> [!ERROR] Note for readers
> I read this book in Portuguese, even though some notes are in English.
# The Book in a Few Sentences
Science is limited by our ability to see, question and interpret nature. Pseudosciences are limited only by the imagination, vanity and, often, greed of their promoters. Therefore, their power of seduction is enormous. And this, according to [[Natalia Pasternak]] and Carlos Orsi, can have dangerous consequences. The authors address the 12 themes and show how and why they do not pass the test of science: Astrology, Homeopathy, Acupuncture and Traditional Chinese Medicine, Natural cures, Energy cures, Diet fads, Psychoanalysis and psychofads, Paranormality, Flying saucers, Pseudoarchaeology, Anthroposophy and Quantum power.
# How This Book Changed Me
I read this book while reevaluating my actions as a scientist and the role of science in society. The book presents solid arguments about the origin of various pseudosciences and how these areas distort scientific terms to appear more rigorous and "correct" than they really are. However, the book could improve the accurate description of what science really is, detailing its phases and stages of development.
One criticism I have is that, at times, the book gets confused when criticizing both the authors/creators of these practices and their practitioners and defenders. Although the authors emphasize that the criticism is directed at the practices themselves and the way they protect themselves from questions arising from the scientific process, in some passages, strong terms are used, which clearly apply to the practitioners of pseudosciences. Apart from that, this is an excellent book for illustrating how many practices lack solid evidence to support their approaches.
# Notes
- [[Heurísticas]]
- [[Falácias]]
- [[Viéses]]
- [[Afirmação do consequente]]
- [[Post Hoc]]
- [[Viés de confirmação]]
- [[Opinião e negligência]]
- [[Protocolo de randomização]]
- [[Protocolos de cegamento]]
- [[3 problemas da astrologia]]
- [[2 princípios da homeopatia]]
# My 3 Favorite Highlights
- Perhaps one of the greatest – and most difficult – efforts undertaken throughout the development of science, an effort still present and always necessary, is to free oneself from the illusion that good stories and remarkable experiences prove anything.
- The right to one's own opinion does not imply the right to negligence.
- Magical thinking can lead people in vulnerable and desperate situations to make dangerous and irreversible decisions. People die, get sick, lose their life savings, end friendships and break up family relationships because they believe in nonsense. People are routinely deceived by charlatans, in a perverse market highly specialized in selling nonsense.
# Highlights (214)
Como tudo que é muito valorizado, no entanto, a ciência também é alvo de falsificação. — Page: 57 ^ref-3909
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É graças a essa atitude que a ciência pode reivindicar o posto de melhor descrição possível da realidade factual. Isso não significa que ela nunca erra, ou que uma descrição alternativa qualquer, obtida por outros meios, estará sempre, necessariamente, errada. Mas significa que, na maioria das vezes, havendo uma divergência entre descrições, aquela que foi produzida segundo a atitude científica é a que tem a maior chance de estar certa (ou menos errada). — Page: 65 ^ref-2684
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os baseados em pseudociência (isto é, que reivindicam, de modo ilegítimo, parte na família das ciências) — Page: 72 ^ref-36032
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baseados em epistemes alternativas (isto é, que esperam ser vistos como descrições válidas e confiáveis da realidade factual e, ao mesmo tempo, proclamam-se isentos da obrigação de respeitar a atitude científica). — Page: 73 ^ref-29359
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Já a autoridade especial da ciência quando o assunto é descrever, controlar e prever a realidade factual e o mundo natural não é uma “questão de gosto”. Nesse caso, a ciência não é apenas “mais uma lógica” entre outras: é o uso mais correto e refinado possível das ferramentas comuns que, de uma maneira ou de outra, sustentam todas as “lógicas” da humanidade. — Page: 109 ^ref-30658
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Uma terapia que falha em mostrar benefícios para a saúde quando testada de forma rigorosa pela ciência pode desempenhar um sem-número de outras funções – emocionais, sociais, religiosas, artísticas, econômicas, espirituais, o que seja. Mas é certamente incapaz de realizar as curas que promete. — Page: 122 ^ref-44864
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erros provocados por nossas deficiências e falhas cognitivas. Essas deficiências e falhas costumam ser classificadas em três grupos: heurísticas, falácias e vieses. — Page: 127 ^ref-26046
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No dia a dia, operamos por meio de heurísticas – estratégias que permitem extrair conclusões rápidas a respeito do que acontece no mundo ao nosso redor. — Page: 130 ^ref-65507
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Há ainda uma extensa lista de falácias (estilos inválidos de argumentação que tendem a produzir conclusões equivocadas) e vieses cognitivos (predisposições psicológicas) que indicam onde o raciocínio sai dos trilhos quando tentamos interpretar e fazer sentido do que nos contam ou do que vivenciamos. — Page: 145 ^ref-62902
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Afirmação do consequente é a falácia de inferir uma causa única a partir de um efeito que pode ter várias causas. — Page: 148 ^ref-9499
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O post hoc (nome completo em latim, post hoc ergo propter hoc, “depois disso, logo por causa disso”) é a falácia de concluir que uma relação no tempo – uma coisa aconteceu depois de outra – implica uma relação de causalidade (o primeiro evento provocou o segundo). — Page: 152 ^ref-60621
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O viés de confirmação é a tendência inconsciente de prestar mais atenção em exemplos que confirmam aquilo em que queremos acreditar, e ignorar ou tratar como irrelevantes os exemplos do contrário. — Page: 158 ^ref-3931
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densidade de efeito12 e densidade de causa. — Page: 165 ^ref-7714
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Além da ilusão de causalidade, outro fator que pode dar a impressão de que um tratamento inócuo (ou mesmo prejudicial!) está fazendo bem é a variabilidade natural da doença. — Page: 182 ^ref-53471
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A todas essas ilusões, vem somar-se algo muito real, o efeito placebo: mudanças no estado de um paciente causadas pela percepção ou crença de que existe um tratamento em curso, mesmo que tudo não passe de simulação. — Page: 194 ^ref-61070
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condicionamento clássico.14 O experimento que estabeleceu o princípio parecia muito simples: cães foram condicionados a associar uma pessoa, e posteriormente uma sineta, à presença de alimento. — Page: 197 ^ref-63517
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Condicionamento clássico é um dos segredos por trás do efeito placebo. — Page: 210 ^ref-22588
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Foi possível bloquear um efeito, tido como psicológico, com uma droga, demonstrando um provável mecanismo de ação bioquímico. Assim, temos a resposta: placebo não é apenas ilusão. A redução da dor é fisiológica. Mas, certamente, envolve condicionamento e expectativa. — Page: 242 ^ref-907
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Resta, então, a dúvida cruel: se o efeito placebo tem realidade fisiológica, realmente reduz a dor, e não tem efeitos colaterais, por que não prescrever placebos? Aí entramos em uma questão ética delicada. Para prescrever placebos, o médico teria que deliberadamente enganar o paciente. E o placebo não cura nada. Até mesmo a redução da dor é menor do que seria com um analgésico de verdade. Além disso, o efeito é inconstante e inconsistente: algumas pessoas são mais (ou menos) suscetíveis. — Page: 272 ^ref-8099
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Talvez um dos maiores – e mais difíceis – esforços empreendidos ao longo do desenvolvimento da ciência, um esforço ainda presente e sempre necessário, seja o de libertar-se da ilusão de que boas histórias e experiências marcantes provam alguma coisa. — Page: 285 ^ref-27047
