# O Livro Em Poucos Parágrafos
**Vou te Receitar um Gato** é um best-seller japonês de Syou Ishida, uma comovente ficção de cura que explora o poder transformador dos gatos na vida das pessoas.
A história se desenrola na misteriosa Clínica Kokoro, um estabelecimento peculiar escondido no final de um beco escuro, que só pode ser encontrado por aqueles que mais precisam de ajuda. Lá, o excêntrico dr. Nike e sua enfermeira mal-humorada, Chitose, oferecem um tratamento exclusivo e inusitado: a prescrição de gatos.
Os pacientes, inicialmente intrigados com essa terapia não convencional, logo testemunham profundas transformações em suas vidas ao "tomarem" seus felinos pelo período recomendado. Através de cinco capítulos emocionantes, o livro apresenta diferentes personagens e suas jornadas de cura: um corretor de investimentos demitido que redescobre a alegria, um homem de meia-idade que encontra paz, uma mãe cansada que se reconecta com a filha, uma designer de bolsas que aprende a relaxar, e uma gueixa que supera a perda de sua gata.
"Vou te Receitar um Gato" aborda temas universais como cura emocional, superação de perdas e a busca por paz interior, tudo mediado pela interação com esses companheiros felinos brincalhões e cativantes. A obra nos lembra que, às vezes, as soluções mais simples e inesperadas – como o amor silencioso de um gato – podem ser as mais eficazes para lidar com conflitos internos e encontrar a cura.
# Como Este Livro Me Mudou
Este livro se destacou por ser uma das poucas obras de ficção que li recentemente, dado meu foco habitual em não ficção. No entanto, fui completamente cativado pela sua escrita envolvente e pela engenhosa forma de narrar as histórias. Através de cinco crônicas distintas, a autora habilmente infunde leveza em problemas humanos complexos (aqueles que, curiosamente, os gatos parecem não ter!). A solução proposta é sempre um gato — mas não um felino qualquer, e sim um que possui a singular capacidade de transformar a perspectiva do paciente. Com uma mistura sutil de psicologia e um toque de misticismo, o livro guia o leitor a, por meio de pequenas e significativas interações, reavaliar sua própria visão de mundo. É uma leitura excelente para encontrar um momento de descanso e profunda reflexão
# Meus 3 Principais Destaques
- Um animal de estimação tem mesmo o poder de mudar a rotina de alguém . - Página 26 · Posição 300
- Ah , doutor … — Sim ? — Vai substituir a gata só porque ela não se adaptou ? Não é desumano demais ? — O senhor acha ? Mas é normal fazermos substituições quando algo não dá certo . Afinal , nada é insubstituível . O médico sorri com naturalidade . Koga não sabe se ele está falando da gata , dos remédios , dos tratamentos ou das pessoas . As palavras dele cravaram fundo no seu coração . O médico começa a digitar algo . - Página 100 · Posição 1296
- Nem sempre o tempo e a intensidade do amor são proporcionais . Há companheiros que se tornam essenciais na nossa vida , sejam eles humanos ou gatos . Podemos passar um dia ou um ano com eles . Podemos nunca mais vê - los de novo . Ainda assim , eles sempre serão importantes para nós . - Página 209 · Posição 2685
# Todos os destaques (72)
## Capítulo Um (28)
- — Quero largar meu emprego.— É mesmo?— pergunta o médico prontamente.— Ah, não— diz Shūta, voltando a si.— Não é bem isso. Não quero largar meu emprego, quero continuar lá, só queria saber como. Eu trabalho numa grande corretora de investimentos, tem até anúncios na TV, mas o ambiente é bem tóxico.— Entendi— diz o médico, e então sorri.— Vou te receitar um gato. Vamos aguardar e observar os efeitos. Ele gira a cadeira e fica de costas para Shūta.— Srta. Chitose, poderia trazer o gato, por favor?— Está bem— ouve- se de trás da cortina, e logo depois aparece a enfermeira que Shūta viu na recepção. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 12)
