# The Book in a Few Sentences
The book **"Maybe You Should Talk to Someone: A Therapist, Her Therapist, and the Lives of All of Us"** written by **Lori Gottlie** is a nonfiction work that narrates the experience of the author, a therapist, who seeks another therapist to help her with a personal process. In addition, the author narrates her experience in her office with some of her patients. The book offers a light approach to address some of our universal issues such as: how to deal with loss, the end of life, sexuality, our relationships with others, etc. It is very interesting to see how the author manages to address so many topics in an open way and also demonstrate her own vulnerability and development in dealing with life.
# How This Book Changed Me
I read this book after seeing the cover and review of it in the bookstore. At that moment, I was curious to understand how the author would approach the various characters that, based on the title, would be addressed. At the same time, I am going through a moment of reflection in which I try to better understand how to deal with life and other matters. moment of reflection in which I try to better understand how to deal with life in
# Notes
- [[Todo mundo tem um lado legal]]
- [[Envergonhados de perdir ajuda]]
- [[Assumir responsabilidade por nossas crises]]
- [[As vezes o inferno somos nós]]
- [[Problema atual]]
- [[Não seja perfeito]]
- [[A vida vai além de ligar a TV]]
- [[Autoexposição dos terapeutas]]
- [[Terapia depende da relação paciente e terapeuta]]
- [[Pacientes altamente funcionais]]
- [[Paradoxo da terapia]]
- [[Nossas narrativas]]
- [[Compaixão estúpida]]
- [[Difference between pain and suffering]]
- [[Não julgue seus sentimentos]]
- [[O futuro é agora]]
- [[Quando o presente colapsa, o futuro também]]
- [[Você não é a melhor pessoa para conversar com você mesmo]]
- [[Não sabemos qual o nosso problema]]
- [[Terapeutas usam três fontes de informação]]
- [[Comportamentos destrutivos]]
- [[Entendendo a si mesmo]]
- [[A internet pode ser boa ou ruim]]
- [[Telling our stories is hard]]
- [[Paciência e velocidade]]
- [[4 preocupações supremas]]
- [[Não saber nos atormenta]]
- [[Autogratificação]]
- [[Felicidade é as vezes]]
- [[Significado não significa felicidade]]
# My 3 Favorite Highlights
- When the present falls apart, so does the future we associate with it. And having the future taken away is the mother of all plot twists.
- Many of our destructive behaviors are born from an emotional void that cries out for something to fill it.
- It takes a while to hear someone's story, and for them to tell it, and like most stories, including mine, it bounces all over the place before you know what the plot really is.
# Highlights - I Read This Book in Portuguese
Uma vez, durante meu estágio, uma supervisora me disse: “Todo mundo tem um lado simpático”, e, para minha grande surpresa, descobri que ela tinha razão. É impossível conhecer as pessoas profundamente e não acabar gostando delas. — Page: 108
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Em outras palavras, estou lidando com a minha dor da maneira como imagino que John anda lidando com a dele: encobrindo-a. — Page: 137
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Não podemos ter mudança sem perda, motivo pelo qual é tão frequente as pessoas dizerem que querem mudar, mas mesmo assim continuarem exatamente iguais. — Page: 140
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Por outro lado, isto aqui, neste momento, entre mim e você, não é terapia, mas uma história sobre terapia: como nos curamos e aonde ela nos leva. — Page: 149
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quero capturar o processo no qual os seres humanos, lutando para evoluir, pressionam contra suas cascas até que elas rachem em silêncio (mas, às vezes, ruidosamente) e de forma lenta (mas, às vezes, subitamente). — Page: 151
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mas pulsando sob nossa competência adquirida a duras penas está o fato de sabermos o quanto é difícil ser um indivíduo. — Page: 157
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Por mais que hoje, como sociedade, sejamos abertos em relação a assuntos antes privados, o estigma que envolve nossas dificuldades emocionais permanece espantoso. — Page: 165
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mas em parte porque a vida segue e a terapia ajuda-nos a confrontar nossos demônios quando eles surgem. E eles certamente surgirão, porque todo mundo tem demônios, grandes, pequenos, antigos, novos, silenciosos, barulhentos, sejam de que tipo forem. — Page: 178
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Um dos passos mais importantes da terapia é ajudar as pessoas a assumir responsabilidade por suas crises em andamento, porque uma vez que elas descobrem que podem, e devem, construir suas próprias vidas, veem-se livres para gerar mudanças. — Page: 184
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Mas, às vezes, com mais frequência do que percebemos, essas pessoas difíceis somos nós. É isso mesmo, às vezes o inferno somos nós. — Page: 193
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Somos espelhos refletindo espelhos, mostrando uns aos outros o que ainda não conseguimos ver. — Page: 199
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Tudo começa com um problema atual. Por definição, o problema atual é o motivo que leva uma pessoa a procurar terapia. — Page: 214
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Existem muitas maneiras de se contar uma história, e se aprendi uma coisa como terapeuta é que a maioria das pessoas se enquadra no que os terapeutas chamam de “narradores não confiáveis”. Isso não quer dizer que elas enganem propositalmente. O que acontece é que cada história tem múltiplos fios, e elas tendem a deixar de fora aqueles que não se enquadram em suas perspectivas. — Page: 238
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Com certeza, todos nós temos nosso fator impeditivo. — Page: 296
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Se você passa pela vida cheio de exigências, se não reconhece que “o perfeito é inimigo do bom”, pode se privar da alegria. — Page: 297
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A terapia provoca reações estranhas porque, de certa maneira, é como pornografia; ambas implicam um tipo de nudez; ambas têm o potencial para excitar e ambas têm milhões de usuários, cuja maioria mantém seu uso privado. — Page: 344
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No início de um surto de dor, as pessoas tendem a atacar outras pessoas ou a si mesmas, para projetar a raiva para fora ou para dentro. — Page: 357
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Existe um dito popular, uma paráfrase de um poema de Robert Frost: A única saída é atravessar. A única maneira de se chegar ao outro lado do túnel é passando por dentro dele, e não o rodeando. Mas, neste momento, não consigo nem visualizar a entrada. — Page: 371
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Fazer companhia na dor é uma das raras experiências que as pessoas conseguem no espaço protegido de uma sala de terapia, mas é muito difícil dar ou recebê-la fora dali, mesmo para Jen, uma terapeuta. — Page: 386
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Fazer algo induz a pessoa a fazer algo mais, substituindo um círculo vicioso por um eficiente. — Page: 399
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Sempre me senti atraída por histórias, não apenas pelos fatos, mas pela maneira como são contadas. — Page: 411
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Não tinha pensado que se a única coisa que te mantém ativa o dia todo é saber que vai ligar a TV depois do jantar, provavelmente você está deprimida. — Page: 477