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O direito à própria opinião não implica direito à negligência. — Page: 292 ^ref-14872
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Em termos bem abstratos, o ideal seria que os grupos envolvidos na comparação fossem exatamente o mesmo grupo, formado exatamente pelas mesmas pessoas, vivendo em mundos paralelos – e onde a única diferença entre os mundos fosse a presença (ou ausência) do tratamento. — Page: 312 ^ref-43721
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é a randomização: isto é, a destinação de voluntários para um ou outro grupo de forma aleatória. — Page: 315 ^ref-27452
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Neste sentido, talvez, chamar o grupo de “placebo” traga uma percepção equivocada, que poderia ser resolvida se chamássemos o grupo de “não específico”. — Page: 346 ^ref-63149
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os chamados protocolos de cegamento, a fim de evitar que tanto os voluntários envolvidos no teste quanto os profissionais de saúde em contato com eles soubessem quem faz parte do grupo controle ou do grupo de teste (chamado de “grupo tratamento”). Uma terceira camada de cegamento também pode ser aplicada, atingindo os profissionais que vão analisar os resultados – assim, evita-se que as expectativas deles afetem o relatório final. — Page: 348 ^ref-18115
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A ciência é limitada pela nossa capacidade de ver, interrogar e interpretar a natureza. — Page: 374 ^ref-41193
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Astrologia é a crença de que a posição aparente de certos corpos celestes, no minuto do nascimento, permite prever traços definidores da personalidade e até quais serão os eventos mais marcantes da vida de uma pessoa. — Page: 393 ^ref-39476
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É inegável, no entanto, que quando analisada de modo subjetivo – isto é, na chave da experiência individual de quem consulta um astrólogo ou lê um horóscopo –, a astrologia muitas vezes mostra-se capaz de gerar uma impressionante ilusão de validade. — Page: 419 ^ref-34776
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Mas esse céu de Ptolomeu, miúdo, anacrônico e ingênuo, acrescido de poucas adaptações – como a inclusão de Urano, Netuno e Plutão e, em alguns casos, dos maiores entre os asteroides localizados entre Marte e Júpiter, como Ceres e Vesta – ainda é, essencialmente, o céu dos astrólogos. Isso traz três problemas fundamentais para quem deseja levar a astrologia a sério: a posição real das estrelas, as fronteiras entre as constelações e o provincianismo das interpretações. — Page: 437 ^ref-29335
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Existe, no entanto, um terceiro movimento, menos notável na escala de vida dos seres humanos: a precessão. Esse é um movimento do próprio eixo de rotação da Terra, que “bamboleia”, como um pião. — Page: 443 ^ref-2001
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A maioria dos praticantes da arte talvez não saiba mesmo nada a respeito do céu real, mas há astrólogos muito bem-informados sobre astronomia. — Page: 459 ^ref-8825
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É uma explicação conveniente, mas que deixa em aberto a questão – por que esses signos? — Page: 464 ^ref-24951
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Por que o que corresponde à posição do Sol em 21 de março? — Page: 466 ^ref-64358
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A resposta deixa claro o caráter primitivo e provinciano da astrologia: é porque 21 de março é a data tradicional do início da primavera do hemisfério norte. — Page: 467 ^ref-52831
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Dá para ver como a simbologia astrológica está ligada, por meio de metáforas, às características da época do ano em que o Sol entra em cada signo – Áries é um signo primaveril, Capricórnio, invernal. Mas essa é uma correspondência que só faz sentido no hemisfério norte. — Page: 476 ^ref-54277
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Além de testes envolvendo grande número de pessoas e signos solares, existe uma grande literatura formada por testes que buscam, sim, avaliar a confiabilidade e validade de mapas astrais inteiros, em toda sua complexidade. Esses se dividem em dois tipos: de associação e de discriminação. — Page: 514 ^ref-47888
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Testes de discriminação pedem a cidadãos comuns ou clientes de astrólogos que digam se uma determinada interpretação de mapa astral “bate” com suas personalidades. — Page: 516 ^ref-39777
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Testes de associação, por sua vez, pedem que astrólogos associem corretamente mapas astrais a biografias ou perfis psicológicos. — Page: 546 ^ref-33622
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Diferentes pessoas tiram benefícios, tanto sociais (amigos, trabalho, amantes) quanto emocionais (serenidade, senso de pertencimento, de identidade) ao aderir a sistemas ideológicos tão incompatíveis entre si quanto comunismo e liberalismo, e a religiões com metafísicas tão mutuamente contraditórias quanto cristianismo e budismo. — Page: 562 ^ref-55667
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A astrologia atende a essas demandas, além de contar com vantagens próprias (para si, não para seus clientes). Essas características especiais são duas: exaustividade e abertura. Vamos ver como é isso. — Page: 567 ^ref-54189
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Todo mapa astral tem um número imenso de significantes em potencial: — Page: 569 ^ref-61570
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Já a abertura é uma característica daquele modo astrológico de expressão que comentamos mais cedo, e que aparece tanto nos mapas astrais quanto nos horóscopos de jornal. — Page: 592 ^ref-9492
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É uma linguagem vaga que se estrutura em mensagens cheias de lacunas – lacunas que o leitor, já predisposto a ver alguma sabedoria ali, preenche por conta própria, com suas ansiedades particulares e detalhes autobiográficos, num processo conhecido como validação subjetiva. — Page: 595 ^ref-1055
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Decisões responsáveis são decisões informadas, e decisões informadas requerem, com o perdão do pleonasmo, informação. — Page: 613 ^ref-43048
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hoje, sabemos que a maioria das diluições homeopáticas é tão intensa que não resta nenhum traço do suposto princípio ativo no medicamento administrado ao doente, que na verdade está consumindo apenas açúcar, água ou álcool, dependendo do caso. — Page: 666 ^ref-64014
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Estes são os dois princípios gerais da homeopatia: Princípio dos similares – semelhante cura semelhante: algo capaz de provocar, numa pessoa saudável, sintomas análogos aos de uma doença deve ser capaz de curar essa mesma doença. Princípio da diluição infinitesimal – quanto mais diluído o princípio ativo, maior a sua potência. — Page: 677 ^ref-58288
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Princípio da experimentação em pessoas saudáveis – os princípios ativos devem ser testados em pessoas saudáveis, para verificar se causam o efeito similar. — Page: 684 ^ref-34569
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Princípio do medicamento único – apenas um remédio homeopático deve ser dado por vez. Seria impossível aferir a eficácia de vários remédios dados ao mesmo tempo. — Page: 687 ^ref-21854
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Existem no mercado diluições que vão de 6X até 30C. O X romano, representando o número dez, significa uma diluição de uma parte de princípio ativo em nove de água. Ou seja, uma solução 6X foi diluída 1.000.000 vezes. Uma solução 30X está diluída 1.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 vezes. — Page: 715 ^ref-11833
Tem algo estranho nessa conta
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Quando a diluição supera o grau de 1023, é possível afirmar que não resta mais uma única molécula de princípio ativo no produto final. — Page: 723 ^ref-26487
De onde vem essa informacao?