- Um gato de verdade?— Aham. Desde antigamente dizem que gatos são o melhor remédio. Ou seja, seus efeitos são muito mais eficazes. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 13)
- Não se preocupe. Até para quem não está acostumado, o efeito do gato é infalível. Tenho outro paciente me esperando, pode me dar licença?— diz o médico, sorrindo. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 14)
- É difícil carregar um ser vivo. Não dá para atravessar a rua correndo nem colocar a caixa no ombro quando a mão fica cansada. Shūta caminhou por mais de meia hora carregando um gato que não parava de se mexer até chegar em casa. No final, não aguentava mais de tanta dor no braço. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 16)
- Os dois permanecem parados, em silêncio, como se estivessem competindo para saber quem fica mais tempo imóvel. Parece que ela está testando Shūta. Ele já está sentindo os pés dormentes, tremendo por ficar tanto tempo agachado, mas permanece nessa posição. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 18)
- “Como você é grande.” Essa foi a primeira impressão dele. Na verdade, a gata não era tão grande assim, mas Shūta sempre acha que gatos são menores do que são de verdade. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 18)
- “Onde ela vai dormir? Não tem nenhuma caminha na sacola. Não está frio, mas será que é bom deixar uma coberta por perto? Ou será que ela vai preferir dormir na cama comigo?” Enquanto pensava nessas coisas, o tempo passou tão rápido que ele acabou pegando no sono e se esquecendo de tomar o remédio para dormir. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 20)
- O senhor queria sair dessa empresa, não queria? Agora que foi demitido, está tudo resolvido. Acertei em cheio ao receitar esse gato. Eficácia comprovada! (Capítulo: Capítulo Um | Página: 22)
- O péssimo ambiente de trabalho é um problema que um gato não tem como resolver. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 23)
- Um animal de estimação tem mesmo o poder de mudar a rotina de alguém. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 24)
- Quando começou a trabalhar na corretora, Shūta aprendeu que o trabalho no mercado financeiro consiste em lucrar em cima dos clientes cobrando taxas de serviço altíssimas. Se você tivesse sorte, as ações vendidas seriam valorizadas e os clientes ficariam satisfeitos. O objetivo, porém, não era fazer os clientes lucrarem; era fazê- los investir quantias cada vez maiores. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 26)
- Mas uma empresa que impõe metas iguais a todos, ignorando as individualidades de cada um, com certeza não é um bom lugar para se trabalhar (Capítulo: Capítulo Um | Página: 28)
- Havia se esquecido por um instante dos problemas no trabalho. Teria sido por causa dela? “Só preciso aguentar mais um dia, amanhã as coisas vão melhorar”, pensa ele. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 34)
- Prefere um gato mais forte?— pergunta o dr. Nike enquanto espia a gata pela portinha.— Não, pode ser ela. Ao ver que o paciente concordou, o médico lhe entrega a caixa, sorridente.— Melhoras. Vou preparar a receita, pegue na recepção tudo o que for necessário. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 41)
- indiferente a toda a confusão. Ele se lembra do que está escrito no manual que recebeu da clínica: “É imprescindível o uso da coleira e da guia na hora de passear. Deixe- a afiar as unhas com frequência para desestressar.” Então a coleira, a guia e o arranhador eram para evitar esse tipo de incidente, conclui Shūta, olhando de soslaio o carro preto todo arranhado. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 45)
- Shūta suspira, resignado. De fato, ele tinha dito ao médico que queria trabalhar, independentemente do tipo de trabalho. Porém havia acabado de se livrar de uma empresa tóxica e parecia prestes a começar em outra pior ainda. A gata está agitada dentro da caixa. Ele precisa ler o manual de novo, com atenção, para fazer tudo certo desta vez. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 50)
