# O Livro Em Poucos Parágrafos "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, é um romance distópico clarividente que apresenta uma sociedade futurista inteiramente organizada segundo princípios científicos. Neste mundo, a humanidade é controlada através de condicionamento genético e psicológico desde o nascimento, com indivíduos programados em laboratório e adestrados para cumprir seu papel numa hierarquia de castas biologicamente definidas. A mera menção de palavras como "pai" e "mãe" produz repugnância, e a literatura, a música e o cinema servem apenas para solidificar o espírito de conformismo. É um universo que louva o avanço da técnica, a linha de montagem, a produção em série, a uniformidade, e que idolatra Henry Ford. A felicidade e a conformidade são mantidas pelo uso generalizado de uma droga chamada soma, que garante a ausência de sofrimento e a estabilidade social. A história explora temas profundos como a individualidade versus a coletividade, o preço da felicidade artificial, o papel da tecnologia na manipulação social e a perda da liberdade em nome da estabilidade. O livro contrasta essa sociedade "perfeita" com a "Reserva Selvagem", onde ainda existem resquícios de uma vida mais natural e "selvagem", introduzindo o personagem John, o Selvagem, que desafia os valores do Mundo Novo. Ao lado de "1984" de George Orwell, a obra de Huxley constitui um dos exemplos mais marcantes da tematização de estados autoritários na literatura. Enquanto Orwell criticava os governos totalitários de esquerda e direita, Huxley foca sua crítica na sociedade capitalista, industrial e tecnológica, onde a racionalidade se tornou a nova religião e a ciência, o novo ídolo, esvaziando o sentido da experiência subjetiva e elevando a obra de Shakespeare a tons revolucionários. Mais do que um mero exercício de futurismo ou ficção científica, "Admirável Mundo Novo" é um olhar agudo acerca das potencialidades autoritárias do próprio mundo em que vivemos, servindo como um alerta de que, ao não se preservarem os valores da civilização humanista, o que nos aguarda não é o paraíso iluminista da liberdade, mas os grilhões de um admirável mundo novo. # Como Este Livro Me Mudou "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley é um romance distópico que me fez questionar a natureza do progresso, da felicidade e da liberdade. Apesar de as vezes não conseguir acompanhar a escrita do autor e ter que voltar para ler alguns trechos, o livro é um convite a reflexão os caminhos que a sociedade pode tomar e as escolhas que fazemos coletivamente. Acredito que a parte fundamental do livro é o começo, no qual somos apresentados a estrutura de funcionamento do mundo através de um tour pelas áreas de condicionamento e "fabricação" e de humanos. A ideia de que indivíduos podem ser geneticamente e psicologicamente moldados desde o nascimento para "gostar do seu destino social inevitável" é perturbadora apesar de me parecer real. Além disso, essa ideia nos leva a refletir sobre se as nossas crenças são realmente nossas ou se são fabricadas e nos ofertadas. Além disso, a forma como o soma é utilizado como forma de gratificação instantânea me fez pensar em como pode ser perigoso reduzir as nossas experiências a simples pílulas que são consumidas com facilidade. No fim do livro, na conversa entre Mustapha Mond e o Selvagem John é indicado que a "grandeza" da vida muitas vezes reside na superação de adversidades, e não na sua completa eliminação. Isso me fez lembrar bastante do livro [[Em busca de sentido]] escrito por [[Viktor Emil Frankl]]. Por fim, a crítica de Huxley ao consumismo desenfreado e à abolição das estruturas familiares ressoou fortemente. O livro ilustra como imperativos econômicos podem ditar valores sociais e como a erosão de laços humanos fundamentais pode levar a uma existência estéril, ainda que "estável". Neste sentido, o livro é uma ilustração interessante da nossa relação om tecnologia, liberdade e o verdadeiro significado de ser humano. # Notas # Meus 3 Principais Destaques - "“Até que finalmente a mente da criança seja essas sugestões, e a soma das sugestões sejam a mente da criança. E não apenas a mente da criança. A mente do adulto também– durante toda a vida. A mente que julga, deseja e decide é composta