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Trata-se, então, de um medicamento baseado num princípio ativo duplamente ausente: primeiro porque a própria diluição homeopática garante isso e, segundo, porque a bactéria que deveria estar lá, e que é a própria razão de ser do preparado, nunca existiu na realidade. — Page: 759 ^ref-51732
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Uma meta-análise se propõe a analisar todos os trabalhos publicados sobre um determinado assunto, avaliar a qualidade de cada um e compilar os resultados para gerar um consenso sobre esse assunto. — Page: 777 ^ref-58334
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O fato é que complementar um tratamento com açúcar e atenção não é necessariamente muito diferente de complementar com canja de galinha e abraço de mãe. — Page: 884 ^ref-27351
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Cuidados, compaixão e carinho são obviamente necessários e eficazes em qualquer atendimento de saúde e deveriam estar sempre presentes. — Page: 886 ^ref-20961
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Todo bom médico está obviamente interessado em restaurar a saúde do seu paciente. Todo bom profissional também está interessado no bem-estar do paciente, o que inclui não só a queixa de saúde específica, mas todo o seu entorno. Todo bom profissional deve – ou deveria – estimular mudanças de hábitos para evitar doenças graves. — Page: 892 ^ref-43442
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No entanto, até hoje não há registro de um único estudo de acompanhamento para verificar essa alegação. — Page: 904 ^ref-40189
Porque nao fazer entao ?
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A “integração” das práticas alternativas, seja em programas públicos de fomento à pesquisa, como o NIH, seja na rede pública de saúde, como o SUS, confunde a população e pode desviar pacientes de seus tratamentos convencionais. Não há evidências de que tais práticas economizem dinheiro para os sistemas de saúde, mas há certamente evidências de que consomem dinheiro público, que poderia ser mais bem investido. — Page: 922 ^ref-36381
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O problema não é o preparado homeopático em si, mas o que ele representa em mudanças de comportamento e aceitação do pensamento mágico como solução para problemas reais. — Page: 935 ^ref-24447
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Mesmo quando usada apenas de forma “complementar”, pode fazer com que o paciente tenha menos aderência ao tratamento convencional, falte às consultas de acompanhamento, não cumpra todas as recomendações do médico e tenha menos confiança nos profissionais de saúde. — Page: 937 ^ref-64913
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Reúne práticas como acupuntura, uso de ervas e plantas tidas popularmente como curativas, “moxabustão” (compressa de ervas quentes nos pontos de acupuntura), práticas físicas como tai chi, qigong, e variações mais modernas da acupuntura, como auriculoterapia (acupuntura nas orelhas) e acupuntura com laser. Tudo isso, segundo os praticantes, funciona reequilibrando a energia vital (chi), o balanço entre yin e yang e a relação entre os cinco elementos do universo: madeira, terra, fogo, água e metal. — Page: 987 ^ref-54262
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Na Organização Mundial de Saúde, encontramos o relatório de terminologias internacionais padronizadas para medicina tradicional chinesa,4 que traz a definição de 3.415 termos de MTC, padronizados e definidos em inglês, para facilitar o uso da MTC por profissionais de saúde, tomadores de decisão em políticas públicas e público em geral. — Page: 018 ^ref-22780
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MTC é filosofia, ideologia, mitologia. Seus componentes certamente têm valor histórico e cultural. Mas não valor científico e/ou médico. Ela não tem plausibilidade biológica ou base em conhecimentos de Fisiologia, Anatomia, Microbiologia. — Page: 039 ^ref-35443
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é quase impossível olhar para o novo CID e não imaginar que, para a OMS, mitologia, folclore, charlatanismo e mistificação agora têm o mesmo status que pesquisa científica séria. — Page: 064 ^ref-43903
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Como medicamentos e insumos eram caros, usar acupuntura e remédios à base de ervas era uma combinação perfeita: tinha custo baixo e promovia nacionalismo. — Page: 162 ^ref-60478
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Além disso, não havia uma investigação sistemática sobre relações de causa e efeito. Se a pessoa se curava, qualquer coisa que tivesse sido administrada por último levava o crédito. Isso podia ser uma erva, um chá, a acupuntura, um apelo aos ancestrais, qualquer coisa. — Page: 244 ^ref-64391
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Fica um pouco difícil imaginar como um terapeuta vai escolher que pontos furar se diferentes escolas usam diferentes pontos, e mesmo entre os que estudaram nas mesmas escolas não há consenso. — Page: 263 ^ref-58445
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A chamada superstição simpática – a intuição de que coisas que guardam semelhanças entre si devem ser ligadas por algum tipo de conexão mágica – sempre marcou presença em tradições de cura de todas as partes do mundo, — Page: 278 ^ref-24814
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“doutrina de assinaturas” — Page: 293 ^ref-45351
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Nesse esquema, atribui-se a uma erva uma função biológica de acordo com seu nome, formato, cor ou outras noções figurativas e mitológicas. — Page: 294 ^ref-3544
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ou seja, a acupuntura não demonstra eficácia além do efeito placebo, aquele que se pode esperar quando o paciente acredita estar sendo tratado, mesmo que não esteja. — Page: 392 ^ref-55150
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Outro problema a ser levado em consideração é o que chamamos de viés de publicação: um cientista tem mais chance de ver um resultado positivo ser aceito e publicado do que um negativo. — Page: 411 ^ref-5245
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As fatalidades em geral são decorrentes de agulhas penetrando um órgão vital, causando pneumotórax ou hemorragia. — Page: 484 ^ref-62095
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Recentemente, a tomada de consciência de que recursos naturais são finitos e de que a interferência impensada e irresponsável em processos naturais, principalmente climáticos e ecológicos, pode trazer consequências desastrosas tem levado a uma revisão de valores e atitudes até pouco tempo atrás tidos como progressistas e civilizatórios. — Page: 514 ^ref-33762
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Isso porque a própria distinção entre “natural” e “artificial” é, ela mesma, largamente artificial. Pouquíssimos dos materiais e organismos com que temos contato ao longo de nossas vidas chegam até nós sem antes terem passado por algum tipo de elaboração por mãos humanas: — Page: 528 ^ref-9936
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É possível dar lógica à distinção adotando uma espécie de escala de artifício – quanto mais etapas de elaboração humana, mais “artificial” e menos “natural” um produto se torna –, mas essa escala destrói a oposição rígida entre as categorias e deixa claro que não há nenhuma conexão necessária entre naturalidade ou artificialidade, de um lado, e qualidade e segurança, de outro. — Page: 533 ^ref-32366
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Produtos, alimentos, atividades, tudo precisa ser avaliado em termos dos riscos e benefícios que oferecem. — Page: 539 ^ref-1931
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Mas decisões racionais baseadas em análise de risco não são o forte da humanidade. Somos movidos por heurísticas e vieses construídos pela evolução e enraizados na cultura. — Page: 541 ^ref-25162
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Jonathan Haidt, da Universidade de Nova York (NYU). Em seu livro A mente moralista,2 Haidt sugere que seis valores básicos, que ele chama de fundações morais, norteiam a construção da ideia de certo e errado: cuidado, justiça, liberdade, lealdade, autoridade e pureza. — Page: 550 ^ref-11440
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Embora ninguém discorde de que é importante ter hábitos de vida saudáveis e uma alimentação balanceada, e de que poluição e degradação do meio ambiente devem ser evitadas, nada disso é garantia de segurança, longevidade ou proteção contra doenças infecciosas. — Page: 570 ^ref-40057
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Paul Rozin, biólogo, psicólogo e pioneiro nos estudos sobre a relação psicológica do ser humano com o alimento, enquadra a preferência pelo natural dentro de quatro crenças instrumentais e duas ideológicas. — Page: 586 ^ref-41761