- A coleira era de couro, e na placa dourada estava escrito “Bê”. Um homem carrancudo de uniforme de operário vai à pet shop comprar uma coleira e pede para gravar o nome de um gato nela com urgência. Shūta nem conseguia imaginar essa cena… (Capítulo: Capítulo Um | Página: 54)
- Embora seu psicológico não estivesse bem, a saúde física de Shūta sempre esteve em dia. No entanto, desde que fora àquela clínica esquisita, sua vida parecia estar tomando rumos inusitados. Enquanto choraminga deitado de costas na cama, ouve vozes no corredor do prédio. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 55)
- Bê, por que você não dorme na caminha em vez de ficar em cima desse papelão velho? Parece bem mais confortável lá— diz Shūta, constrangido, mas ela nem se vira, apesar de com certeza ter ouvido. Como é incrível essa capacidade que só os gatos têm de ignorar alguém sem se preocupar. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 58)
- Mas o nosso morreu— responde Satsuki, sem tirar os olhos da nota fiscal. O tom de voz e a expressão dela não mudaram, mas Shūta sentiu que Satsuki não queria tocar no assunto. Kōsuke e os outros funcionários chegam. Shūta é alocado outra vez para carregar carga, e no final do dia está completamente esgotado. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 59)
- Bê continua sem demonstrar reações. A diferença de comportamento ficava nítida quando ela era carinhosa. De manhã, quando acordava, a gata se esfregava nas pernas de Shūta pedindo comida. Ele estendia a mão, e ela se aproximava para receber o carinho. A cabeça dela cabia certinho na palma da mão dele e se afundava entre os dedos. Ao segurá- la com um pouco mais de força, dava para sentir sua maciez. Nessas horas, Bê também fechava os olhos, até parecia sorrir, e Shūta sorria também. Todas as manhãs ele sorria um pouquinho. Passou muito tempo sem conseguir fazer esse gesto simples, mas graças a Bê tinha voltado a sorrir. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 61)
- — Mas ela não é um animal de suporte emocional? A clínica não pode adotá- la? Precisa mesmo devolvê- la ao abrigo de animais? Graças a ela, eu estou bem melhor.— Não somos um abrigo. Os gatos que cumprem o seu papel são devolvidos ao lugar a que pertencem— explica o médico com calma. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 63)
- Quando eles chegam ao escritório, as funcionárias estão ao redor de Satsuki, observando Bê enrolada no colo dela.— Que bom que a Bê fica quietinha no seu colo, sra. Satsuki. Queria que ela ficasse no meu…— Está dormindo tão gostoso. Que bonitinha!— Vocês falam isso porque não estão sentindo o peso. As minhas pernas estão dormentes. Não posso nem me mexer. Bezinha, não quer ir para lá só um pouquinho?— diz Satsuki. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 66)
- Fazia quanto tempo que Shūta não ria tão alto? Alguns meses? Alguns anos? (Capítulo: Capítulo Um | Página: 67)
- Não se preocupe, Bê. Você pode ficar lá em casa pelo tempo que quiser. Talvez por ter gargalhado tanto, seu corpo está quente e Shūta se sente animado. Por que não pensou nisso antes? Ele pode adotar Bê. Tem todo o necessário para isso. Ele pensa na sensação de quando acaricia a cabeça de Bê. O médico pode dizer o que for, não vai mudar de ideia. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 67)
- Shūta olha para Bê e fecha a mão inconscientemente. Sente como se estivesse tocando a gata. A palma de sua mão havia sido tomada pela sensação de maciez e quentura dos pelos de Bê. É um sentimento que faz parte dele agora. Assim como o gato de Jinnai e Satsuki continua vivo no coração deles, a sensação de maciez de Bê sempre o traz de volta à vida. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 71)