por essas sugestões. Mas todas essas sugestões são sugestões nossas!” O Diretor quase gritou de triunfo. “Sugestões do Estado.” Ele bateu na mesa mais próxima. “Portanto, segue- se.”" - "“Claro que sim. A verdadeira felicidade sempre parece bastante miserável em comparação com as compensações excessivas pela miséria. E, claro, a estabilidade não é necessariamente tão espetacular quanto a instabilidade. E estar contente não tem nada do glamour de uma boa luta contra o infortúnio, nada do pitoresco de uma luta contra a tentação ou de uma derrota fatal pela paixão ou pela dúvida. A felicidade nunca é grandiosa.”" - "“Você me lembra outro daqueles velhos chamado Bradley. Ele definiu a filosofia como a descoberta de más razões para aquilo que se acredita por instinto. Como se alguém acreditasse em alguma coisa por instinto! Acreditamos nas coisas porque fomos condicionados a acreditar nelas. Encontrar razões ruins para aquilo que se acredita por outras razões ruins– isso é filosofia. As pessoas acreditam em Deus porque foram condicionadas a isso." # Todos Os Destaques ## CAPÍTULO 1 - Página 2: "Um prédio cinzento e atarracado de apenas trinta e quatro andares. Sobre a entrada principal estão escritas as palavras CENTRO DE INCUBAÇÃO e CONDICIONAMENTO CENTRAL DE LONDRES e, num escudo, o lema do Estado Mundial, COMUNIDADE, IDENTIDADE, ESTABILIDADE." - Página 3: "Pois os detalhes, como todos sabem, contribuem para a virtude e a felicidade; generalidades são males intelectualmente necessários. Não filósofos, mas serradores e os colecionadores de selos constituem a espinha dorsal da sociedade." - Página 5: "onde os Alphas e Betas permaneceram até serem definitivamente engarrafados; enquanto os Gammas, Deltas e Epsilons foram trazidos novamente, depois de apenas trinta e seis horas, para serem submetidos ao Processo de Bokanovsky." - Página 5: "Um óvulo, um embrião, uma normalidade adulta. Mas um ovo bokanovskificado brotará, proliferará, dividir- se- á. De oito a noventa e seis botões, e cada botão crescerá até se tornar um embrião perfeitamente formado, e cada embrião se tornará um adulto em tamanho real. Fazer crescer noventa e seis seres humanos onde antes só crescia um. Progresso." - Página 6: "“Meu bom menino!” O Diretor virou- se bruscamente para ele. “Você não consegue ver? Você não consegue ver? Ele levantou a mão; sua expressão era solene. “O Processo de Bokanovsky é um dos principais instrumentos de estabilidade social!”" - Página 6: "“Comunidade, Identidade, Estabilidade.” Grandes palavras. “Se pudéssemos bokanovskificar indefinidamente todo o problema estaria resolvido.”" - Página 6: "padronizacao seria o foco principal" - Página 9: "“Os Predestinadores enviam seus números para os Fertilizadores.” “Que lhes dão os embriões que eles pedem.” “E as garrafas chegam aqui para serem predestinadas em detalhes.” “Depois disso, eles são enviados para o Armazém de Embriões.”" - Página 11: "Cada garrafa podia ser colocada em uma das quinze prateleiras, cada prateleira, embora não fosse possível vê- la, era uma esteira rolante que viajava a uma velocidade de trinta e três centímetros e um terço por hora. Duzentos e sessenta e sete dias a oito metros por dia. Dois mil cento e trinta e seis metros ao todo. Um circuito da adega ao nível do solo, um na primeira galeria, meio na segunda, e na manhã de duzentos e sessenta e sete, luz do dia na Sala de Decantação. Existência independente - assim chamada." - Página 12: "Expliquei o sistema de rotulagem - um T para os homens, um círculo para as mulheres e para aqueles que estavam destinados a se tornarem estéreis um ponto de interrogação, preto sobre fundo branco." - Página 13: "“Nós também predestinamos e condicionamos. Decantamos nossos bebês como seres humanos socializados, como Alfas ou Epsilons, como futuros trabalhadores de esgoto ou futuros administradores.” Ele ia dizer “futuros controladores mundiais”, mas corrigindo- se, disse “futuros diretores de incubatórios”." - Página 13: "“Quanto mais baixa for a casta”, disse Foster, “mais curto será o oxigênio”. O primeiro órgão afetado é o cérebro. Depois disso, o esqueleto. Com setenta por cento do oxigênio normal você tem anões. Com menos de setenta monstros sem olhos." - Página 15: "“E esse”, disse o Diretor sentenciosamente, “esse