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instrumentais referem-se à suposta superioridade funcional ou material de entidades naturais: — Page: 589 ^ref-3540
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a primeira estipula que natural é sempre melhor porque a intervenção humana sempre causa danos à natureza, que muitas vezes escalam para danos irreversíveis e maiores do que o esperado. — Page: 590 ^ref-17962
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A segunda é de que as entidades naturais são mais saudáveis ou mais eficazes, — Page: 591 ^ref-28977
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viés de omissão. Há uma tendência humana de dar um peso de responsabilidade maior aos efeitos produzidos por aquilo que fazemos do que pela eventual decisão de nada fazer. — Page: 593 ^ref-25869
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Uma terceira crença instrumental é de que o natural é mais agradável aos sentidos. — Page: 595 ^ref-52333
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E finalmente, ecoando as fundações morais de Haidt, a quarta crença é de que a natureza é simplesmente mais pura, e por isso, mais segura. — Page: 603 ^ref-8869
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A segunda categoria de crenças, ideológicas, é baseada na superioridade moral e estética das entidades naturais. — Page: 604 ^ref-45400
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Dentro dessa categoria temos a crença de que existe uma hierarquia normativa no universo e a que a natureza está no topo, acima da intervenção humana. — Page: 605 ^ref-64584
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E, finalmente, a última crença é a de que natural é melhor e ponto final. — Page: 606 ^ref-63933
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Além disso, a dicotomia natural/artificial ignora as questões centrais da toxicologia: dose e exposição. — Page: 617 ^ref-51195
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Não é de hoje que cientistas tentam desmentir a falácia do natural. — Page: 620 ^ref-44940
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Ou seja, não faz sentido traçar uma linha entre pesticidas naturais e sintéticos, inferindo automaticamente que o natural é inócuo e o sintético faz mal. — Page: 630 ^ref-21711
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Avaliações de toxicidade baseiam-se, em geral, em pelo menos duas escalas: a dose letal de 50% (DL50), a ingestão diária aceitável (IDA). — Page: 637 ^ref-10244
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Para pesticidas agrícolas, utiliza-se também o limite máximo de resíduos permitido (LMR), que é calculado com base na IDA e fatores ambientais. — Page: 638 ^ref-53056
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A DL50 indica a dose mínima em que metade das cobaias morreram. — Page: 641 ^ref-48173
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A IDA é calculada submetendo as cobaias a concentrações crescentes do composto químico, por um longo período de tempo, até chegar à concentração em que um primeiro efeito adverso é observado. — Page: 652 ^ref-39581
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Curiosamente, mesmo quando a síntese da molécula ativa de algum composto – seja medicamento ou detergente – é 100% industrial, o conceito, a ideia, a fórmula, quase sempre têm origem em algum composto natural. A verdade é que nós, seres humanos, não somos tão criativos assim. — Page: 675 ^ref-8738
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Um primeiro passo para corrigir isso é estabelecer a diferença entre perigo e risco.21 Perigo é a possibilidade intrínseca de algo causar dano ao ser humano, a animais ou ao meio ambiente. — Page: 706 ^ref-22365
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Risco é a probabilidade concreta de o dano ocorrer, de acordo com a suscetibilidade e exposição ao perigo.22 Para simplificar, dizemos que o risco = perigo + exposição. — Page: 708 ^ref-12415
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No entanto, mesmo com acesso à informação, os seres humanos avaliam risco de forma muito mais emocional do que racional. Tendemos a maximizar riscos de eventos raros como desastres de avião e ataques terroristas, e minimizar riscos reais, como acidentes de automóvel ou mudanças climáticas. — Page: 723 ^ref-52694
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apenas 18% concordaram que o sal produzido sinteticamente tem exatamente a mesma estrutura química (NaCl) do sal encontrado no oceano. — Page: 744 ^ref-3404
Caramba!
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Os autores explicam que enquanto o toxicologista se vale de raciocínio analítico para fazer análises de risco, usando curva de dose-resposta, exposição e probabilidade, o público não especialista usa heurísticas simples: a falácia do natural (natural é sempre melhor), o medo do contágio e a heurística da confiança: quando não entendemos de um assunto, confiamos na opinião de pessoas ou instituições que vemos como semelhantes a nós em interesses e valores. — Page: 746 ^ref-22319
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a heurística do afeto, ou heurística afetiva, que descreve como a percepção de perigo pode desencadear emoções positivas ou negativas, que se transformam em juízos sobre esses perigos. — Page: 768 ^ref-5287
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Não é questão de considerar a racionalidade como sempre superior aos sentimentos, mas de entender como tomamos decisões e como a heurística afetiva direciona essas decisões. — Page: 785 ^ref-38607
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Transformada em arma pelo mercado de wellness, a falácia do natural mira em dois alvos: o medo e a vaidade, assim atingindo dois grupos distintos. — Page: 803 ^ref-14620
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O primeiro é composto de pessoas vulneráveis, assustadas, que passaram ou estão passando por momentos de vida difíceis: — Page: 804 ^ref-25546
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E existe o consumidor por vaidade, que se sente num plano espiritual superior por causa da aula de yoga, meditação — Page: 808 ^ref-8965
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Em linhas gerais, “energia” é uma espécie de conceito-tampão usado para preencher as sempre constrangedoras lacunas explicativas presentes na defesa dessas modalidades: — Page: 998 ^ref-1915
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Dizer que há forças misteriosas em ação é como dizer que há um gigante invisível passando diante de nós. É verdade que não podemos vê-lo, por definição, mas se fosse real, sentiríamos o chão tremendo sob o peso de seus passos e veríamos suas pegadas. — Page: 038 ^ref-27948
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Claro, o fato de a ciência ser incapaz de explicar um fenômeno não implica, necessariamente, que o fenômeno não existe. — Page: 052 ^ref-15683
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qigong, uma forma chinesa de “cura” por imposição das mãos com (suposta) transferência, transmissão ou manipulação de alguma forma de energia vital. — Page: 106 ^ref-27381
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“qi” significando algo como “espírito” ou “força vital” e “gong”, “perícia”, “habilidade” — Page: 108 ^ref-27757
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Existe uma distinção entre qigong “interno” – que envolve técnicas de exercício, meditação e respiração – e “externo” – que trata da projeção da “energia vital” de um terapeuta para o paciente. — Page: 113 ^ref-19626
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O johrei, outra técnica japonesa de cura pela canalização de energia vital pelas mãos do terapeuta, — Page: 194 ^ref-46446
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Boa parte dos defensores da suposta eficácia das curas energéticas praticadas por imposição das mãos, independentemente da modalidade ou escola específica, gosta de reivindicar para sua técnica o caráter de prática ancestral, tradicional ou milenar. — Page: 201 ^ref-26562
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Mas a antiguidade de uma prática curativa, ou mesmo o respeito devido à relevância cultural que talvez possua, não tem absolutamente nada a ver com sua segurança, possível eficácia ou validade: — Page: 210 ^ref-55627
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Como explica o especialista em história médica chinesa Yuan Zhong,30 durante séculos os médicos da China tiveram de conviver com sérias restrições culturais que impediam a dissecação do corpo humano – algo que também foi comum no Ocidente –, e os principais modelos disponíveis eram as vítimas de execuções, que ocorriam principalmente por decapitação. — Page: 224 ^ref-589
Esse argumento ja apareceu em outro capigulo nao?