- Shūta fica um pouco confuso no início, mas depois se permite experimentar a sensação de finalmente ter criado raízes em um lugar. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 72)
- Não foi nem sonho nem ilusão. O peso da gata que ele carrega nas mãos é real. No entanto, Shūta não consegue achar o lugar de jeito nenhum. Depois que você se perde nas ruas confusas de Quioto, só o tempo dirá se você chegará ao seu destino. (Capítulo: Capítulo Um | Página: 74)
## Capítulo Dois (13)
- Ele fecha os punhos com força sobre o colo e baixa o olhar.— Ando tendo problemas no trabalho— começa a falar.— Três meses atrás, uma mulher foi transferida para o nosso setor, por causa daquela tal iniciativa não sei o que de promoção das mulheres, ou algo assim, então agora ela é minha chefe. Ela é… como posso dizer… muito fútil. Não suporto ela. E é tudo culpa dessa mulher, Hinako Nakajima. Ela tem quarenta e cinco anos, uma mulher dessa idade não deveria ser fútil daquele jeito. No entanto, se comporta de uma forma muito leviana. É solteira, usa roupas justas demais, fala alto e é exagerada em tudo. E está sempre rindo. Só de lembrar da risada dela, ele sente náuseas. (Capítulo: Capítulo Dois | Página: 80)
- É um gato. É bastante eficaz. Vou escrever a receita. Entregue na recepção e pegue o que for necessário. Melhoras!— Como assim “melhoras”? Um gato não vai ajudar em nada!— Não se preocupe, a maioria dos problemas se resolve com um gato. (Capítulo: Capítulo Dois | Página: 82)
- Que bom. Parece ser uma gata comportada, que se acostuma fácil à casa dos outros. Que engraçado! Uma gata que proporciona um sono tranquilo. Margot come de costas para ele, balançando lentamente o longo rabo. Ele ficou observando o movimento oscilante, até suas pálpebras ficarem pesadas. (Capítulo: Capítulo Dois | Página: 87)
- Até um gato tem dificuldade para dormir quando está em um lugar diferente, e Hinako devia estar se esforçando à sua maneira. Será que o diretor não poderia ter um pouco mais de empatia? (Capítulo: Capítulo Dois | Página: 91)
- “Que legal… Que legal, que legal, que legal.” “Vou dormir. Vou dormir. Vou dormir.” “Miau miau miau!” Quando se dá conta, ele está quase desmaiando de cansaço. (Capítulo: Capítulo Dois | Página: 91)
- Koga fica perplexo; não se lembrava da última vez que vira o sorriso da filha. Desde que ela entrara na faculdade— ou talvez desde o ensino médio—, só trocavam poucas palavras de vez em quando, e fazia tempo que ela não sorria para ele. (Capítulo: Capítulo Dois | Página: 93)
- Ah, doutor…— Sim?— Vai substituir a gata só porque ela não se adaptou? Não é desumano demais?— O senhor acha? Mas é normal fazermos substituições quando algo não dá certo. Afinal, nada é insubstituível. O médico sorri com naturalidade. Koga não sabe se ele está falando da gata, dos remédios, dos tratamentos ou das pessoas. As palavras dele cravaram fundo no seu coração. O médico começa a digitar algo. (Capítulo: Capítulo Dois | Página: 97)
- — É, sim. Fazia quantos anos que pai, mãe e filha não riam juntos? Mesmo já sendo adultos, podiam compartilhar um momento de afeto e diversão de forma natural. Koga sentiu que estava recuperando um sentimento importante que foi se perdendo à medida que a filha crescia. (Capítulo: Capítulo Dois | Página: 100)
- Antes de Margot chegar, cada um ia para um cômodo depois do jantar, mas agora os três se reúnem na sala para ficar com a gatinha. Emiri está sentada no chão filmando Margot com o celular. Koga, que também estava agachado tentando filmá- la, fica nervoso ao ouvir a expressão “que legal”. (Capítulo: Capítulo Dois | Página: 102)
- Koga a observa. “É preciso energia para fazer um elogio.” Emiri tinha razão. Hinako havia sido transferida de Tóquio para administrar um grande número de funcionários, e era esperado que produzisse resultados. Os homens de meia- idade ao seu redor, amargurados, não demonstravam nem um pouco de empatia. Devia ser exaustivo. Talvez ela prefira ficar sozinha às vezes, só para não ter que agradar ninguém. (Capítulo: Capítulo Dois | Página: 104)