é o segredo da felicidade e da virtude– gostar do que você tem que fazer. Todo condicionamento visa isso: fazer com que as pessoas gostem de seu destino social inevitável.”" ## CAPÍTULO 2 - Página 21: "Livros e barulhos altos, flores e choques elétricos - já na mente infantil estes casais estavam ligados de forma comprometedora; e depois de duzentas repetições da mesma lição ou de uma lição semelhante, eles se casariam indissoluvelmente. O que o homem uniu, a natureza é impotente para separar." - Página 21: "“Eles crescerão com o que os psicólogos costumavam chamar de ódio ‘instintivo’ por livros e flores. Reflexos inalteravelmente condicionados. Eles estarão protegidos dos livros e da botânica por toda a vida.” O Diretor voltou- se para suas enfermeiras. “Leve- os embora novamente.”" - Página 22: "As primavera e as paisagens, ressaltou ele, têm um grave defeito: são gratuitas. O amor pela natureza não mantém fábricas ocupadas. Decidiu- se abolir o amor à natureza, pelo menos entre as classes mais baixas; abolir o amor pela natureza, mas não a tendência para consumir transportes. Pois é claro que era essencial que continuassem indo para o campo, mesmo que o odiassem. O problema era encontrar uma razão economicamente mais sólida para consumir transporte do que a mera afeição por flores e paisagens. Foi devidamente encontrado." - Página 25: "Com toda razão. Você não pode aprender uma ciência a menos que saiba do que se trata." - Página 28: "“Até que finalmente a mente da criança seja essas sugestões, e a soma das sugestões sejam a mente da criança. E não apenas a mente da criança. A mente do adulto também– durante toda a vida. A mente que julga, deseja e decide é composta por essas sugestões. Mas todas essas sugestões são sugestões nossas!” O Diretor quase gritou de triunfo. “Sugestões do Estado.” Ele bateu na mesa mais próxima. “Portanto, segue- se.”" ## CAPÍTULO 3 - Página 29: "Imagine a loucura de permitir que as pessoas joguem jogos elaborados que não contribuem em nada para aumentar o consumo. É uma loucura. Hoje em dia, os Controladores não aprovarão nenhum jogo novo, a menos que seja demonstrado que ele requer pelo menos tantos aparatos quanto o mais complicado dos jogos existentes.” Ele se interrompeu." - Página 32: "Eles olharam em volta. À margem do pequeno grupo estava um estranho - um homem de estatura mediana, cabelos pretos, nariz adunco, lábios carnudos e vermelhos, olhos muito penetrantes e escuros. “Terrível”, ele repetiu. O D.H.C. naquele momento havia se sentado num dos bancos de aço e borracha convenientemente espalhados pelos jardins; mas ao ver o estranho, ele se levantou e correu para frente, com a mão estendida, sorrindo com todos os dentes, efusivo. "Controlador! Que prazer inesperado! Meninos, no que vocês estão pensando? Este é o Controlador; este é sua Fordeza, Mustapha Mond." - Página 34: "O D.H.C. olhou para ele nervosamente. Havia aqueles estranhos rumores de velhos livros proibidos escondidos num cofre no escritório do Controlador. Bíblias, poesia… Ford sabia o quê." - Página 35: "Fanny trabalhava na Sala de Engarrafamento e seu sobrenome também era Crowne. Mas como os dois bilhões de habitantes da usina tinham apenas dez mil nomes entre si, a coincidência não foi particularmente surpreendente." - Página 37: "Nosso Ford - ou Nosso Freud, como, por alguma razão inescrutável, ele escolhia se chamar sempre que falava de questões psicológicas - Nosso Freud foi o primeiro a revelar os terríveis perigos da vida familiar. O mundo estava cheio de pais– estava, portanto, cheio de miséria; cheio de mães - portanto de todo tipo de perversão, do sadismo à castidade; cheio de irmãos, irmãs, tios, tias– cheio de loucura e suicídio." - Página 39: "“Mas cada um pertence a todos”, concluiu, citando o provérbio hipnopédico." - Página 41: "“Estabilidade”, disse o Controlador, “estabilidade. Não há civilização sem estabilidade social. Não há estabilidade social sem estabilidade individual.” Sua voz era uma trombeta. Ouvindo, eles se sentiram maiores, mais quentes." - Página 45: "“O ensino do sono era realmente proibido na Inglaterra. Havia algo chamado liberalismo. O Parlamento, se você sabe o que foi isso, aprovou uma lei contra isso. Os registros sobrevivem. Discursos sobre a liberdade