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Mesmer dizia ter descoberto uma nova foça da natureza, o “magnetismo animal”, que seria uma manifestação do mesmo fluido universal responsável por produzir a força da gravidade e o ferromagnetismo: um poder sutil com o qual ele se propunha ao manipular os fluxos do “fluido magnético” nos corpos de seus pacientes, ao curar doenças nervosas (isto é, mentais ou psicossomáticas) “diretamente” e males físicos “indiretamente”. — Page: 241 ^ref-20181
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o historiador Robert Darnton nota que, em 30 de abril de 1784, o Journal de Paris noticiava “a perda de um elemento”: depois de milênios de predomínio da teoria de que tudo na natureza era feito de quatro elementos fundamentais – água, fogo, terra e ar – o químico Antoine Lavoisier e o matemático Jean Baptiste Meusnier haviam demonstrado que a água era “na verdade, ar” (isto é, composta de dois gases – que hoje chamamos de oxigênio e hidrogênio). — Page: 274 ^ref-60631
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Logo de saída, a comissão adotou a postura metodológica de determinar não se curas estavam acontecendo nas sessões de magnetismo, mas se o magnetismo existia. A razão era clara: curas podem ter várias causas, incluindo outros tratamentos paralelos e o próprio curso normal da natureza, mas, se o magnetismo animal não existisse, ele certamente não poderia ser causa de nada. — Page: 293 ^ref-15090
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Com esse trabalho, não muito diferente dos testes conduzidos duzentos anos depois na China com o mestre Lu ou mesmo do experimento de Emily Rosa, ficou evidente que o que causava crises, convulsões, choros e supostas “curas” não era o hipotético magnetismo animal, mas o estado de crença dos pacientes. — Page: 306 ^ref-41967
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As propostas de “cura energética” partem de uma concepção vitalista da saúde. Vitalismo é um conceito complexo, que pode significar diferentes coisas em diferentes contextos39. Em Biologia e Medicina, costuma referir-se à crença de que há algo especial que separa a matéria viva da inanimada, que existe um “algo mais” nos processos biológicos que impede que sejam corretamente descritos e compreendidos em termos das leis físicas e químicas que afetam a matéria comum. — Page: 326 ^ref-60623
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Nesse aspecto, não é muito diferente do criacionismo: enquanto este último busca submeter a evidência científica ao crivo da “verdade” bíblica, propostas vitalistas tendem a tentar submeter a ciência ao crivo de uma certa “verdade” espiritual, tal como entendida na cultura New Age. — Page: 335 ^ref-43276
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Hoje, o pensamento biológico vitalista sobrevive de duas formas: como metáfora ou quadro conceitual para tratar das propriedades emergentes da biologia – isto é, dos sistemas e funções que aparecem quando moléculas orgânicas interagem para criar o fenômeno da vida, como respiração, regulação, reprodução – e, de modo muito concreto, nada metafórico, como base de diversas concepções “alternativas, integrativas e complementares” de saúde. — Page: 341 ^ref-17599
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Antes de prosseguir, um alerta: comida não é medicamento. — Page: 359 ^ref-18142
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Ainda assim, um ponto em especial chama atenção: o fato de que tanto as crianças como os universitários sabem como deveria ser uma alimentação saudável, mesmo que não estejam dispostos a segui-la. — Page: 414 ^ref-43294
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“Besteira” ou “comida”? Depende do contexto. — Page: 422 ^ref-34265
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Na prática, no entanto, a aplicação do princípio esbarra no fato de que não é tão simples assim saber quantas calorias estamos realmente absorvendo de cada alimento. — Page: 426 ^ref-45506
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Para começar, precisamos entender o que é caloria. Trata-se de uma unidade usada para medir energia. Uma caloria corresponde à energia necessária para elevar a temperatura de um mililitro de água em 1o C, ao nível do mar. — Page: 429 ^ref-44451
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O problema é que, apesar de o calorímetro ser um instrumento preciso, o processo digestivo que transforma comida em energia não é idêntico ao processo de combustão. Na combustão, a energia é liberada de uma vez. A digestão é um processo lento, com várias fases, intermediado por diversas reações químicas. — Page: 441 ^ref-25909
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triturar, fazer suco, processar, fermentar. Nós alteramos os alimentos, facilitando ou dificultando a absorção de nutrientes, incluindo aí calorias. — Page: 454 ^ref-38514
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O uso de calorias para quantificar a energia que retiramos da comida, associado à ideia de que o balanço energético entre calorias gastas e consumidas é o que vai nos fazer engordar, emagrecer ou manter o peso, perdura até hoje. Em essência, é um modelo correto, mas na prática, excessivamente simplificado. — Page: 469 ^ref-32221
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Calorias consumidas em excesso pelo corpo humano são armazenadas principalmente sob a forma de gordura. É o modo mais eficiente: lembre-se de que cada grama de gordura concentra 9 kcal. Carboidratos e proteínas, consumidos em excesso, podem virar gordura, mas o contrário não é verdadeiro. Gordura, em humanos, não vira proteína nem carboidrato. Só energia. — Page: 474 ^ref-62434
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Na alimentação, os carboidratos em geral se dividem em açúcares (moléculas menores, como glicose e frutose), amidos (moléculas maiores, que demoram mais para serem digeridas) e fibras – carboidratos que não conseguimos digerir, mas que são importantes para gerar volume no processo digestivo e para alimentar as bactérias do intestino. — Page: 480 ^ref-64875
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O “índice glicêmico” dos alimentos é uma medida justamente do seu potencial de gerar picos de glicose no sangue. — Page: 499 ^ref-27259
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Cada uma conta com suas peculiaridades e, embora todas tenham a capacidade de causar perda de peso ocasional, podem não funcionar tão bem para mudar hábitos de longo prazo, algo necessário para a manutenção do resultado. — Page: 504 ^ref-42847
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Esse é também o motivo pelo qual portadores de diabetes tipo 1, que não produzem insulina suficiente, geralmente perdem peso com facilidade. Mas isso não é vantagem: sem insulina acumulam glicose no sangue, o que leva a diversas outras complicações e problemas de saúde. Por isso, diabéticos precisam repor insulina. — Page: 515 ^ref-6040
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E perdemos peso, tanto de gordura como de massa muscular. — Page: 519 ^ref-32228
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Na verdade, os lipídeos (moléculas de gordura) são essenciais para a vida, não somente como estoque de energia para tempos de escassez, mas como moléculas estruturais e que participam de processos metabólicos importantes. Não existe membrana celular sem lipídeos. Sem gordura, não existem células. — Page: 557 ^ref-19285
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Proteínas são feitas de unidades químicas menores chamadas aminoácidos. O corpo humano produz alguns, outros precisam ser extraídos da dieta. E lembra que proteína pode virar carboidrato ou gordura, mas não o inverso, porque fica faltando o nitrogênio? Parar de comer proteína, portanto, não é uma boa ideia. — Page: 575 ^ref-50908