- — O senhor está me elogiando? É, receber elogios é muito legal! Emiri tinha razão. É preciso energia para fazer algo com que não estamos acostumados. Contudo, se um simples elogio deixa as pessoas felizes, não é nenhuma tarefa árdua elogiar alguém. (Capítulo: Capítulo Dois | Página: 105)
- É mesmo?— diz Kajiwara.— Espero que encontrem um bom companheiro. Não exigimos muito das pessoas que querem adotar. Muitos abrigos recusam gente solteira ou famílias que nunca tiveram gatos, mas a nossa política é dar oportunidade ao maior número possível de pessoas, sem desencorajar quem estiver interessado. (Capítulo: Capítulo Dois | Página: 109)
- “Chegando em casa, também vou tirar fotos, filmar e mostrar para todo mundo. Se alguém elogiar a Buchiroku, vou elogiar de volta. Acho que as pessoas vão gostar muito dela.” Quando alguém elogiava Buchiroku, Koga sentia que também estava sendo elogiado, já que foi ele quem escolhera o nome da gatinha. Ele sorri, olhando de soslaio a gata que recebia carinho da esposa e da filha. (Capítulo: Capítulo Dois | Página: 111)
## Capítulo Três (8)
- Segundo as outras mães, cuidar da saúde mental estava na moda entre as crianças. Elas achavam legal estudar em escolas preparatórias, fazer aulas de música, dança, praticar esportes, ter smartphones e consultar profissionais— e não os pais ou os professores— quando tinham algum problema. Quanto mais os filhos crescem, menos os pais os compreendem. (Capítulo: Capítulo Três | Página: 116)
- Você nunca me entende. Só responde: “Você é que deve estar errada, não ligue pra essas bobagens.” Já falei para você dos grupinhos na minha turma. Lembra o que você respondeu? Disse para não me envolver com bobagem.— Mas, filha… “Ela me contou? Eu respondi isso?” Talvez. Mas é claro que Megumi não ia lembrar. As preocupações de uma criança mudam todo dia, e ela não tinha tempo para levar a sério cada uma delas. (Capítulo: Capítulo Três | Página: 121)
- Megumi ficou aliviada, mas ao mesmo tempo com raiva. Para sua mãe, tudo era bobagem. Ela sempre menosprezava tudo o que a filha falava. Megumi foi ao banheiro e depois voltou para o quarto. Yoshihito dormia com a barriga de fora, mas ela o ignorou de propósito. “Odeio a minha mãe. Ela nunca ouve o que eu falo e está sempre brava!” Megumi se cobriu e fechou os olhos com força. (Capítulo: Capítulo Três | Página: 129)
- Hoje ela entende o que a mãe fez naquela noite. Ela foi ao terreno baldio sozinha para ver o gatinho que a filha abandonara. Sua mãe sabia que não tinham condições de criá- lo. Não tinha como salvá- lo. No entanto, não podia deixar de ir lá ver como ele estava dentro daquela caixa de papelão. Não conseguiu ignorá- lo. Não como mãe, mas como ser humano. O gato dentro da caixa de transporte mia à sua frente, assim como os filhotes miaram naquele dia, sozinhos, com fome e frio. Megumi não entendia como as coisas eram difíceis na época, então levara um deles para casa. Tinha boas intenções, mas só agora percebia o quanto fora ingênua. (Capítulo: Capítulo Três | Página: 130)
- Megumi se assusta ao ver o sorriso da filha. Há quanto tempo não a via sorrir? Mas não foi só o sorriso que a surpreendeu. Megumi pensou que a filha não fosse capaz de segurar o gato, mas a garota tinha muito mais jeito do que a mãe. O gatinho até ficou mais calmo. Como Aoba ainda era criança, Megumi achou que a filha não conseguiria lidar com o animal, mas o gato confiava mais na garota do que nela, uma adulta. (Capítulo: Capítulo Três | Página: 131)
- É mesmo? Que bom. Pelo jeito, o gatinho foi eficaz. A maioria dos problemas se resolve com um gato. Mas para eu poder receitar o gato, o paciente precisa vir a esta clínica e abrir a porta sozinho. Seria bom se todos a abrissem e entrassem como a senhora fez, mesmo sentindo que ela é um pouco pesada. Caso contrário, ficamos aqui esperando para sempre. (Capítulo: Capítulo Três | Página: 132)