do sujeito. Liberdade para ser ineficiente e miserável. Liberdade para ser uma estaca redonda num buraco quadrado.”" - Página 47: "“Mas roupas velhas são horríveis”, continuou o sussurro incansável. “Sempre jogamos fora roupas velhas. Trocar é melhor que consertar, trocar é melhor que consertar, trocar é melhor…”" ## CAPÍTULO 4 - Página 58: "“Que cor horrível é o cáqui”, observou Lenina, expressando os preconceitos hipnopédicos de sua casta." - Página 60: "A zombaria fez com que ele se sentisse um estranho; e sentindo- se um estranho, comportou- se como tal, o que aumentou o preconceito contra ele e intensificou o desprezo e a hostilidade suscitados pelos seus defeitos físicos. O que, por sua vez, aumentou sua sensação de ser estranho e sozinho." - Página 63: "Sim, um pouco capaz demais; eles estavam certos. Um excesso mental produziu em Helmholtz Watson efeitos muito semelhantes aos que, em Bernard Marx, resultaram de um defeito físico." - Página 64: "Uma deficiência física poderia produzir uma espécie de excesso mental. O processo, ao que parecia, era reversível. O excesso mental poderia produzir, para seus próprios propósitos, a cegueira e a surdez voluntárias da solidão deliberada, a impotência artificial do ascetismo." ## CAPÍTULO 5 - Página 68: "“É bom pensar que podemos continuar sendo socialmente úteis mesmo depois de morrermos. Fazendo as plantas crescerem.”" - Página 70: "“Sim, todos estão felizes agora”, repetiu Lenina. Eles ouviram as palavras repetidas cento e cinquenta vezes todas as noites durante doze anos." - Página 75: "O grupo agora estava completo, o círculo de solidariedade perfeito e sem falhas. Homem, mulher, homem, num círculo de interminável alternância em volta da mesa. Doze deles prontos para se tornarem um, esperando para se unirem, para serem fundidos, para perderem suas doze identidades separadas em um ser maior." - Página 78: "Sentindo que já era hora de fazer alguma coisa, Bernard também deu um pulo e gritou: “Estou ouvindo; Ele está vindo. Mas não era verdade. Ele não ouviu nada e, para ele, ninguém vinha. Ninguém, apesar da música, apesar da excitação crescente. Mas ele agitou os braços, gritou como o melhor deles; e quando os outros começaram a dançar, a bater os pés e a arrastar os pés, ele também começou a dançar e a arrastar os pés." ## CAPÍTULO 6 - Página 82: "“Então para que serve o tempo?” - perguntou Lenina com algum espanto. Aparentemente, para fazer caminhadas no Lake District; pois foi isso que ele agora propunha. Pousar no topo de Skiddaw e caminhar por algumas horas na urze. “Sozinho com você, Lenina.”" - Página 84: "“Mas eu quero”, ele insistiu. “Isso me faz sentir como se….” ele hesitou, procurando palavras para se expressar, “como se eu fosse mais eu, se é que você me entende. Mais por conta própria, não tão completamente parte de outra coisa. Não apenas uma célula do corpo social. Isso não faz você se sentir assim, Lenina?”" - Página 85: "“Eu não sei o que você quer dizer. Eu estou livre. Livre para passar momentos maravilhosos. Todo mundo está feliz hoje em dia.” Ele riu: “Sim, ‘Todo mundo está feliz hoje em dia’. Começamos a dar isso às crianças aos cinco anos. Mas você não gostaria de ser livre para ser feliz de outra forma, Lenina? Do seu jeito, por exemplo; não do jeito de todo mundo.”" - Página 92: "A voz do Diretor vibrava com uma indignação que agora se tornara totalmente justa e impessoal– era a expressão da desaprovação da própria sociedade. “Se algum dia eu ouvir novamente sobre qualquer lapso no padrão adequado de decoro infantil, pedirei sua transferência para um Subcentro, de preferência para a Islândia. Bom dia." E girando na cadeira, pegou a caneta e começou a escrever." - Página 94: "Lenina ficou bastante ofendida. “Claro que aguento. Eu só disse que era lindo aqui porque, bem, porque o progresso é lindo, não é? “Quinhentas repetições uma vez por semana, dos treze aos dezessete”, disse Bernard, cansado, como se falasse consigo mesmo." ## CAPÍTULO 7 - Página 114: "Além disso, nunca foi certo remendar roupas. Jogue- os fora quando tiverem buracos e compre novos. ‘Quanto mais pontos, menos riqueza.’ Não é verdade? Remendar é anti- social." - Página 115: "Embora você não tenha ideia de como isso é difícil. Há tanta coisa que não se sabe; não era da minha conta saber. Quero dizer, quando uma criança lhe pergunta como funciona um helicóptero ou quem fez o mundo - bem, o que você deve responder se for um Beta e sempre trabalhou na Sala de Fertilização? O que você deve responder?" ## CAPÍTULO 8 - Página 123: "Foi o mesmo com tudo o mais que ele perguntou. Linda nunca parecia saber. Os velhos do pueblo tinham respostas muito mais definidas." - Página 124: "Ele odiava Popé cada vez mais. Um homem pode sorrir e sorrir e ser um vilão. Vilão implacável, traiçoeiro, lascivo e cruel." - Página 131: "Sua voz vacilou. “Ó admirável mundo novo”, ele começou, depois se interrompeu de repente; o sangue havia desaparecido de suas bochechas; ele estava pálido como papel." - Página 132: "“Ó admirável mundo novo”, ele repetiu. “Ó admirável mundo novo que tem essas pessoas. Vamos começar imediatamente. “Às vezes você tem um jeito muito peculiar de falar”, disse Bernard, olhando para o jovem com perplexidade e espanto. “E, de qualquer forma, não seria melhor você esperar até ver realmente o novo mundo?”" ## CAPÍTULO 10 - Página 140: ""Eu sei. Mas isso é mais uma razão para severidade. Sua eminência intelectual traz consigo responsabilidades morais correspondentes. Quanto maiores forem os talentos de um homem, maior será seu poder para desviar- se. É melhor que alguém sofra do que muitos sejam corrompidos. Considere o assunto desapaixonadamente, Sr. Foster, e verá que nenhuma ofensa é tão hedionda quanto a heterodoxia de comportamento." ## CAPÍTULO 11 - Página 155: "“Nossa biblioteca”, disse o Dr. Gaffney, “contém apenas livros de referência. Se nossos jovens precisam de distração, eles podem obtê- la através dos sentimentos. Nós não os encorajamos a se entregar a quaisquer diversões solitárias.”" ## CAPÍTULO 12 - Página 169: "Uma pena, pensou ele, enquanto assinava seu nome. Foi um trabalho magistral. Mas uma vez que você começasse a admitir explicações em termos de propósito, você não sabia qual poderia ser o resultado." - Página 171: "Uma das principais funções do amigo é sofrer (de forma mais branda e simbólica) os castigos que gostaríamos, mas não podemos, infligir aos nossos inimigos." ## CAPÍTULO 16 - Página 214: "“Porque o nosso mundo não é igual ao mundo de Otelo. Você não pode fazer carros sem aço– e não pode fazer tragédias sem instabilidade social. O mundo está estável agora. As pessoas estão felizes; eles conseguem o que querem e nunca querem o que não conseguem. Eles estão bem; eles estão seguros; eles nunca estão doentes; eles não têm medo da morte; eles são felizmente ignorantes da paixão e da velhice; eles não são atormentados por não terem mães ou pais; eles não têm esposas, filhos ou amantes pelos quais tenham sentimentos fortes; eles estão tão condicionados que praticamente não conseguem evitar se comportar como deveriam. E se alguma coisa der errado, existe o soma. Que você jogou pela janela em nome da liberdade, Sr. Selvagem. Liberdade!" Ele riu. “Esperando que os Deltas saibam o que é liberdade! E agora esperando que eles entendam Otelo! Meu bom menino!" - Página 215: "“Claro que sim. A verdadeira felicidade sempre parece bastante miserável em comparação com as compensações excessivas pela miséria. E, claro, a estabilidade não é necessariamente tão espetacular quanto a instabilidade. E estar contente não tem nada do glamour de uma boa luta contra o infortúnio, nada do pitoresco de uma luta contra a tentação ou de uma derrota fatal pela paixão ou pela dúvida. A felicidade nunca é grandiosa.”" - Página 218: "Toda a Irlanda foi submetida à jornada de quatro horas. Qual foi o resultado? Agitação e grande aumento no consumo de soma; isso foi tudo. Essas três horas e meia extras de lazer estavam tão longe de ser uma fonte de felicidade que as pessoas se sentiam obrigadas a tirar férias delas." ## CAPÍTULO 17 - Página 228: "“Você me lembra outro daqueles velhos chamado Bradley. Ele definiu a filosofia como a descoberta de más razões para aquilo que se acredita por instinto. Como se alguém acreditasse em alguma coisa por instinto! Acreditamos nas coisas porque fomos condicionados a acreditar nelas. Encontrar razões ruins para aquilo que se acredita por outras razões ruins– isso é filosofia. As pessoas acreditam em Deus porque foram condicionadas a isso."