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No entanto, atualmente, a maioria dos terapeutas usa, em seu trabalho, alguma forma do que é conhecido como autoexposição, seja compartilhando algumas de suas próprias reações afloradas durante a sessão, ou reconhecendo assistir ao programa de TV ao qual o paciente costuma se referir. (É melhor admitir que você assiste ao The Bachelor, do que fingir ignorância e se trair ao citar um membro do elenco ainda não mencionado pelo paciente.) — Page: 521
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Cada caso exige ponderação, um fator decisivo subjetivo, usado para avaliar a importância da revelação: Essa informação será útil para o paciente? — Page: 527
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Quando bem feita, a autoexposição pode transpor certa distância com pacientes que se sentem isolados em suas experiências e encorajar mais abertura. Mas se for percebida como imprópria ou autoindulgente, o paciente se sentirá desconfortável e começará a se fechar, ou simplesmente fugirá. — Page: 529
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Não há nada como uma doença para acabar com a sensação de controle, mesmo que, frequentemente, tenhamos menos controle do que imaginamos. — Page: 568
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E quando isso acontece, o único controle que você tem é a forma como lida com esses problemas – à sua maneira, não a que os outros lhe sugerem. — Page: 570
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Meu peito dói como se meu coração tivesse sido esmagado, apesar de eu saber que não foi, porque, quando muito, ele está trabalhando com mais força, batendo rapidamente o tempo todo, sinal de ansiedade. — Page: 603
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Sinto falta dele, ou sinto falta da ideia que construí dele? — Page: 607
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Vários estudos demonstram que o fator mais importante no sucesso do seu tratamento é seu relacionamento com o terapeuta, sua experiência de “se sentir percebida”. — Page: 626
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Os pacientes altamente funcionais são aqueles que conseguem estabelecer relações, administram responsabilidades de adultos e têm capacidade para uma autorreflexão. — Page: 655
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Embora ele não tenha dito grande coisa, nossa conversa me dá um alívio imediato. Sei que esse é um efeito placebo comum; frequentemente os pacientes sentem-se esperançosos depois de marcar essa primeira consulta, antes mesmo de pisarem na sala de terapia. — Page: 698
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A verdade é que, desde o rompimento, cada dia tem sido pior do que a própria noite em que aconteceu, porque agora um vazio evidente abriu-se na minha vida. — Page: 735
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Um paradoxo interessante do processo terapêutico: para realizar seu trabalho, os terapeutas tentam ver os pacientes como eles realmente são, o que significa perceber suas vulnerabilidades, seus padrões e dificuldades mais arraigados. É evidente que os pacientes querem ser ajudados, mas também querem ser estimados e admirados. Em outras palavras, querem esconder suas vulnerabilidades e seus padrões e dificuldades mais arraigados. — Page: 741
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estilo de apego. Os estilos de apego são formados logo na primeira infância, com base em nossas interações com nossos cuidadores. — Page: 762
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Mas Wendell não oferece uma. É claro. Eu não esperava que ele chamasse o Namorado de lixo, como Allison fez; um terapeuta usaria uma linguagem mais neutra, tal como: “Parece que ele tinha vários sentimentos que não comunicava diretamente a você”. Mesmo assim, Wendell não diz nada. — Page: 773
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Uma frase que ouvi pela primeira vez na graduação me vem à cabeça: “o ato terapêutico, não a palavra terapêutica”. — Page: 782
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Ele está tentando estabelecer o que é conhecido como uma aliança terapêutica, uma confiança que precisa se desenvolver antes que o trabalho possa ser iniciado. — Page: 816
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Que o problema atual, o assunto que alguém traz, é frequentemente apenas um aspecto de um problema maior, se não um engodo completo. — Page: 819
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Sei que frequentemente as pessoas criam narrativas capengas para se sentirem melhor no momento, ainda que isso faça com que se sintam pior com o passar do tempo; e que, às vezes, elas precisam de alguém que leia as entrelinhas. — Page: 829
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Estou no limbo entre saber e não saber. — Page: 832
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Certa vez um supervisor associou fazer psicoterapia a passar por uma fisioterapia. Pode ser difícil e provocar dor, sua condição pode piorar antes de melhorar, mas se você comparecer assiduamente e der duro quando estiver lá, resolverá as dificuldades e seu desempenho será muito melhor. — Page: 839
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Na semana passada, depois que John começou a digitar durante a consulta, chamei sua atenção para o fato de me sentir dispensada quando ele digita. Isso é chamado de trabalhar no aqui-e-agora. Em vez de focar nas histórias do mundo externo do paciente, o aqui-e-agora trata do que ocorre na sala. — Page: 864
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Acima de tudo, não queria cair na armadilha que os budistas chamam de compaixão idiota, expressão adequada, considerando a visão de mundo de John. Na compaixão idiota, você evita balançar o barco para poupar os sentimentos das pessoas, ainda que o barco precise ser balançado, e sua compaixão acabe sendo mais nociva do que sua honestidade. As pessoas fazem isso com adolescentes, cônjuges, viciados, até consigo mesmas. Seu oposto é a compaixão sábia, que significa importar-se com a pessoa, mas também lançar-lhe uma amorosa bomba de verdade, quando necessário. — Page: 873
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Cada sessão de terapia pertence tanto ao paciente quanto ao terapeuta; à interação entre eles. — Page: 901
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Na verdade, em vez de sermos neutros, nós, terapeutas, esforçamo-nos para notar nossas sensações não neutras, tendências e opiniões (que chamamos de contratransferência), de modo a podermos nos afastar e decidir o que fazer com eles. — Page: 921
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As pessoas frequentemente confundem entorpecimento com apatia, mas esse torpor não é a ausência de sentimentos, e sim uma reação a um excesso de emoções. — Page: 969
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As pessoas que vêm à terapia apresentam um retrato instantâneo de si mesmas, e a partir dessas imagens, uma terapeuta precisa extrapolar. Os pacientes chegam, se não no seu pior, com certeza não no seu melhor. Podem estar desesperados ou na defensiva, confusos ou caóticos. Em geral, estão num humor muito ruim. — Page: 979
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Ambas são você naquela fração de tempo, e nenhuma é você em sua plenitude. — Page: 994
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As pessoas nem sempre se lembram com clareza de acontecimentos ou conversas, mas se lembram com grande precisão de como se sentiram perante uma experiência. — Page: 999
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Certa vez ouvi a criatividade ser descrita como a habilidade para compreender a essência de uma coisa e a essência de outra coisa bem diferente, fundindo-as para criar algo totalmente novo. É isso que os terapeutas também fazem. Pegamos a essência do retrato inicial e a essência de um imaginário e fundimos os dois para criar uma imagem totalmente nova. — Page: 006
