultados acadêmicos. _Página: 239_ - Atualmente, as leis de negligência na maioria dos estados são vagas, dizendo coisas como "Os pais devem fornecer supervisão adequada". Sim, claro que deveriam, mas as pessoas têm ideias muito diferentes do que isso implica. Só porque algum transeunte não deixaria seu filho de nove anos brincar lá fora não significa que o estado deveria poder investigar qualquer um que o faça. _Página: 240_ - O trabalho do governo é proteger as crianças de abusos reais, não das atividades cotidianas da infância. _Página: 241_ - Se queremos que as crianças se encontrem face a face e interajam com o mundo real — não apenas com telas — o mundo e seus habitantes precisam ser acessíveis a elas. _Página: 242_ - Às vezes é melhor fazer uma coisa grande do que muitas pequenas, e às vezes a coisa grande passa despercebida, mas está bem debaixo dos nossos pés. _Página: 247_ - Alguém pode duvidar que uma escola cheia de alunos usando ou pensando em seus telefones quase o tempo todo — trocando mensagens, navegando nas mídias sociais e jogando jogos para celular durante a aula e o almoço — será uma escola com menos aprendizado, mais drama e um senso mais fraco de comunidade e pertencimento? _Página: 248_ - Parece óbvio, não é? _Página: 249_ - Uma "proibição" de telefone limitada ao horário de aula é quase inútil. É por isso que as escolas devem ser livres de telefones durante todo o dia escolar. _Página: 249_ - A "divisão digital" não é mais que crianças pobres e minorias raciais têm menos acesso à internet, como se temia no início dos anos 2000; agora é que elas têm menos proteção contra ela. _Página: 250_ - Essas são as duas grandes coisas: ficar sem telefone e dar muito mais brincadeiras livres e não estruturadas. Uma escola sem telefone e cheia de brincadeiras está investindo em prevenção. _Página: 253_ - Não devemos culpar os pais por "helicóptero". Devemos culpar — e mudar — uma cultura que diz aos pais que eles devem ser "helicóptero". _Página: 254_ - Existem três grandes maneiras de melhorar o recreio: Dar mais tempo às crianças, em playgrounds melhores, com menos regras. _Página: 256_ - Como professor, sou certamente a favor de reformas que aumentem o desempenho acadêmico, mas a preocupação com as notas dos testes fez com que o sistema educacional violasse muito do que sabemos sobre o desenvolvimento infantil, os benefícios da brincadeira livre e o valor do tempo ao ar livre. _Página: 257_ - Sem modelos masculinos positivos em suas vidas, muitos meninos recorrem à internet em busca de orientação, onde são facilmente levados por "buracos de coelho" para comunidades online que podem radicalizar seu pensamento. _Página: 262_ - Novos pais perderam o acesso à sabedoria local e começaram a depender mais de especialistas. Ao fazer isso, acharam fácil abordar a parentalidade com a mentalidade que os levou ao sucesso na escola e no trabalho: Se eu conseguir o treinamento certo, posso fazer o trabalho bem e produzirei um produto superior. _Página: 267_ - Muitos de nós adotamos uma mentalidade de carpinteiro excessivamente controladora, que impede nossos filhos de florescerem. Ao mesmo tempo, subprotegemos nossos filhos no mundo virtual, deixando-os à própria sorte e falhando em fazer muita "capina". Deixamos a internet e as mídias sociais tomarem conta do jardim. Deixamos os jovens crescerem em redes sociais digitais, em vez de em comunidades onde possam criar raízes. _Página: 268_ - Então, a melhor coisa que você pode fazer por seus filhos pequenos é dar-lhes bastante tempo de brincadeira, com alguma diversidade de idade, e uma base segura e amorosa da qual eles partam para brincar. _Página: 269_ - A cura para tal ansiedade parental é a exposição. Experimente a ansiedade algumas vezes, observando conscientemente que seus piores medos não ocorreram, e você aprenderá que seu filho é mais capaz do que você pensava. _Página: 275_ - A criança média de 8 a 12 anos passa entre quatro e seis horas por dia em atividades recreativas de tela, em várias telas. _Página: 277_ - A ideia por trás de todas essas sugestões é permitir que os adolescentes se tornem mais confiantes e competentes ao se engajarem com o mundo real. Incentive atividades que os desafiem para além de sua zona de conforto. As suas também! Arriscar uma lesão grave sem um bom motivo é bobagem. Mas algum risco faz parte da jornada de qualquer herói, e há muito risco em não fazer a jornada também. _Página: 284_ - A maioria dos meus alunos diz que a última coisa que fazem à noite antes de fechar os olhos é verificar suas mensagens e contas de mídia social. É também a primeira coisa que fazem pela manhã antes de sair da cama. Não deixe seus filhos desenvolverem esse hábito. _Página: 285_