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E precisamos extrair energia dos alimentos para manter a temperatura estável do corpo humano e para executar os processos metabólicos e fisiológicos que nos mantêm funcionando. Isso é o que chamamos de metabolismo basal. — Page: 589 ^ref-16527
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Quase todas as células do corpo humano conseguem usar cetonas no lugar da glicose como fonte de energia, e parece que, particularmente no cérebro, essa substituição ajuda a reduzir o número de convulsões. — Page: 620 ^ref-37542
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Primeiro, a ideia de que o animal humano evoluiu até atingir algum tipo de “adaptação ótima” ao ambiente, 10 mil anos atrás, e vem degringolando desde então, não faz o menor sentido. Não existe estado ótimo de convivência com o meio, pela simples razão de que o ambiente, assim como nós, muda. — Page: 651 ^ref-31636
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Se, ao cortar o glúten, as pessoas modificarem a dieta para comer menos pães e massas e incluir mais frutas e verduras, há uma melhora na saúde e provável perda de peso. — Page: 707 ^ref-63467
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Alimentos são elevados à categoria “super” geralmente porque contêm algum micronutriente em grande quantidade, e esse micronutriente está associado a alguma propriedade que, o pessoal do marketing quer fazer você acreditar, pode curar ou prevenir doenças. — Page: 743 ^ref-28976
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O marketing excessivo desses alimentos pode trazer consequências preocupantes tanto para uma alimentação balanceada da população como para o meio ambiente. Para a população, porque pessoas podem priorizar o consumo desses alimentos de forma desproporcional, e acabar deixando de ter uma dieta equilibrada. E para o meio ambiente, porque se o mercado passa a preferir esses alimentos, o agricultor pode acabar apostando demais nessas culturas – e deixando de lado outras igualmente importantes. — Page: 760 ^ref-65438
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cheios de “produtos químicos” (como se as moléculas de um morango in natura fossem menos “químicas” que as de um picolé). — Page: 791 ^ref-52201
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relatório traz alguns pontos que merecem destaque: primeiro, nenhum fabricante ou promotor de serviços analisado no relatório conseguiu fornecer uma definição do que é, afinal, “detox”. Segundo, nenhum conseguiu embasar ou explicar cientificamente as alegações de como o produto ou serviço funciona. Os autores concluíram que “detox” é um termo de marketing, um mito. — Page: 806 ^ref-17341
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O melhor conselho geral possível é também o mais óbvio: fora de condições especiais, melhor é a dieta rica em cereais, frutas e verduras frescas se possível, alimentos in natura e minimamente processados, em que nada é proibido e moderação é a regra geral. — Page: 864 ^ref-38239
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seguidos estão a avaliação crítica das alegações de cura ou benefício terapêutico por meio de testes controlados, envolvendo número significativo de pacientes, comparação entre grupos equivalentes e algum grau de cegamento, seguidos de análise estatística competente e pertinente dos resultados. — Page: 874 ^ref-39848
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falácia da “experiência clínica” – o aparente sucesso que o terapeuta “vê com os próprios olhos no consultório”, falácia reforçada pela gratidão dos pacientes satisfeitos. — Page: 882 ^ref-36162
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Essa é a família das chamadas terapias psicodinâmicas, que habita o universo das “curas pela fala”, em que a principal ferramenta terapêutica é um diálogo, livre ou estruturado (isto é, seguindo etapas e protocolos preestabelecidos), entre paciente e terapeuta. — Page: 894 ^ref-6782
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Witkowski e Zatonski referem-se às psicoterapias como “uma atividade voltada prioritariamente ao mercado”, mais preocupadas em manter uma boa imagem pública do que em testar e validar (ou descartar) as alegações das diferentes escolas de terapia. — Page: 909 ^ref-32168
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Isso não significa, claro, que o estudo da psiquê não precise de conceitos e instrumentos próprios, mas sim que esses instrumentos e conceitos não estão além dos princípios e das regras mais fundamentais das ciências físicas, biológicas e da saúde, e nem podem contradizê-los. — Page: 940 ^ref-15408
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Uma das tentativas, que ainda hoje é extremamente popular, envolve criar uma distinção artificial entre ciências “nomotéticas” (que produzem leis universais, como a Física) e “hermenêuticas” (que produzem interpretações dependentes de contexto, como as Ciências Sociais e, claro, a psicanálise). — Page: 953 ^ref-59479
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A aplicação do método científico na produção de conhecimento psicológico – em oposição à reverência à palavra de supostos “gênios fundadores”, como Freud, ou à mera introspecção – já permitiu grandes avanços em áreas como a psicologia social, análise de comportamento, neuropsicologia e, no contexto clínico, nas terapias de base cognitivo-comportamental. — Page: 967 ^ref-708
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a da existência do chamado inconsciente psicodinâmico. Esse inconsciente – que já foi comparado a uma “mente paralela” ou “calabouço” – seria um repositório para onde a mente baniria os desejos inconfessáveis, pensamentos vergonhosos, impulsos inomináveis, motivações pérfidas, memórias indizíveis e, dependendo da corrente teórica a que se adere, um monte de outras coisas. — Page: 987 ^ref-2077
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Não: o inconsciente psicodinâmico, se existe, é feito das culpas, dores, memórias (e de um monte de outras coisas, dependendo da escola psicanalítica a que se adere) que nunca sequer notamos que existem. — Page: 993 ^ref-64186
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que princípios básicos da inferência científica – por exemplo, o de que a evidência pertinente à validade (ou não) de uma teoria deve existir independentemente dela – foram abandonados na cultura psicanalítica. — Page: 013 ^ref-51638
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é a aplicação da teoria que produz as narrativas que a própria teoria, depois, vai interpretar como memórias resgatadas do inconsciente. — Page: 018 ^ref-54952
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porque o edifício psicodinâmico foi todo construído sobre a fundação da prática clínica freudiana: a teoria e a terapia psicanalítica apresentam-se ao mundo como resultado de uma construção lógica feita a partir do trabalho de Freud com seus pacientes e das reflexões e hipóteses derivadas desse trabalho. Reflexões e hipóteses que, por sua vez, são referendadas pelas curas que Freud alega ter produzido. — Page: 051 ^ref-14434
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A “experiência clínica”, como vimos, pode talvez sugerir, mas jamais demonstrar. — Page: 055 ^ref-24305
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Levada ao extremo, a doutrina do inconsciente psicodinâmico sugere que os únicos pensamentos autênticos que uma pessoa tem são os que o psicanalista lhe revela: todo o resto não passaria de conteúdo inconsciente disfarçado, sintomas de traumas e desejos reprimidos. — Page: 100 ^ref-49025
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Inferências baseadas em pareidolia (a tendência de interpretar estímulos vagos e aleatórios como tendo significado) — Page: 106 ^ref-879