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Ele diz que quero que o Namorado se explique para mim – e que ele está se explicando para mim –, mas que continuo insistindo, porque a explicação que ele me dá não é a que quero ouvir. — Page: 055
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“Existe uma diferença entre dor e sofrimento”, Wendell diz. “Você vai ter que sentir dor, todo mundo sente dor de vez em quando, mas não é preciso sofrer tanto. Você não está escolhendo a dor, está escolhendo o sofrimento.” — Page: 077
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“Não saber é um bom ponto de partida”, ele diz, e isso me parece uma revelação. Passo tempo demais tentando resolver coisas, buscando a resposta, mas tudo bem não saber. — Page: 110
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“Seus sentimentos não precisam bater com o que você pensa que deveriam ser”, ele explicou. “Eles estarão lá de qualquer jeito, então você pode muito bem aceitá-los, porque eles contêm pistas importantes.” — Page: 117
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Não julgue seus sentimentos; observe-os. Use-os como seu mapa. Não tenha medo da verdade. — Page: 120
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As coisas sobre as quais mais reclamamos são, com frequência, exatamente aquelas em que precisamos dar uma olhada. — Page: 136
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Existe uma decisão constante a ser tomada quanto a fugir da dor ou a tolerá-la e, assim, modificá-la. — Page: 144
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Tendemos a pensar que o futuro acontece mais tarde, mas ele está sendo criado em nossa mente todos os dias. — Page: 153
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Quando o presente desmorona, o mesmo acontece com o futuro que associamos a ele. E ter o futuro subtraído é a mãe de todas as reviravoltas na trama. — Page: 153
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Ao espionar o Namorado via Google, andei observando o desenrolar do seu futuro, enquanto fico paralisada no passado. Mas se viver o presente, terei que aceitar a perda do meu futuro. — Page: 155
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Mas… se você passar a vida toda lamentando o fato de não ter chegado à Itália, pode ser que nunca se sinta livre para aproveitar coisas muito especiais e encantadoras que existem na Holanda. — Page: 280
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E depois que a raiva de Julie em relação a “Bem-vindo à Holanda” diminuiu, ocorreu-lhe que sempre haveria alguém cuja vida parecesse mais – ou menos – invejável. Ela trocaria de lugar com Dara, agora? Seu primeiro instinto foi: sim, num pulo. O segundo: talvez não. — Page: 316
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Sendo assim, Julie começou a ver que estamos todos na Holanda, porque a maioria das pessoas não tem a vida exatamente como planejou. Mesmo que você tenha sorte bastante para viajar para a Itália, poderia passar por cancelamento de voos e um tempo horroroso. — Page: 324
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Mas esqueci que, frequentemente, as pessoas assumem sua faceta mais interessante quando têm a famosa arma apontada para a cabeça. — Page: 334
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As pessoas tendem a sonhar sem partir para a ação, fazendo com que a morte permaneça teórica. — Page: 346
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a vida tem uma taxa de mortalidade de cem por cento. Todos nós morreremos, e a maioria de nós não tem ideia de como ou quando isso acontecerá. — Page: 350
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Se havia algo que tivessem aprendido era que a vida é a própria definição da incerteza. — Page: 372
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Por outro lado, os transtornos de humor são egodistônicos, ou seja, a pessoa que sofre desses transtornos acha-os angustiantes, não gosta de ser depressiva ou ansiosa, ou de precisar acender e apagar as luzes dez vezes antes de sair de casa. Sabe que algo não está funcionando com ela. — Page: 582
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John pode ser narcisista, mas ele também é… John. Que pode ser arrogante e, para usar uma descrição não clínica, irritante pra caramba. — Page: 597
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Normalmente, eu não faria isso, mas a terapia não segue uma regra. Precisamos de limites profissionais, mas se eles forem abertos demais, como um oceano, ou muito constritivos, como um aquário, teremos problemas. — Page: 665
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meados do século XX, o psicanalista britânico Wilfred Bion postulou que os terapeutas deveriam abordar seus pacientes “sem lembrança ou desejo”. Segundo ele, as lembranças dos terapeutas estavam propensas a interpretações subjetivas, mudando com o tempo, enquanto seus desejos poderiam ir contra o que seus pacientes queriam. — Page: 877
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Estava tendo dificuldade para lidar com meus pensamentos negativos, porque, fora da sala de Wendell, eles não tinham muita vazão. — Page: 915
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Você não é a melhor pessoa para conversar com você sobre você nesse momento. — Page: 946
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Na terapia, visamos à autocompaixão (Sou humano?) versus a autoestima (um julgamento: Sou bom ou ruim?). — Page: 949
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O luto, não é de se surpreender, pode se parecer com depressão, e por essa razão, até alguns anos atrás, havia algo denominado exclusão de luto no nosso manual de diagnóstico. — Page: 965
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Além disso, existe o fato de que as perdas tendem a ter várias camadas. Existe a perda real (no meu caso, do Namorado) e a perda subjacente (o que ela representa). — Page: 969
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Tudo que nós terapeutas fazemos, dizemos ou sentimos, enquanto estamos atendendo nossos pacientes, é mediado por nossas histórias; — Page: 982
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Ele é tão misterioso para mim quanto eu sou para ele, e mesmo assim cá estamos, juntando forças para desvendar a história que me trouxe até aqui. — Page: 990
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Os terapeutas remexem numa mente, e não em um cérebro, e podemos ver, pelos gestos ou expressões mais sutis, se atingimos um nervo. — Page: 998
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Na terapia, descobriu que o mistério que tentava resolver era maior do que saber se seu pai havia ou não cometido suicídio. Era também o mistério de quem era seu pai quando vivo, e quem ela se tornou como consequência disso. — Page: 007
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As pessoas querem ser compreendidas e compreender, mas, para a maioria de nós, o maior problema é não saber qual é o nosso problema. — Page: 009
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Aqui analisamos não apenas nossos pacientes, mas nós mesmos em relação a eles. — Page: 040
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porque a terapia não pode ajudar pessoas que não sejam curiosas sobre si mesmas. — Page: 050
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Em geral, o que acontece entre terapeuta e paciente também acontece entre o paciente e as pessoas do mundo externo, e é no lugar protegido da sala de terapia que o paciente pode começar a entender o motivo. — Page: 066