- Megumi sente um nó na garganta ao ouvir o pedido da filha. Agora que é adulta, tem noção do quanto é trabalhoso cuidar de um filhote de gato. Sua mãe provavelmente estava certa, não teria conseguido cuidar de Yuki naquela época. (Capítulo: Capítulo Três | Página: 134)
- Dizem que gatos são volúveis— comenta o médico tranquilamente.— Mas, na verdade, os humanos é que são. (Capítulo: Capítulo Três | Página: 135)
## Capítulo Quatro (12)
- Poxa vida. Me desculpe. Como o paciente com hora marcada não vem, pensei em tomar só um pouco… Mas aí a senhora chegou sem agendamento. Os humanos sofrem por qualquer coisa, é incrível… (Capítulo: Capítulo Quatro | Página: 148)
- O gato? Curar? Claro que não! O gato não vai fazer nada. Ele só vai fazer o que der na telha. Mas dizem que gatos são a causa de todas as doenças. Ou será que é o contrário? Gatos são o melhor remédio?— ponderou o médico, inclinando a cabeça. (Capítulo: Capítulo Quatro | Página: 149)
- A cliente falava com aquele sotaque delicado de Quioto, mas isso não significava que ela era uma pessoa delicada. As pessoas mais velhas da cidade diziam as piores coisas com um sorriso amável no rosto. Na verdade, com aquilo ela queria dizer que se as anfitriãs não estavam prontas para receber visita, não a respeitavam de verdade. (Capítulo: Capítulo Quatro | Página: 157)
- Enquanto ela se encarregava de brincar com o gato, Daigo se encarregava de cuidar dele. Afinal, estava desempregado. Junko sabia do seu namoro de longa data com Daigo, que vivia mudando de emprego. Sabia também que a relação estava estagnada e que, por isso, a amiga ficava aflita. Como não queria preocupar a sócia, Tomoka decidiu não contar que Daigo tinha largado o emprego outra vez. Disfarçou e mudou de assunto. Se ela trabalhasse bastante, não teria que se preocupar com a falta de emprego do namorado. Mas, para isso, precisava lançar produtos de sucesso. (Capítulo: Capítulo Quatro | Página: 160)
- Tanto eu como a sra. Chitose só conhecemos a clínica do dr. Kokoro. Fomos atendidos muitas vezes lá. Por isso pegamos emprestado o nome dele. Era uma clínica muito boa, o dr. Kokoro salvou a nossa vida. Então vamos adicionar doses de outro gato? Por duas semanas. A senhora pode continuar tomando junto com a Tangerin. Que tal? (Capítulo: Capítulo Quatro | Página: 162)
- Tomoka não sabia explicar direito o que era aquele lugar, era frustrante. Como Abino havia lhe implorado e parecia desesperada, ela concordou em levá- la até a clínica. No entanto, por alguma razão, não conseguia mais encontrá- la. (Capítulo: Capítulo Quatro | Página: 170)
- “Não sou eu que preciso aguentar firme. Não são as pessoas ao meu redor que eu quero que sejam mais responsáveis. A única pessoa que eu realmente quero que faça as coisas direito é ele. Daigo tem quase quarenta e continua desempregado. (Capítulo: Capítulo Quatro | Página: 172)
- Para os animais— disse o veterinário, esboçando um leve sorriso— não há distinção de noite e dia. E eles não conseguem chamar a ambulância como os humanos. (Capítulo: Capítulo Quatro | Página: 176)
- — É…— Daigo ficou atordoado.— Como o meu trabalho não era estável… Bom, quando arranjar um novo emprego eu te falo. Olhe, acho que é o nosso táxi! Daigo disparou na frente. Tomoka o ficou olhando, boquiaberta. Não tinha jeito. Ela precisava ser firme. “Quando ele arranjar um novo emprego, vou levá- lo para a casa dos meus pais mesmo que seja à força.” (Capítulo: Capítulo Quatro | Página: 177)
- Entendi. Brio doce… Combina bem com gatos, né? Então seu público- alvo continua sendo mulheres de negócios cheias da grana. Mulheres podem gostar de coisas fofas em qualquer idade. (Capítulo: Capítulo Quatro | Página: 178)