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apofenia (tendência de enxergar conexões entre eventos independentes ou dados aleatórios) — Page: 107 ^ref-56046
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Uma chave que parece servir em todas as fechaduras provavelmente não vai abrir nenhuma – mas pode quebrar várias. — Page: 126 ^ref-24946
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Leibniz ponderava que “os pensamentos não param só porque não os percebemos”, e alguns de seus exemplos de atividade inconsciente – como o de que o cérebro segue registrando o som de uma cachoeira mesmo depois que paramos de prestar atenção na queda d’água – estão muito mais próximos da concepção moderna, científica, de inconsciente do que o calabouço mental dos psicanalistas. — Page: 135 ^ref-566
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Em termos conceituais, a diferença fundamental está na insistência psicanalítica na quimera do conteúdo reprimido, — Page: 142 ^ref-58154
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“Transferência” é um termo técnico da psicanálise, um construto teórico freudiano, que se refere a um suposto estado de dependência e submissão infantil do paciente em relação ao analista. — Page: 162 ^ref-59971
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A memória humana não é um DVD que registra tudo e pode ser assistido de novo a qualquer momento. Cada vez que nos lembramos de algo, o cérebro reconstrói toda a situação, e nessas reconstruções, muitas vezes, lacunas são preenchidas com dedução, imaginação e fragmentos de memórias diversas, semelhantes, sem que percebamos.48 — Page: 223 ^ref-26580
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“em resumo, quando ouvimos alguém descrever o que lhe aconteceu, geralmente recebemos um relato simplificado, não muito bem descrito de algo não muito bem lembrado e que não foi muito bem observado — Page: 237 ^ref-65165
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“pescaria”: em vez de o cientista formular uma hipótese clara e conduzir experimentos em uma busca imparcial por dados relevantes que possam confirmá-la ou refutá-la, inicia-se uma coleta de dados mais ou menos a esmo, sem hipótese clara, tendo-se apenas uma direção geral em mente – provar que paranormalidade existe, digamos – e então “pesca-se”, no oceano de informações recolhidas, aquelas que parecem avançar nessa direção. — Page: 341 ^ref-36774
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O fenômeno ostensivamente testado por Daryl Bem, precognição, é um dos três componentes básicos do que se costuma chamar de percepção extrassensorial, ou ESP, na sigla em inglês. Os outros dois são telepatia, a suposta capacidade de detectar ou transmitir pensamentos sem o uso de meios físicos conhecidos, como palavras, gestos, expressões faciais ou corporais; e clarividência, o suposto poder de acessar informações que se encontram fora do alcance dos sentidos, como eventos que ocorrem agora numa base militar do outro lado do mundo, ou o conteúdo de um envelope lacrado. — Page: 369 ^ref-37191
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Somada à telecinese – a suposta capacidade de produzir alterações físicas, incluindo mover ou “aportar” (isto é, fazer aparecer do nada) objetos e curar doenças, sem o uso de meios materiais – a ESP compõe o conjunto clássico dos “processos anômalos de transferência de informação ou energia atualmente inexplicados em termos de mecanismos físicos ou biológicos conhecidos” que entram na definição de paranormalidade. — Page: 373 ^ref-22707
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determinar que alguma outra coisa, além da sorte, está afetando o resultado dos testes de adivinhação não prova que essa “coisa” é um poder paranormal. — Page: 446 ^ref-37606
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a Lei dos Números Realmente Muito Grandes. Ela garante que, dado um número vasto o suficiente de oportunidades, até as coisas mais improváveis acabam acontecendo, por puro acaso. Ou: “Numa amostra grande o suficiente, qualquer coisa ridícula tem probabilidade de acontecer”. — Page: 615 ^ref-28557
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Nesse contexto, a “hipótese extraterrestre” pode ter soado razoável no século XX (ou ainda soar no XXI) simplesmente por uma questão de hábito cultural: a ficção científica e as especulações feitas por cientistas, uns mais sérios do que outros, acostumaram-nos a ela. — Page: 706 ^ref-60009
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Mesmo o principal inspirador da doutrina espiritualista mais aceita no Brasil – base da religião espírita abraçada, segundo o IBGE, por quase 4 milhões de brasileiros28 –, o francês Allan Kardec escreveu sobre espíritos de outros planetas. — Page: 836 ^ref-11579
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Resumidamente, são: “Não Identificado” não é sinônimo de “alienígena”. Muitos óvnis acabam identificados. — Page: 873 ^ref-37331
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Só porque vida alienígena é possível, não significa que “eles” estão aqui. — Page: 877 ^ref-1973
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A hipótese de Charles Darwin, hoje exaustivamente confirmada, de que nossa espécie surgiu na África era desprezada ou ignorada. — Page: 920 ^ref-11030
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A tentação de reescrever o passado para melhor controlar (ou interpretar ou aceitar) o presente, satirizada pelo escritor britânico George Orwell no romance 1984, sempre existiu. — Page: 923 ^ref-63672
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Mais uma vez, a inspiração racista e eurocêntrica – encontrar vestígios de uma elite branca no Brasil anterior aos portugueses (e, quem sabe, até aos povos indígenas) – que, por tabela, oferecesse um verniz extra de legitimidade política e étnica à elite imperial. — Page: 945 ^ref-35015
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pareidolia – a tendência humana de interpretar estímulos aleatórios como se formassem conjuntos coerentes, como já dissemos. — Page: 958 ^ref-12715
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Essa concepção geral, de que avanços científicos, tecnologias ou padrões culturais emergem apenas uma vez e depois se espalham pelo mundo, é chamada de hiperdifusionismo. — Page: 978 ^ref-49991
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A tarefa do ser racional é pescar, no oceano infinito das possibilidades, o que é razoável e plausível, e jogar de volta na água o que não é. — Page: 009 ^ref-21814
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é difícil imaginar que supercivilizações perdidas do passado, ou alienígenas capazes de atravessar a galáxia, precisassem de mais de meio século para descobrir como se constrói uma pilha triangular de pedras. — Page: 122 ^ref-52893
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distorcendo escalas até encontrar alguma que “encaixe”, é possível comprovar qualquer hipótese envolvendo formas ou números, por mais absurda que seja. Veremos alguns outros exemplos mais adiante. — Page: 164 ^ref-56238
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Então, como explicar que o produto matemático fundamental e X π (8,5397) está inscrito no meu nariz? Fácil: primeiro achamos número, e então saímos procurando algo de significativo que correspondesse a ele. — Page: 180 ^ref-32972
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Uma boa dica para quem se vê intrigado por alegações de “conhecimento codificado” em monumentos e textos antigos é perguntar-se o que é mais provável, se os antigos realmente esconderam o conhecimento ali, e de forma tão enigmática, ou se somos nós que estamos distorcendo o trabalho deles, projetando e encaixando lá, à força, o conhecimento de nossa época. — Page: 187 ^ref-10888