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Os terapeutas usam três fontes de informação quando trabalham com os pacientes: o que os pacientes dizem, o que fazem, e como nos sentimos quando estamos sentados com eles. — Page: 074
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Os pacientes mais difíceis não são aqueles como John, pessoas que estão mudando, mas não parecem perceber. Os pacientes mais difíceis são aqueles como Becca, que continuam vindo, mas não mudam. — Page: 086
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E exatamente como Becca tinha suas limitações, eu também tinha as minhas. Todo terapeuta que conheço depara-se com as suas. — Page: 097
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A terapia é um trabalho puxado, e não apenas para o terapeuta. Isso acontece porque a responsabilidade pela mudança encontra-se diretamente com o paciente. — Page: 121
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(Nosso papel é entender a sua perspectiva, mas não necessariamente endossá-la.) — Page: 124
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Em vez de encaminharmos a pessoa diretamente para o cerne do problema, cutucamos para que ela chegue lá sozinha, porque as verdades mais poderosas, aquelas que as pessoas levam mais a sério, são as que elas descobrem pouco a pouco, por conta própria. — Page: 125
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O que torna a terapia um desafio é que ela exige que as pessoas se enxerguem de maneiras que, normalmente, escolhem não se enxergar. — Page: 139
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Foi o que fiz com Wendell, ao falar incessantemente sobre o Namorado; ele não consegue chegar até mim, porque não permito que chegue. — Page: 151
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o tema da exclusão. Trata-se do medo de sermos deixados de lado, ignorados, evitados, e terminarmos mal amados e sós. — Page: 188
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Carl Jung cunhou o termo inconsciente coletivo para se referir à parte da mente que conserva uma lembrança ancestral, ou vivencia o que é comum a toda a humanidade. — Page: 190
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Enquanto Freud interpretava sonhos no nível objetivo, ou seja, o modo como o conteúdo do sonho relacionava-se, na vida real, com quem sonhava (a seleção de personagens, as situações específicas), — Page: 191
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na psicologia junguiana, os sonhos são interpretados no nível subjetivo, ou seja, como eles se relacionam com temas comuns em nosso inconsciente coletivo. — Page: 192
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Às vezes leva-se um tempo para admitirmos nossos próprios medos, principalmente para nós mesmos. — Page: 201
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Em vez de mostrar o quanto nós, pais, estávamos nos esforçando demais para fazer nossos filhos felizes, eu mostraria o quanto estávamos nos esforçando demais para fazer a nós mesmos felizes. A ideia parecia mais próxima do meu coração. — Page: 284
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Muitos dos nossos comportamentos destrutivos nascem de um vazio emocional, que clama por algo que o preencha. — Page: 318
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Sempre que uma pessoa em um sistema familiar começa a passar por mudanças, mesmo que sejam mudanças saudáveis e positivas, não é raro que os outros membros desse sistema façam todo o possível para manter o status quo e trazer as coisas de volta para a estabilidade. — Page: 366
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Estou sempre trabalhando com John na identificação do seu sentimento imediato, porque os sentimentos levam a comportamentos. Depois que sabemos o que estamos sentindo, podemos fazer escolhas sobre aonde queremos ir com isso. Mas se os afastamos no segundo em que surgem, geralmente terminamos desviando na direção errada, perdendo-nos novamente na terra do caos. — Page: 437
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o amor frequentemente pode se parecer com muitas coisas que não parecem amor. — Page: 474
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Evidentemente, a raiva tem outra função: afasta as pessoas e impede que elas se aproximem o bastante para enxergá-lo. — Page: 502
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Penso em como as pessoas vêm à terapia esperando sentir-se melhor, mas o que melhor significa realmente? — Page: 590
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Como disse o falecido psicanalista John Weakland numa frase famosa: “Antes de a terapia ter sucesso, é a mesma chatice todas as vezes. Depois que a terapia tem sucesso, é uma chatice atrás da outra”. — Page: 594
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Mas parte de entender a si mesmo é desconhecer a si mesmo, abrir mão das histórias limitantes que você vem se contando sobre quem você é, de modo a não ficar aprisionado por elas, podendo viver sua vida. — Page: 599
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Lembro-me de uma citação de Einstein: “Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo grau de consciência que o criou”. Sempre achei que fazia sentido, mas, como a maioria de nós, também acredito que poderia conseguir solucionar meu problema pensando repetidas vezes como me coloquei naquela situação. — Page: 607
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Sentimo-nos completamente empacados, presos em nossas celas emocionais, mas existe uma saída… Desde que estejamos dispostos a vê-la.” — Page: 619
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em vez de girar o dial para lá ou para cá? Mude a estação. Contorne as barras. Quem está nos impedindo, senão nós mesmos? — Page: 639
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a liberdade envolve responsabilidade, e existe uma parte na maioria de nós que acha a responsabilidade assustadora. — Page: 644
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Essas são questões com que todos nós lidamos de uma maneira mais tranquila: Quanto queremos saber? Quanto é demais? E quanto é demais quando se está morrendo? — Page: 700
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Os terapeutas dizem a seus pacientes: Siga sua inveja, ela mostra o que você quer. — Page: 711
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Um terapeuta deve ser um receptáculo para a esperança que uma pessoa deprimida ainda não pode conter, — Page: 801
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Ao mesmo tempo, a velhice é uma porcentagem proporcionalmente maior da média de vida de uma pessoa do que costumava ser. — Page: 823
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Em geral, no começo da terapia, peço aos pacientes que narrem as últimas 24 horas com o máximo de detalhes possível. Dessa maneira, tenho uma boa percepção da situação vigente – o nível de conectividade e a sensação de pertencimento, como suas vidas são povoadas, quais são suas responsabilidades e seus fatores estressantes, o quanto seus relacionamentos podem ser tranquilos ou voláteis, e como escolhem passar o tempo. — Page: 839
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Como escreveu Andrew Solomon em O demônio do meio-dia: “O oposto da depressão não é felicidade, mas vitalidade”. — Page: 849
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Costumamos nos casar com nossos assuntos inacabados. — Page: 884
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Uma vez, contei a Wendell que sou péssima para tomar decisões, que com frequência o que penso que quero não acontece da maneira que imaginei. Mas havia duas notáveis exceções, e ambas provaram ser as melhores decisões da minha vida. — Page: 954
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Com o jornalismo, pensei, eu poderia contar histórias de pessoas, mas não as estaria mudando. Como terapeuta, eu poderia ajudar as pessoas a mudar suas histórias. E com essa carreira dupla, eu poderia ter a combinação perfeita. — Page: 994