- Não quero me separar deles— disse ela.— É o efeito dos gatos. É natural não querer se separar de algo quentinho. Esse sentimento permanece no coração— disse o médico. Em seguida, se dirigiu aos gatos:— Vocês dois fizeram um bom trabalho! Espero poder contar com vocês da próxima vez também. Sra. Chitose, poderia levar os gatos? (Capítulo: Capítulo Quatro | Página: 179)
- E se alguém vier aqui e a porta não abrir, o que acontece?— A porta sempre abre. É só a pessoa querer abrir. Melhoras! (Capítulo: Capítulo Quatro | Página: 179)
## Capítulo Cinco (11)
- Gatos são assim mesmo— disse Suda, sorrindo.— Podem ser tímidos, mas de vez em quando fazem algo que nos encanta. Cativam as pessoas… E as deixam todas bobas. (Capítulo: Capítulo Cinco | Página: 187)
- Para onde será que ela foi?— Abino, eu já disse várias vezes: enquanto nós convivermos com os animais, sempre haverá perda, por mais que tomemos cuidado. Não adianta nada se culpar tanto. (Capítulo: Capítulo Cinco | Página: 195)
- Nem sempre o tempo e a intensidade do amor são proporcionais. Há companheiros que se tornam essenciais na nossa vida, sejam eles humanos ou gatos. Podemos passar um dia ou um ano com eles. Podemos nunca mais vê- los de novo. Ainda assim, eles sempre serão importantes para nós. (Capítulo: Capítulo Cinco | Página: 199)
- Ah. Abino parou. Ao se lembrar do ohagi, a lua assumiu a feição de Mimita, aquele rosto amarelo e arredondado com as orelhas que pareciam laços amassados. Já não era normal associar o doce à lua; agora, para piorar, tudo o que ela conseguia ver era um gato. (Capítulo: Capítulo Cinco | Página: 209)
- Toda vez que a caleira caía, a janela se abria mesmo com a trava fechada. Na noite em que Chitose fugira também havia chovido muito. A janela devia ter se aberto facilmente. Não tinha como ter certeza disso agora, mas Abino sentiu o espinho que tinha cravado no coração se soltar. (Capítulo: Capítulo Cinco | Página: 212)
- Não devolva…— pediu Yuriha, balançando a cabeça.— Não devolva o Mimita. Abino, não podemos adotá- lo? Você pode deixá- lo no meu quarto se preferir, eu tomo conta dele. Nesse momento, Abino finalmente se deu conta. Ela não tinha sido a única a ficar triste com o desaparecimento de Chitose. Shizue e Yuriha também haviam sofrido. (Capítulo: Capítulo Cinco | Página: 213)
- E não precisa se preocupar comigo— disse a enfermeira, virando- se para o lado com o nariz empinado.— Naquele dia, naquela hora, só me deu vontade de fazer aquilo. Não estava esperando você me encontrar. Não queria magoá- la, só decidi ir embora, foi só isso. Então já chega de choramingar, não acha? (Capítulo: Capítulo Cinco | Página: 215)
- Mas só a própria pessoa, ou o próprio gato, sabe o que realmente está sentindo. Se quer saber, posso falar a opinião de um gato: só os humanos se apegam tanto assim. Os gatos são animais pequenos, mas têm o próprio mundo. No momento em que dão o primeiro passo para um novo mundo, estão olhando para a frente, por mais triste e doloroso que esse mundo seja. Você não quer abandoná- la porque se sente sozinha. E ela não consegue deixar você porque ainda a ama.— O médico abriu um sorriso carinhoso.— Que tal soltar a mão e deixá- la partir com tranquilidade? (Capítulo: Capítulo Cinco | Página: 216)
- “Mas é hora de deixá- la ir.” É tarefa do tutor acompanhar a partida do seu bichinho. (Capítulo: Capítulo Cinco | Página: 217)
- Ao sair do beco, se viu numa conhecida avenida de Quioto. As ruas e avenidas da cidade se cruzavam de uma forma que deixava qualquer um perdido, sem saber para qual direção seguir. Era confuso até para aqueles que conheciam a cidade. Mas, agora, Abino olhava para a frente. Não tinha como se perder. (Capítulo: Capítulo Cinco | Página: 218)
- Os boatos podem chegar à pessoa certa, dr. Nike. Chegaram até a minha tutora… Pode levar tempo, mas devem chegar até o paciente que o senhor espera. Vou pedir para a pessoa entrar, atenda direito, certo? (Capítulo: Capítulo Cinco | Página: 219)
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