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como “não sabemos” como a estrutura tal foi construída ou o que o desenho ali representa, alienígenas e sábios da Atlântida parecem uma explicação tão boa quanto qualquer outra. — Page: 196 ^ref-18686
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Esse tipo de leitura busca encaixar o passado histórico num esquema de referências ancorado na imaginação e no repertório disponíveis no presente: — Page: 208 ^ref-53791
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Em sua Encyclopedia of Dubious Archaeology,31 Kenneth L. Feder resume bem a situação: “Afrocentrismo é tão errado quanto eurocentrismo ou qualquer outro ‘centrismo’ que se queira inventar. Todas as regiões do mundo desenvolveram culturas que foram, cada uma à sua maneira, sofisticadas e elaboradas […] nunca houve um único ‘povo genial’”. — Page: 249 ^ref-61092
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Na narrativa antroposófica da evolução das espécies, espíritos humanos vão reencarnando em corpos de pele e cabelos mais claros à medida que progridem. Cabelos loiros e olhos azuis causam inteligência.7 Genocídios podem ser necessários e bem-vindos: em seu livro O significado oculto do sangue,8 Steiner pondera que “certos povos aborígenes precisam perecer no momento que colonizadores chegam a sua parte do mundo”. — Page: 279 ^ref-62268
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Na narrativa teosófica da evolução, seres humanos são entidades eminentemente espirituais cuja existência na Terra se dá em ciclos históricos, separados por cataclismos (a submersão da Atlântida, claro, sendo um deles). Cada ciclo é dominado por uma raça-raiz, com a qual convivem suas sub-raças e remanescentes, vagamente degenerados, das raças-raízes de ciclos anteriores. A “atual” raça raiz é a ariana. — Page: 309 ^ref-47681
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intersubjetividade (experimentos iguais devem produzir resultados iguais, não importa quem os realiza) — Page: 404 ^ref-3656
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verificabilidade empírica (afirmações teóricas devem ter consequências práticas, consequências essas que podem ser observadas e confirmadas). — Page: 405 ^ref-34209
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A visão espiritual de Steiner lhe revelou uma anatomia esotérica, com desdobramentos ocultos do corpo humano e sistemas não reconhecidos pela ciência “materialista”. — Page: 440 ^ref-30612
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Essa ideia geral – de que todos os problemas de saúde têm uma única causa (desequilíbrio) e uma única cura (reequilíbrio) – é comum a inúmeros sistemas de cura pré-modernos e resiste em boa parte da medicina alternativa contemporânea. — Page: 466 ^ref-20663
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Como vimos, ele acreditava que o ser humano evoluía, enquanto indivíduo, ao longo de sucessivas encarnações. Mais do que isso, afirmava que cada encarnação apresentava ao ego desafios que ele deveria superar para seguir evoluindo. Nessa visão, limitações físicas, sociais e econômicas seriam não azares ou injustiças, mas “lições” necessárias no caminho de um destino glorioso. — Page: 476 ^ref-31820
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Em termos práticos – qualidade do produto, capacidade de produção, sustentabilidade ecológica –, a agricultura biodinâmica partilha de boa parte das vantagens aparentes (e dos problemas reais) da agricultura orgânica,39 mas com uma camada extra de mágica e ocultismo. — Page: 522 ^ref-38156
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Resultados fascinantes assim acabaram levando algumas pessoas a imaginar que a ciência estaria, finalmente, reconhecendo o poder da força de vontade e do pensamento positivo para alterar a realidade. Essa ideia – de que o trabalho mental de “crer” e “desejar” gera uma força que age no mundo – é antiga, encontra-se na base do pensamento mágico, e está errada. — Page: 593 ^ref-46925
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O pensamento supersticioso costuma ser definido como a crença de que eventos que não guardam nenhuma relação entre si estariam unidos por elos de causa e efeito: — Page: 605 ^ref-57595
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Essas relações simbólicas, de aparência e semelhança, dão margem às chamadas magia simpática (coisas que “têm afinidade” afetam uma à outra, como na ideia de que o planeta Marte, que tem o nome do deus da guerra, estimula a violência); — Page: 612 ^ref-41128
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A implicação sendo a de que, mudando pensamentos, muda-se a realidade física: uma validação venerável, milenar e com ares filosóficos, do princípio supersticioso do pensamento mágico: a ideia de que pensar faz acontecer. — Page: 635 ^ref-64185
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Na versão caricatural que poderíamos chamar de Quântica da Prosperidade, isso se traduz na ideia de que a realidade só existe quando alguém olha para ela, e que quem olha tem autonomia para decidir o que essa tal de realidade vai ser. Assim, seus problemas não são reais, a menos que você insista em pensar neles. — Page: 680 ^ref-57494
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Energia emocional e a “energia” que aparece nas equações da Física Quântica, e que é um constituinte básico da realidade material à nossa volta, não são a mesma coisa, embora compartilhem o nome e um certo parentesco metafórico. — Page: 726 ^ref-15521
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Mas, além de ser interessante, esse fenômeno da “quântica popular” também é um problema, porque, assim como no caso do “corpo etéreo”, dos gurus venusianos e da gravidade de Atkinson, o que está em andamento é uma tentativa de recrutar o jargão das ciências para fazer com que crenças infundadas ou supersticiosas soem razoáveis ou, mesmo, verdadeiras e incontroversas. — Page: 752 ^ref-57513
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Também somos alvo da tentação constante de confundir relações simbólicas, cuja realidade se restringe ao universo mental de culturas específicas, com relações dotadas de realidade física, objetiva, como a que existe entre massa e gravidade. — Page: 890 ^ref-27449
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O argumento mais recorrente de muitas pseudociências da área de saúde é de que elas são complementares, não alternativas, ao sistema de base científica, e por isso permitem integrar “o melhor dos dois mundos”. — Page: 913 ^ref-22866
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“Episteme”: “O que é para uma ciência ser ciência”; “a totalidade das relações que podem ser descobertas, para um dado período, entre as ciências, quando analisadas ao nível das regularidades discursivas”. — Page: 929 ^ref-23299
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“Paradigma”: “O conjunto de compromissos compartilhados de uma comunidade científica”; “o que os membros de uma comunidade científica, e só eles, compartilham”. — Page: 931 ^ref-6959
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mas assim como a Odisseia não prova que os deuses do Olimpo existem, uma história bem contada não é necessariamente uma história real. — Page: 950 ^ref-19843
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Pensamento mágico pode levar pessoas em situações de vulnerabilidade e desespero a tomarem decisões perigosas e irreversíveis. Pessoas morrem, adoecem, perdem as economias de uma vida, desfazem amizades e rompem relações familiares por acreditar em bobagens. Pessoas são rotineiramente enganadas por charlatões, em um mercado perverso altamente especializado em vender bobagens. — Page: 969 ^ref-63755
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