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Eu ri e disse que, às vezes, ser terapeuta era mais parecido com ter um caso com todos os nossos pacientes, passados e presentes, simultaneamente. Estamos sempre fingindo não conhecer as pessoas que conhecemos em sua maior intimidade. — Page: 057
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Frequentemente, quando os pacientes presenciam nossa humanidade, eles nos deixam. — Page: 080
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Nos filmes, os silêncios do terapeuta se tornaram um clichê, mas é apenas no silêncio que as pessoas podem, realmente, escutar a si mesmas. Falar pode mantê-las dentro de suas mentes, e a uma distância segura das suas emoções. Ficar em silêncio é como esvaziar o lixo. Quando você para de jogar lixo no vazio – palavras, palavras e mais palavras –, algo importante sobe à superfície. — Page: 111
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Ela estava se aproximando da “sobriedade emocional”, habilidade para gerenciar os próprios sentimentos sem se automedicar, quer essa medicação venha sob a forma de substâncias, defesas, casos amorosos ou internet. — Page: 218
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Quando, finalmente, fechei meu notebook, a noite tinha acabado e eu me sentia culpada, vazia e exausta. — Page: 250
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A internet tanto pode ser um bálsamo, quanto um vício, uma maneira de bloquear a dor (o bálsamo), ao mesmo tempo em que a cria (o vício). — Page: 251
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“Ele é muito o meu tipo.” O que a maioria das pessoas quer dizer com tipo é uma sensação de atração, um tipo de aparência física, ou um tipo de personalidade que as incita. — Page: 304
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O terapeuta Terry Real descreveu nosso padrão de comportamento como “nossa família originária internalizada. Trata-se do nosso repertório de temas relacionais”. — Page: 322
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Pode parecer lógico que, se você se identifica com um paciente, o trabalho ficará mais fácil porque, intuitivamente, você o compreende, mas sob vários aspectos esse tipo de identificação dificulta as coisas. Tive que ficar ultra-atenta em nossas sessões, para ter certeza de que via Charlotte como uma pessoa distinta, e não como uma versão mais jovem de mim mesma, que eu poderia voltar e consertar. — Page: 350
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principalmente na hora de dormir. Isso pareceu um clássico exemplo de “identificação projetiva”. Na projeção, um paciente atribui suas crenças a outra pessoa; na identificação projetiva, ele as insere em outra pessoa. — Page: 509
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As pessoas comunicam-se através do seu comparecimento, se são pontuais ou chegam atrasadas, se cancelam um horário antecipadamente, ou simplesmente não aparecem. — Page: 531
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A não ser que você já tenha se sentado numa sala silenciosa, sozinha com um desconhecido aos soluços, você realmente não sabe o quanto isso é, ao mesmo tempo, estranho e íntimo. — Page: 609
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Leva-se um tempo para escutar a história de alguém, e para que a pessoa a conte, e como a maioria das histórias, inclusive a minha, ela quica por todo canto, antes que se saiba qual é realmente a trama. — Page: 689
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“doença dos estudantes de medicina”. Esse é um fenômeno verdadeiro, documentado na literatura, no qual os estudantes de medicina acreditam estar sofrendo de qualquer que seja a doença que estejam estudando. — Page: 721
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Achava que eu era uma versão moderna da histérica de Freud, passando pelo que é conhecido como “transtorno de conversão”. Trata-se de uma condição na qual a ansiedade de uma pessoa é “convertida” em problemas neurológicos, tais como paralisia, transtornos de equilíbrio, incontinência, cegueira, surdez, tremores e convulsões. — Page: 746
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porque a verdade tem um custo: a necessidade de encarar a realidade. — Page: 831
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Mas, agora, o beijo provocou outra crise em Rita… Possibilidade. E isso pode lhe parecer ainda mais intolerável do que seu sofrimento. — Page: 948
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Às vezes o “drama”, por mais desagradável que seja, pode ser uma forma de automedicação, uma maneira de nos acalmarmos, evitando as crises que fermentam por dentro. — Page: 962
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Ao lado do meu arquivo, está colada a palavra “ultracrepidanismo”, que significa “o hábito de dar opiniões e conselhos em assuntos fora do conhecimento ou da competência de alguém”. — Page: 967
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Por trás das minhas perguntas, está a suposição de que Wendell seja um ser humano mais competente do que eu. Às vezes, me pergunto: Quem sou eu para tomar decisões importantes na minha própria vida? Será que sou mesmo qualificada para isso? — Page: 988
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Não é que ela esteja escondendo seus sentimentos; é que não consegue acessá-los. Existe uma palavra para esse tipo de cegueira emocional: “alexitimia”. Ela não sabe o que está sentindo, ou não tem palavras para expressá-lo. — Page: 001
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“Minha mãe biológica me achou no Facebook”). As pessoas fazem isso por várias razões: estão constrangidas, não querem que você tenha a chance de comentar, querem te deixar se sentindo tão abalada quanto eles. (Entrega especial! Aqui está toda a minha perturbação; reflita sobre ela a semana toda, ok?) Ou é um desejo: Pense em mim. — Page: 061
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“Talvez tudo que eles reclamam não seja de fato um problema! Vai ver que está tudo bem daquele jeito. Talvez esteja até ótimo, como o corte de cabelo deles. Vai ver que eles ficariam mais felizes se não tentassem mudar as coisas, apenas ser.” — Page: 095
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Refleti sobre isso. Com certeza, havia certa verdade ali. Às vezes, as pessoas precisavam aceitar a si mesmas e aos outros do jeito que eram. Mas, às vezes, para se sentir melhor, você precisa de um espelho erguido à sua frente, e não o espelho que a faça parecer bonita, como aquele que eu estava olhando no momento. — Page: 097
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Isso era luto. Você ri. Você chora. Repete. — Page: 207
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Ela anda imaginando o quanto precisa ser retirado, até que ela já não seja ela mesma. O que constitui a vida, mesmo que você esteja viva? — Page: 210
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Aposto que às vezes isso acontece, penso por um segundo. É bem difícil em um casamento fazer o dar-e-receber de colocar as vontades e necessidades de um pelo outro, mas aqui as escalas estão inclinadas, o desequilíbrio é implacável. — Page: 245
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Penso em como é comum, mesmo em situações cotidianas, sentir inveja de um cônjuge, e o quanto é tabu falar sobre isso. Não deveríamos ficar felizes pela boa sorte deles? Amor não é isso? — Page: 270
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“Sabe de uma coisa?”, ela continua. “Também vou sentir falta de mim mesma. Todas aquelas inseguranças que passei a vida querendo mudar? Eu só estava chegando a um ponto em que gosto mesmo de mim. Eu gosto de mim. Vou sentir falta de Matt, da minha família, dos meus amigos, mas também vou sentir falta de mim.” — Page: 327
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Às vezes, a única coisa a fazer é gritar: “Merda!”. — Page: 360
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“Vocês terão 30, 40 ou 50 anos de qualquer maneira, tendo ou não completado suas horas”, ela disse. “Que diferença faz a idade que terão quando isso acontecer? Seja como for, vocês não recuperarão o tempo presente.” — Page: 389
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A velocidade tem a ver com o tempo, mas também está intimamente relacionada à resistência e ao esforço. Quanto maior a velocidade, assim raciocinamos, menor a necessidade de resistência ou esforço. Por outro lado, a paciência requer resistência e esforço. Ela é definida como “a tolerância da provocação, da contrariedade, do infortúnio ou da dor, sem reclamação, sem perda de controle, sem irritação ou algo do gênero”. — Page: 393
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O psicanalista Erich Fromm provou isso há mais de cinquenta anos: “O homem moderno acha que perde alguma coisa – tempo – quando não faz as coisas rapidamente; no entanto, não sabe o que fazer com o tempo que ganha, a não ser desperdiçá-lo”. Fromm tinha razão; as pessoas não usavam o tempo extra que ganhavam para relaxar ou interagir com amigos ou com a família. Em vez disso, tentavam acumular mais. — Page: 413
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Ambos os pacientes eram exemplos, como minha supervisora colocou, da “velocidade do querer” – querer no sentido de um desejo. Mas também comecei a pensar nos termos com uma ligeira diferença, como uma referência ao outro tipo de querer: uma falta ou deficiência. — Page: 444
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Num estado de eterna distração, pareciam estar perdendo a habilidade de estar com outras pessoas, de estar consigo mesmas. — Page: 473
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“O evitamento é uma maneira simples de aguentar sem ter que enfrentar”. — Page: 529
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Se eu arruinar a minha vida, posso inventar minha própria morte, em vez de deixá-la concretizar-se para mim. — Page: 558
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As quatro preocupações supremas são: morte, isolamento, liberdade e falta de sentido. — Page: 568
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Mas Wendell não está aqui para me salvar ou para resolver meus problemas, mas para me guiar pela vida como ela é, de modo que eu possa lidar com a certeza da incerteza sem me sabotar no percurso. — Page: 589
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Perder alguém que se ama é uma experiência profundamente solitária, algo que apenas você enfrenta de uma maneira própria e particular. — Page: 709
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O que atormenta John é o fato de não saber. — Page: 753
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Penso em como o fato de não saber é o que atormenta todos nós. Não saber por que seu namorado foi embora; não saber o que há de errado com seu corpo; não saber se você poderia ter salvado seu filho. A certa altura, todos nós temos de aceitar o desconhecido e o incompreensível. Às vezes, jamais saberemos o porquê. — Page: 754
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Penso, também, em como há diversas maneiras de se defender do indizível. Aqui está uma: você separa partes indesejáveis de si mesmo, esconde-se por detrás de um eu falso e desenvolve traços narcísicos. — Page: 798
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Em vez disso, elas tendem a se mover por uma série de estágios sequenciais, que tem mais ou menos esta disposição: Estágio 1 – Pré-contemplação Estágio 2 – Contemplação Estágio 3 – Preparação Estágio 4 – Ação Estágio 5 – Manutenção — Page: 815
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A contemplação é repleta de ambivalências. Se a pré-contemplação é negação, a contemplação pode ser associada à resistência. — Page: 830
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Aqui, as pessoas adiam ou se autossabotam como um meio de impedir a mudança, mesmo quando positiva, por relutar em desistir de alguma coisa, sem saber o que obterão em seu lugar. — Page: 839
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O objetivo, logicamente, é chegar ao estágio final, manutenção, o que revela que a pessoa manteve a mudança por um período significativo. — Page: 862
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Esse estágio é difícil porque os comportamentos que as pessoas querem modificar estão arraigados na trama de suas vidas. — Page: 864
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Às vezes, as mudanças que você deseja em outra pessoa não estão nos planos dela, mesmo que ela diga que estão. — Page: 895
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Eu gostava, particularmente, desta frase do livro de Frankl: “Existe um intervalo entre o estímulo e a resposta. Nesse intervalo está nosso poder de escolha para a nossa resposta. Em nossa resposta, está nosso crescimento e nossa liberdade”. — Page: 944
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Compartilhar verdades difíceis traz um custo, a necessidade de encará-las, mas também há uma recompensa: a liberdade. A verdade nos liberta da vergonha. — Page: 016
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Ao contrário dos estágios de Freud do “desenvolvimento psicossexual”, que terminam na puberdade e focam no id, “os estágios psicossociais” de Erikson focam no desenvolvimento da personalidade em um contexto social (tal como a maneira com que os bebês desenvolvem um sentimento de confiança nos outros). — Page: 085
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Eles se apresentam da seguinte maneira: Bebê (esperança) – confiança versus desconfiança Criança que começa a andar (vontade) – autonomia versus vergonha Criança pré-escolar (propósito) – iniciativa versus culpa Criança em idade escolar (competência) – atividade versus inferioridade Adolescente (fidelidade) – identidade versus confusão de papéis Jovem adulto (amor) – intimidade versus isolamento Adulto de meia-idade (cuidado) – generatividade versus estagnação Velhice (sabedoria) – integridade versus desesperança — Page: 088
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Erikson defendia que, nos anos mais avançados, experimentamos uma sensação de integridade, se acreditarmos ter vivido vidas significativas. Esse senso de integridade nos dá uma sensação de completude de modo a podermos aceitar melhor a aproximação da morte. Mas se tivermos arrependimentos não resolvidos em relação ao passado, se acharmos que fizemos más escolhas, ou fracassamos em alcançar objetivos importantes, sentimo-nos deprimidos e desanimados, o que nos leva à desesperança. — Page: 096
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Para Rita, a alegria não é um prazer; é uma dor antecipada. — Page: 119
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do fato de seus filhos terem a vida toda pela frente, uma extensão de tempo que agora está no passado dos pais. — Page: 153
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O perdão é uma coisa tão ardilosa quanto podem ser os pedidos de desculpas. Você está pedindo desculpas porque isso faz com que se sinta melhor, ou para fazer a outra pessoa se sentir melhor? Você lamenta o que fez, ou está simplesmente tentando acalmar a outra pessoa, que acredita que você deveria se arrepender daquilo pelo qual se sente completamente justificada de ter feito? Para quem é o pedido de desculpas? — Page: 164
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Então, minha opinião é a seguinte: é possível se ter compaixão sem perdoar. Existem muitas maneiras de seguir em frente, e fingir que se sente de determinada maneira não é uma delas. — Page: 173
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Podemos querer o perdão dos outros, mas isso vem de um lugar de autogratificação; pedimos perdão aos outros para evitar o esforço maior de perdoar a nós mesmos. — Page: 190
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Muitos de nós torturamo-nos por nossos erros durante décadas, mesmo depois de termos, genuinamente, tentado nos redimir. O quanto essa sentença é razoável? — Page: 193
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Segura dentro da sua concha de dor, ela não tem que enfrentar nada, nem precisa emergir no mundo, onde poderia voltar a se machucar. — Page: 210
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Com certeza, esses comentários têm a intenção de consolar, mas também são um modo de proteger quem fala das sensações desconfortáveis provocadas pelo estado difícil em que alguém se encontra. — Page: 298
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Uma coisa que surpreendeu Julie nesse processo de se ver morrendo é o quanto seu mundo se tornou vívido. Tudo que ela tinha como certo provoca uma sensação de revelação, como se ela voltasse a ser criança. — Page: 314
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Percebeu que quando as pessoas se iludem ao acreditar que têm todo o tempo do mundo, ficam preguiçosas. — Page: 319
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Na verdade, não sou boba. Acontece que as sessões a que os pacientes comparecem sem estar numa crise, nem ter uma pauta, tendem a ser as mais reveladoras. Quando damos espaço para que nossas mentes vagueiem, elas nos levam aos lugares mais inesperados e interessantes. — Page: 425
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A fuga para a saúde é um fenômeno no qual os pacientes se convencem de que, subitamente, superaram seus problemas porque, sem que saibam, não conseguem suportar a ansiedade desencadeada ao tentar resolvê-los. — Page: 445
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É fácil confundir a experiência íntima de romance ou sexo com a experiência íntima de ter alguém dando atenção exclusiva para os detalhes da sua vida, aceitando-a completamente, apoiando-a sem intenções conflitantes e conhecendo-a tão profundamente. — Page: 477
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Quando dançamos, expressamos nossos sentimentos ocultos, falando através dos nossos corpos, em vez de nossas mentes, e isso pode nos ajudar a deixar a razão um pouco de lado, em prol de um novo nível de consciência. — Page: 513
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Às vezes, quando chega um novo paciente, não pergunto apenas “O que te traz aqui?”, mas “O que te traz aqui agora?”. A chave é o agora. Por que neste ano, neste mês, neste dia, você decidiu vir falar comigo? — Page: 523
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Mas Wendell viu isso de outro jeito. Ele havia me dado permissão para sentir, e também um lembrete de que, como inúmeras pessoas, eu estava confundindo sentir menos com sentir melhor. — Page: 527
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Assim como os pais criam os filhos para um dia deixá-los, os terapeutas trabalham para deixar seus pacientes irem, não para retê-los. — Page: 643
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Certa vez, Wendell colocou a coisa da seguinte maneira: “O que as pessoas fazem na terapia é como treinar basquete em uma tabela. É necessário, mas o que elas precisam fazer depois é sair e jogar um jogo de verdade”. — Page: 649
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A inabilidade em dizer “não” tem muito a ver com a busca por aprovação; as pessoas imaginam que, se disserem “não”, não serão amadas pelos outros. — Page: 657
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Contudo, a inabilidade em dizer “sim” – à intimidade, a uma oportunidade profissional, a um programa de combate ao álcool – tem mais a ver com a falta de confiança em si mesmas. — Page: 658
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mas os estágios de uma mudança são tantos que você não larga todas as defesas ao mesmo tempo. Você vai soltando-as em camadas, aproximando-se cada vez mais do centro sensível: sua tristeza, sua vergonha. — Page: 688
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como eu fazia um esforço, regularmente, para me lembrar de uma das mais importantes lições do meu estágio: “Não existe hierarquia na dor”. O sofrimento não deveria ser classificado, porque a dor não é um concurso. Frequentemente, os cônjuges se esquecem disso, aumentando a aposta em seu sofrimento. — Page: 713
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Mas Wendell disse-me que, ao diminuir meus problemas, eu estava me julgando e julgando todos os outros cujos problemas eu havia rebaixado na hierarquia da dor. — Page: 723
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Não se pode superar o sofrimento o diminuindo, ele me lembrou. Supera-se o sofrimento aceitando e descobrindo o que fazer com ele. — Page: 724
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Para John, parece que todas essas lembranças estão se esvaindo ao longe, que ele está perdendo os detalhes de Gabe, por mais que queira se agarrar a eles. — Page: 769
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Todos os pais esquecem esses detalhes sobre seus filhos quando eles crescem, e também lamentam essa perda. — Page: 771
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Jamais conhecerá Gabe da maneira com que outros pais conhecem seus filhos, em diferentes fases ao longo da vida, quando são as mesmas pessoas que sempre foram, mas, ao mesmo tempo, empolgante e tristemente diferentes. — Page: 783
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Muitas pessoas não sabem que os conhecidos estágios de luto de Elisabeth Kübler-Ross – negação, raiva, barganha, depressão, aceitação – foram concebidos no contexto de pacientes terminais aprendendo a aceitar sua própria morte. — Page: 840
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Mas muitas pessoas vêm à terapia em busca de um encerramento. Ajude-me a não sentir. O que elas acabam descobrindo é que não se pode calar uma emoção sem calar as outras. Você quer silenciar a dor? Você também silencia a alegria. — Page: 850
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Uma série de estudos do pesquisador Daniel Gilbert, em Harvard, descobriu que, em resposta a eventos existenciais desafiadores, indo de devastadores (tornar-se deficiente, perder um ente querido) a difíceis (um divórcio, uma doença), as pessoas se saem melhor do que previam. — Page: 859
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Existe outro conceito relacionado, que compartilho com John: impermanência. Às vezes, em sua dor, as pessoas acreditam que a agonia durará para sempre, mas os sentimentos são, na verdade, mais como as estações do ano, vêm e vão. — Page: 864
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Às vezes, um terapeuta, deliberadamente, “prescreve o problema”, ou sintoma, que o paciente quer resolver. — Page: 930
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Uma vez, Julie havia dito que finalmente entendia o significado da frase “viver com os dias contados”: nossas vidas nos são, literalmente, emprestadas; apesar do que pensamos quando jovens, nenhum de nós tem tanto tempo. — Page: 950
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Na terapia de casais, os terapeutas conversam sobre a diferença entre privacidade (espaços nas psiques das pessoas, necessários a qualquer um para relações saudáveis) e segredo (que deriva de vergonha e tende a ser corrosivo). Carl Jung chamava os segredos de “veneno psíquico”, e depois de todos os segredos que escondi de Wendell, é bom ter esse segredo final revelado. — Page: 979
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A regra de Wendell não é tão simples quanto “Não existem regras”. Existem regras, e somos treinados para aderir a elas por um motivo. Mas ele tem me mostrado que, quando as regras são flexionadas com intenção cuidadosa, a definição do que possa ser um tratamento eficiente se expande. — Page: 997
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Tinha escutado no rádio um programa sobre isso, e se referiu a uma citação que adorava, uma descrição do passado como “uma vasta enciclopédia de calamidades que você ainda pode consertar”. Tinha memorizado porque, segundo ela, fazia-a rir. E então, fez com que chorasse. Porque nunca viverá o suficiente para ter essa lista de calamidades que as outras pessoas adquirem ao chegar à velhice: relacionamentos que gostariam de refazer, trajetórias profissionais que gostariam de percorrer, erros que voltariam atrás e “acertariam”, dessa vez. — Page: 046
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Todos nós usamos mecanismos de defesa para lidar com ansiedade, frustração ou impulsos inaceitáveis, mas o fascinante é que não temos consciência deles naquele momento. — Page: 263
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Neste último grupo está a “sublimação”, que é quando uma pessoa transforma um impulso potencialmente danoso em algo menos prejudicial (como um homem com impulsos agressivos aderir ao boxe), ou mesmo construtivo (uma pessoa com impulso de cortar pessoas se transformar num cirurgião e salvar vidas). — Page: 270
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A “transferência” (mudar um sentimento em relação a uma pessoa para uma alternativa mais segura) é considerada uma defesa neurótica: nem primitiva, nem madura. — Page: 273
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É o que Wendell chama de “troca da guarda”. Enquanto, nos anos mais jovens, as pessoas, com frequência, procuram a terapia para entender por que seus pais não agem da maneira como elas gostariam, mais tarde, as pessoas começam a descobrir como lidar com o que há. — Page: 282
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Penso em algo mais que Wendell disse, uma vez: “A natureza da vida é a mudança, e a natureza das pessoas é resistir à mudança”. — Page: 311
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Naquela semana, repeti a Wendell que meu maior medo é deixar Zach sem mãe, e ele disse que eu tinha duas escolhas: poderia dar a Zach uma mãe que vivesse preocupada em deixá-lo órfão, ou poderia dar a ele uma mãe cuja saúde incerta aguçasse sua consciência da preciosidade do tempo que têm juntos. — Page: 336
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Mas Julie tinha aprendido a viver com quem ela era e com o que tinha, o que, em essência, foi o que a ajudei a fazer, e o que todos nós precisamos fazer. — Page: 343
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Agora, não me esqueço de que nenhum de nós pode amar e ser amado sem a possibilidade da perda, mas que existe uma diferença entre conhecimento e temor. — Page: 354
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É claro que a história com a qual um paciente chega à terapia pode não ser a história com a qual ele sai. — Page: 460
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Embora tenhamos muito o que celebrar hoje, a terapia de Rita continuará, porque é difícil se livrar dos hábitos antigos; porque o sofrimento diminui, mas não desaparece; porque relacionamentos rompidos (com ela mesma, com os filhos) exigem reconciliações sensíveis e intencionais, e os novos precisam de apoio e autoconsciência para florescer. — Page: 483
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Expliquei que, mesmo no melhor relacionamento possível, você pode se magoar às vezes, e por mais que você ame alguém, às vezes você magoará essa pessoa, não por querer, mas por ser humano. — Page: 505
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Sentada com Rita, lembrei-me de que o coração é tão frágil aos 70 anos, quanto aos 17. A vulnerabilidade, o desejo, a paixão, está tudo lá, com força total. Apaixonar-se é algo que nunca envelhece. — Page: 546
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Irvin Yalom, o famoso psiquiatra, escreveu que “é muito melhor que [um paciente faça progresso, mas] se esqueça do que conversamos, do que a possibilidade oposta (escolha mais popular para os pacientes): lembrar-se precisamente do que foi dito, mas permanecer inalterado”. — Page: 635
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Cada hora conta para cada um de nós, e quero estar totalmente presente no horário de terapia que passo com cada um. — Page: 653
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Em suas últimas semanas, Julie e eu conversamos sobre como ela queria se despedir da família e dos amigos. O que quer deixar com eles? O que quer que eles deixem com você? — Page: 682
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Por isso, é especialmente importante ser quem queremos ser agora, tornar-nos mais abertos e expansivos enquanto podemos. — Page: 686
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Pensei em como muitas pessoas evitam tentar coisas que realmente querem na vida, por ser mais doloroso chegar perto do objetivo, mas não consegui-lo, do que nem chegar a arriscar. — Page: 698
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Fico feliz por ter vindo, feliz por ter cumprido a promessa que fiz a Julie e por ter podido ver um lado seu que jamais posso acessar em nenhum dos meus pacientes: como transcorre a vida deles fora da sala de terapia. — Page: 741
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“Vai ver que a felicidade é às vezes”, — Page: 812
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Talvez todos nós precisemos duvidar, protestar contra algo e questionar, antes de realmente conseguirmos mergulhar de cabeça — Page: 827
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A maioria de nós tem um “eles” na plateia, ainda que ninguém esteja realmente prestando atenção, pelo menos não como pensamos que estejam. As pessoas que nos observam, as que realmente nos veem, não se preocupam com o falso eu, com o espetáculo que estamos apresentando. — Page: 870
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Para muitas pessoas, adentrar as profundezas dos seus pensamentos e sentimentos é como entrar num beco escuro: elas não querem entrar ali sozinhas. — Page: 919
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É verdade; não pude escrever o livro sobre felicidade porque não estava, de fato, buscando felicidade. Estava buscando sentido, do qual resultam realização e, sim, ocasionalmente, felicidade. — Page: 936
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Existe um ditado bíblico que, em tradução livre, seria: Primeiro você fará, depois compreenderá. Às vezes, é preciso dar um salto de confiança e vivenciar algo, antes que seu significado fique aparente. — Page: 990
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Recentemente, John observou que uma boa série de televisão faz com que os espectadores sintam como se o tempo entre os episódios semanais fosse simplesmente uma pausa na história. — Page: 032
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Os relacionamentos na vida não terminam de fato, mesmo que você nunca mais veja a pessoa. Cada um de quem você foi próximo continua vivo em algum lugar dentro de você. — Page: 040
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Uma vez lá fora, apresso o passo ao me dirigir até meu carro. Tenho pacientes para atender no meu consultório, pessoas iguais a mim, todos nós tentando ao máximo desobstruir nossos próprios caminhos. — Page: 067